quinta-feira, 3 de setembro de 2015

O enigma CRVG vai devorar Eurico ?

                               
                        
                Jorginho não hesitou em pedir desculpas à torcida. Está envergonhado. Pois não devia estar. O time – ou melhor dizendo – o combinado vascaíno, não se sabe se está também envergonhado, mas, dada a sua qualidade técnica, e a série de resultados negativos, perdendo sempre, em casa ou fora dela, a rigor não devia estar. E por quê?

                Pela simples razão que foram ‘selecionados’ ou mantidos em equipe sabidamente fraca.  Já vai longe o tempo em que o Vasco foi sério concorrente para arrebatar o título do Brasileirão. Tinha equipe digna do próprio nome, e provavelmente teria ganho o campeonato, não fora as pontuais ‘ajudas’ recebidas pela Corinthians. A turma de S. Paulo não dorme de touca e cuidaram de ir tirando pontinhos aqui e ali do C.R.V.G.  A tudo, o grande capitão de então, que atende pelo nome e apelido de Roberto Dinamite, assistiu impávido, sem uma reação sequer. Ao final, encenou embaraçante cerimônia do prêmio ao Campeão Moral. Ora, o leitor sabe assim como quem escreve, que essa estória de campeão moral é um magro, ridículo consolo, para quem foi defraudado do título pra valer.

                Repito a história para que não nos esqueçamos. Foi comovente o apoio prestado pela CBD, como sempre controlada por São Paulo, para o time do Corinthians, esse que rivaliza com o Flamengo em termos de maior torcida. O dito apoio foi pontual e distribuído em pequenas prestações semanais durante o campeonato. Para que o CRVG não se acercasse perigosamente do time paulista, a ajuda prestada procurou ser discreta e módica, dentro do escopo de manter a vantagem do Corinthians sobre o time da colina de São Januário. Ali, foi um juiz cuja barriga o impedia de acompanhar o jogo, a ponto de não ver um pênalty a favor do Vasco, no estádio do Internacional, e ter a petulância de aplicar cartão amarelo por simulação contra o atacante vascaino... Mas não ficou só nisso, não: contra o Figueirense, o árbitro anulou dois gols legítimos do CRVG, produzindo um empate e a perda de mais um ponto. Foram muitas as colaborações da CBD, e prolongado o apático silêncio do Dinamite. Por vezes, até a prestada assistência não funcionou, porque a equipe cruz-maltina logrou ser superior à má-fé, quando na Bahia, o senhor árbitro estendeu a partida por estranhos minutos, mas coitado deu azar, porque quem fez mais um gol foi o Vasco...

                 Essa história, se não é tão antiga – ao mostrar o bizarro auxílio prestado pelas instâncias paulistas – ela serve, pelo menos, para mostrar a inação da presidência do Vasco diante de situação desfavorável (para usar adjetivos diplomáticos). A primeira, urdida pela má-fé, só teve êxito (ao impedir o CRVG de ser o campeão nacional) pela inação (devida à timidez ou respeitoso temor?) da então direção vascaína.

                  A perda – ou melhor – a injusta defraudação de um título não é coisa de somenos, porque além de castigar o real vencedor, cria ulteriores condições para enfraquecê-lo no futuro (como de fato ocorreu).

                   Foi com a esperança na fisionomia que grupo de notáveis vascaínos – incluído o Prefeito Eduardo Paes – saudou a posse do Sr. Eurico Miranda, que na sua presidência anterior – que lhe deu uma deputação federal nos ombros da torcida – conquistara lauréis para o CRVG, inclusive o campeonato nacional.

                    Se Eurico Miranda é decerto figura polêmica no Vasco, sem embargo a sua ainda grande torcida esperava que a má fase passasse junto com a penosa lembrança da série B (e olha que fomos até campeões dela!).      

                  Foi por isso que a massa vascaína compreendeu a dificuldade de recolocar o CRVG nas alturas que tinham sido o seu posto habitual no futebol brasileiro, com os títulos nacionais conquistados, os campeonatos invictos, e por aí afora.  Foi um choque que a administração de Eurico tenha procurado imitar  a anterior, a começar por nada fazer no que respeita ao plantel.

                Por duas vezes, contudo, o Vasco se tornaria concorrente sério para o campeonato carioca. Da primeira vez, foi defraudado da vitória por gol ilegal do Flamengo (não sou eu quem o diz, mas o próprio goleiro rubro-negro que não se pejou em afirmar queganhar com gol roubado é mais gostoso’), mas na segunda vez, o CRVG conseguiu arrebatar o título, e logo em cima do rival histórico (o que  irrita muito os cronistas imparciais) !

                Entretanto, se algo serve para sinalizar a decadência do Rio de Janeiro em termos de futebol, foi a conquista desse campeonato pelo CRVG.  Pois não é que o campeão carioca se tornou o lanterna (e põe lanterna nisso !) no Campeonato brasileiro. Ele só consegue ganhar de Flamengo e Fluminense, e perde de todos os demais, inclusive os mais fracos como Goiás  e um vastíssimo etcoetera...

                Infelizmente, porém, a situação do Vasco nada tem de jocoso. Depois de tentar mascarar a fraqueza do team – o jogador Dagoberto foi censurado porque apontou para a debilidade técnica da equipe!  -  é de pensar-se que a fase da negação já deveria ter sido superada.

                 Entretanto, Eurico Miranda continua a fingir que a situação não é tão séria assim. A despeito do plantel – só substitutos medíocres são considerados (até um goleador da série C!) – o presidente do Vasco apenas responsabiliza os técnicos (já demitiu dois!). Ora, grita aos céus que o problema está no plantel, que pode ser esforçado mas é de categoria futebolística paupérrima. Como disse, a situação é tal, que nem arranjando o técnico do Barcelona o Vasco melhoraria, pois o problema está nos jogadores – que são em geral, com pouquíssimas exceções, muito limitados.

                 Não querer ver isto é deixar que as coisas  tornem a Segundona inevitável (como já parece estar), a menos de  reação heróica que o torcedor, sendo torcedor, continuará esperando.

                 Além de não fazer gols, o Vasco acumula goleadas, como este vergonhoso seis a zero aplicado pelo Internacional.

                  Se foi para isto que o Senhor voltou... Embora a tarde já esteja caindo, ainda haveria tempo para alguma reação séria e para valer se deixar de bancar o avestruz e negar-se a encarar a realidade. O Senhor com todo esse prestígio exibido na posse ainda lhe restará algum para procurar colocar gente nesse time que lhe dê espinha, vontade e alguma técnica para superar esse magno desafio de mais uma vexatória Segundona pela frente!

                 E o senhor não deve se esquecer da máxima da terrinha: Quem não tem competência, não se estabelece !      
 
( Fontes subsidiárias:  O Globo, Rede Globo  )

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