Jorginho não hesitou em pedir desculpas à torcida. Está envergonhado.
Pois não devia estar. O time – ou melhor dizendo – o combinado vascaíno, não se
sabe se está também envergonhado, mas, dada a sua qualidade técnica, e a série
de resultados negativos, perdendo sempre, em casa ou fora dela, a rigor não
devia estar. E por quê?
Pela
simples razão que foram ‘selecionados’ ou mantidos em equipe sabidamente
fraca. Já vai longe o tempo em que o
Vasco foi sério concorrente para arrebatar o título do Brasileirão. Tinha
equipe digna do próprio nome, e provavelmente teria ganho o campeonato, não
fora as pontuais ‘ajudas’ recebidas
pela Corinthians. A turma de S. Paulo não dorme de touca e cuidaram de ir
tirando pontinhos aqui e ali do C.R.V.G.
A tudo, o grande capitão de
então, que atende pelo nome e apelido de Roberto Dinamite, assistiu impávido,
sem uma reação sequer. Ao final, encenou embaraçante cerimônia do prêmio ao Campeão Moral. Ora, o leitor sabe assim
como quem escreve, que essa estória de campeão moral é um magro, ridículo
consolo, para quem foi defraudado do título pra valer.
Repito
a história para que não nos esqueçamos. Foi comovente o apoio prestado pela CBD, como sempre controlada por São
Paulo, para o time do Corinthians,
esse que rivaliza com o Flamengo em termos de maior torcida. O dito apoio foi
pontual e distribuído em pequenas prestações semanais durante o campeonato.
Para que o CRVG não se acercasse perigosamente do time paulista, a ajuda
prestada procurou ser discreta e módica, dentro do escopo de manter a vantagem
do Corinthians sobre o time da colina de São Januário. Ali, foi um juiz cuja
barriga o impedia de acompanhar o jogo, a ponto de não ver um pênalty a favor
do Vasco, no estádio do Internacional, e ter a petulância de aplicar cartão
amarelo por simulação contra o atacante vascaino... Mas não ficou só nisso,
não: contra o Figueirense, o árbitro anulou dois gols legítimos do CRVG,
produzindo um empate e a perda de mais um ponto. Foram muitas as colaborações
da CBD, e prolongado o apático silêncio do Dinamite. Por vezes, até a prestada
assistência não funcionou, porque a equipe cruz-maltina logrou ser superior à
má-fé, quando na Bahia, o senhor árbitro estendeu a partida por estranhos
minutos, mas coitado deu azar, porque quem fez mais um gol foi o Vasco...
Essa
história, se não é tão antiga – ao mostrar o bizarro auxílio prestado pelas
instâncias paulistas – ela serve, pelo menos, para mostrar a inação da
presidência do Vasco diante de situação desfavorável (para usar adjetivos
diplomáticos). A primeira, urdida pela má-fé, só teve êxito (ao impedir o CRVG
de ser o campeão nacional) pela inação (devida à timidez ou respeitoso temor?)
da então direção vascaína.
A
perda – ou melhor – a injusta defraudação de um título não é coisa de somenos,
porque além de castigar o real vencedor, cria ulteriores condições para enfraquecê-lo
no futuro (como de fato ocorreu).
Foi
com a esperança na fisionomia que grupo de notáveis vascaínos – incluído o Prefeito
Eduardo Paes – saudou a posse do Sr.
Eurico Miranda, que na sua presidência anterior – que lhe deu uma deputação
federal nos ombros da torcida – conquistara lauréis para o CRVG, inclusive o
campeonato nacional.
Se
Eurico Miranda é decerto figura polêmica no Vasco, sem embargo a sua ainda
grande torcida esperava que a má fase passasse junto com a penosa lembrança da
série B (e olha que fomos até campeões dela!).
Foi
por isso que a massa vascaína compreendeu a dificuldade de recolocar o CRVG nas
alturas que tinham sido o seu posto habitual no futebol brasileiro, com os
títulos nacionais conquistados, os campeonatos invictos, e por aí afora. Foi um
choque que a administração de Eurico tenha procurado imitar a anterior, a começar por nada fazer no que
respeita ao plantel.
Por
duas vezes, contudo, o Vasco se tornaria concorrente sério para o campeonato
carioca. Da primeira vez, foi defraudado da vitória por gol ilegal do Flamengo
(não sou eu quem o diz, mas o próprio goleiro rubro-negro que não se pejou em
afirmar que ‘ganhar com gol roubado é mais gostoso’), mas na segunda vez, o CRVG conseguiu arrebatar o título, e
logo em cima do rival histórico (o que irrita muito os cronistas imparciais) !
Entretanto, se algo serve para sinalizar a
decadência do Rio de Janeiro em termos de futebol, foi a conquista desse
campeonato pelo CRVG. Pois não é que o campeão carioca se tornou o lanterna (e
põe lanterna nisso !) no Campeonato brasileiro. Ele só consegue ganhar de
Flamengo e Fluminense, e perde de todos os demais, inclusive os mais fracos
como Goiás e um vastíssimo etcoetera...
Infelizmente, porém, a
situação do Vasco nada tem de jocoso. Depois de tentar mascarar a fraqueza do team – o jogador Dagoberto foi censurado
porque apontou para a debilidade técnica da equipe! - é de pensar-se que a fase da negação já deveria
ter sido superada.
Entretanto, Eurico Miranda continua a fingir que a situação não é tão
séria assim. A despeito do plantel – só substitutos medíocres são considerados
(até um goleador da série C!) – o presidente do Vasco apenas responsabiliza os
técnicos (já demitiu dois!). Ora, grita
aos céus que o problema está no plantel, que pode ser esforçado mas é de
categoria futebolística paupérrima. Como disse, a situação é tal, que nem
arranjando o técnico do Barcelona o Vasco melhoraria, pois o problema está nos
jogadores – que são em geral, com pouquíssimas exceções, muito limitados.
Não
querer ver isto é deixar que as coisas
tornem a Segundona inevitável (como já parece estar), a menos de reação heróica que o torcedor, sendo
torcedor, continuará esperando.
Além
de não fazer gols, o Vasco acumula goleadas, como este vergonhoso seis a zero
aplicado pelo Internacional.
Se foi para isto que o Senhor voltou...
Embora a tarde já esteja caindo, ainda haveria tempo para alguma reação séria e
para valer se deixar de bancar o avestruz e negar-se a encarar a realidade.
O Senhor com todo esse prestígio exibido na posse ainda lhe restará algum para
procurar colocar gente nesse time que lhe dê espinha, vontade e alguma técnica
para superar esse magno desafio de mais uma vexatória Segundona pela frente!
E o senhor não deve se esquecer da máxima da
terrinha: Quem não tem competência, não se estabelece !
( Fontes subsidiárias: O Globo, Rede Globo )
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