Nesta semana, após longa espera
de seus aliados e partidários, Hillary Clinton decidiu afinal por pedir
desculpas com relação à questão do servidor
de e-mail particular.
Por haver subestimado a capacidade deste ‘issue’ de
envenenar a sua campanha, Hillary optara
a princípio por referências en passant
à questão como se ela não merecesse maior atenção.
Há algum tempo gritava aos céus que a
sua postura estava errada. Agindo como
se fora algo suscetível de afastar com um toque humorístico, ela cometia sério erro
de avaliação, permitindo aos seus adversários que ele fosse hipertrofiado.
Em entrevista a David Muir, no
noticiário da cadeia de tevê ABC, ela reconheceu o erro de avaliação. Assim com
respeito ao seu emprego do servido de e-mail particular, enquanto no cargo de
Secretária de Estado, Hillary o definiu como ‘um erro’, e acrescentando
palavras há muito esperadas por muitos de seus aliados: ‘Lamento o que aconteceu,
e assumo a responsabilidade. E estou procurando ser tão transparente quanto
possível.’
Quando o entrevistador Muir lhe
perguntou sobre palavras utilizadas por eleitores consultados a seu respeito
para descrevê-la como ‘mentirosa’ e ‘inconfiável’, a sra. Clinton reconheceu
que ainda tem trabalho pela frente. ‘Obviamente não gosto de ouvir tais
qualificações. Estou confiante, no entanto, que pelo fim da campanha as pessoas
saberão que podem confiar em mim, e que estou ao lado deles e que eu me
empenharei por eles e suas famílias. Agora penso que poderia e deveria ter
feito um melhor trabalho respondendo antes a
essas perguntas. Talvez eu não tenha avaliado corretamente a necessidade
de fazê-lo.’
Perguntada se ela por vezes teve dúvidas
quanto à sua decisão de concorrer uma vez mais pela Casa Branca, emocionada, a
Sra.Clinton reprimiu o choro, reconhecendo que ela o experimentara, antes de se
recordar as admoestações da mãe de que ‘lutasse pelo que V. acredita, não
importa quão difícil seja’.
Ainda a propósito da mãe, que morreu em
2011, ela acrescentou: ‘Penso muito nela. Sinto muita falta dela. Desejo muito
que ela estivesse aqui comigo.’ Nesse contexto, Hillary acrescentou: ‘Eu não
quero só lutar por mim. Quero dizer, eu poderia ter uma ótima vida não sendo
presidente. Quero lutar por toda a gente como minha mãe que precisam de alguém
do seu lado. E eles precisam de líder que se importe, uma vez mais, a respeito
deles. E é isso que estou tentando fazer.’
Segundo instâncias do partido Democrata
estabeleceram, a questão do emprego do servidor particular de e-mail estava
abafando tudo o mais que a Sra. Clinton desejava comunicar ao público
americano. Essa resistência de referir-se à questão como um ‘erro’, trazia de volta a sua relutância em reconhecer o erro ao votar a favor do
plano de George Bush de invadir o Iraque. Naquela época, ela preferiu não mudar
a própria opinião, o que só ocorreu com
o seu livro de memórias, publicado em 2014, quando escreveu que ‘cometera um
erro’ no que tange à invasão do Iraque.
Mas nessa época o seu rival Barack
Obama já tinha sido eleito e reeleito...
Por fim, tangida pelas circunstâncias,
Hillary resolveu admitir o próprio erro de avaliação (ela preferiu utilizar o servidor
privado de e-mail do State Department por
uma questão de comodidade).
Mas ela decerto subestimou a
capacidade que tem a política americana de magnificar a importância de certos
empregos não-convencionais. E o que mais contribui para envenenar um tópico é,
por vezes, a negativa continuada...
O futuro mostrará se a admissão de
erro pela candidata será o bastante para afastar a questão ...
( Fonte: The New York Times )
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