Parece suplício chinês, porque a
coisa vai aos poucos. E como nem o Povão, nem o outrora arrogante poder do
Estado do PT, se acaso sabem onde acaba a geral decadência, ainda ignoram os
particulares de sua despedida do mando, enquanto continua e se reforça o
esfarinhamento das bases, que sinaliza para a gente do ramo a iminência da derrocada terminal.
Se já passou tanto
o tempo da húbris, quanto o da
eternização na sala de comando, se adentra agora a terra dos finalmente, em que as traições não só se
amiudam, senão se amontoam, e a coragem dos antigos servos e satélites aumenta
a olhos vistos.
A herança maldita de Lula vai-se
desvelando ainda com certo vagar, mas o antigo quebra-cabeça não mais
impressiona, tal o número de falsos mistérios que vão ficando pelo caminho.
A inocência de
chapéuzinho vermelho, por exemplo. O que semelhava improvável - que a moça da
algibeira tudo ignorasse quanto às tramóias - se vai abrindo com a monotonia
daqueles brinquedos russos que se vão desdobrando sempre iguais, só que
menores.
E as
estorinhas de ninar que a sucessora de nada sabia - apesar da sua longa chefia
do Conselho de Administração da Petrobrás - vão aos poucos se desfazendo, de
resto como o Dilma II, que mais parece um morto-vivo, eis que continua a
caminhar com passadas rápidas e resolutas, enquanto se aproxima, com a
segurança de um lemingue, do penhasco
terminal.
Dilma repete a
grosseria de Lula que demitiu Cristovam Buarque da Educação pelo telefone. Agora,
ela se desvencilha, da mesma forma, de Chioro na Saúde, para abrir vaga para um
agente do PMDB.
Em fim de
governo, como dizia Araujo Castro, nem o garçom do cafezinho aparece. Imaginem
em se tratando de fim de regime.
Agora, sem
querer agradar os vultos petistas, confunde-se e erra quem pensa que se trata
de uma rendição da guarda. É bom avisar a turma, até mesmo aquele da CUT que
vestiu com solenidade o boné de inspiração chavista, que adentramos nos tempos
interessantes, aqueles da praga chinesa, em que vaca não conhece bezerro, e os
grandes chefes do passado imediato só podem pleitear entrar para a turma da
Geni.
Os erros foram muitos e nessa hora de
cobranças, se é grande a fila dos descontentes, será ainda maior o número dos
antigos partidários, agora enraivecidos pela exposição do rastilho da
corrupção, que nessa hora avança sem o medo de antes, somado à raiva do engano,
do ludibrio, da trapaça e do faz-de-conta, de um regime que se dizia amigo do
povo, e que não passava de amigo dos endinheirados, para os quais, no fim de
contas, foi até servil, como se
depreendia nas lições aprendidas por quem se julgava chefe, e na verdade, por
aceitar o dinheiro sujo da propina, se transformara em um pau-mandado de luxo.
Assistimos a um
festival de mau-gosto da corrupção em nosso país. Tenhamos presente que não mais se deve tentar ressuscitar um paciente que desconhece
o fato de estar morto. Mas tampouco não devemos esquecer que se estamos dando
um pontapé nos traseiros de um grupo de corruptos, por isso não é o caso de
abrir as portas do governo para quem vive
de corrupção, como o afirmou não faz muito Jarbas Vasconcellos, um expoente
desse grande partido, cujo ilustre fundador, Ulysses Guimarães, não é mais reconhecível
nos integrantes dessa mesma direção partidária, que, de resto, a seu tempo, não
ousara sequer contestar, pela imprensa ou fora dela, ao alegado dissidente.
( Fontes: O Globo, Folha de S. Paulo, VEJA )
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