Financial Times: nossa economia ‘está
uma bagunça’
Um jornal que se pretende sério deveria ter
mais cuidado com as respectivas qualificações. O FT mistura às vezes notícias tendenciosas com outras alarmistas e sem base
na realidade. Talvez se possa até concordar, em termos, que ‘a economia do
Brasil está uma bagunça’, mas daí a afirmar que o país vive ‘a pior recessão
desde a Grande Depressão’ e que a possível saída de Dilma Rousseff ‘só
resultaria num político medíocre (sendo) substituído por outro’...
Adotando o
pessimismo como regra, o jornal britânico assevera que o sistema político
brasileiro “é notadamente podre” e agora “não está funcionando”.
Na mesma linha,
o FT divisa no horizonte outro sério
risco: ‘Se outra agência de rating seguir a Standard
& Poor’s, muitos investidores estrangeiros terão de vender suas
aplicações no Brasil, tornando as coisas piores.’
Talvez o
amargor do FT tenha um pouco a ver com a
circunstância de que, em passado relativamente recente, o Brasil passou à frente do Reino
Unido. Mais tarde, este recuperou sua antiga posição no ranking (voltando ao
sexto lugar)...
Noticia o Globo de hoje que o Ministro Teori Zavascki, relator da
Operação Lava-Jato no Supremo, deixou de analisar relatório sobre suposto
repasse de dinheiro da Consist Software para pagamento das
despesas da senadora Gleisi Hoffman
(PT-PR) e de seu marido, o ex-Ministro
do Planejamento, Paulo Bernardo.
O Ministro Zavascki considerou que a
acusação não tem relação direta com as fraudes na Petrobrás e que, por
conseguinte, ele não seria o juiz natural do caso.
Por óbvias razões
este despacho do Ministro deixou preocupados os investigadores que atuam na operação Lava-Jato em Curitiba.
A centralização
das questões levantadas pela Lava-Jato tem dado fôlego a uma atuação firme e
coerente de parte do Juiz Sérgio Moro, da 13ª Vara Federal de Curitiba. É por
isso que esta questão se afigura crucial quanto a definir se a Lava-Jato terá
ou nâo fôlego para avançar sobre outras áreas, além da Petrobrás.
Dessarte,
depois de devastar o esquema de corrupção na maior estatal do país, a
força-tarefa da Lava-Jato em Curitiba passou a investigar irregularidades na
Caixa Econômica Federal e nos ministérios do Planejamento e da Saúde. Outras áreas da administração pública também
já entraram no radar.
Assim se
exprimiu um dos investigadores: “É como
espalhar as peças de um quebra-cabeça. Uma peça fora do jogo perde força, às
vezes, perde até sentido.”
Se a corrupção
do Petrolão tem atuado de forma sincrônica e integrada, faz sentido acaso que
os juízes do Supremo se atenham a firulas processuais, e repassem as questões cobertas pela Lava-Jato, a outros
ministros que não aquele encarregado,
enquanto relator, da Operação Lava-Jato ?
Divergências entre Nelson Barbosa e Joaquim Levy
Há pouco
histórico de divergências no passado entre ministros da Fazenda e do
Planejamento. Isto faz muito sentido,
pois ambos são os principais corcéis que puxam o carro da economia, e seria
desarrazoado que estivessem em desacordo. Que o retrospecto dessa relação
enfatize justamente o entendimento não o será por acaso. Assinale-se no
capítulo, por oportuno, que Nelson Barbosa estava integrado na equipe de Guido
Mantega, de quem não costumava discordar durante o longo estágio desse último na Fazenda.
Agora,
sobretudo depois que levou o puxão de orelhas de Dilma sobre o cálculo dos reajustes
do salário mínimo, Nelson Barbosa virou opositor regular de Joaquim Levy. Em
uma equipe econômica integrada por Dilma Rousseff (que está em todas) e por seu
íntimo auxiliar Aloizio Mercadante (que por decreto passou a entender também de
economia, embora deva mais cuidar (?) de assuntos políticos), não é difícil de
entender que conquanto tenha um peso muito maior na matéria, Joaquim Levy é
regularmente voto vencido por essa trinca (Dilma, Barbosa e Mercadante) nas questões
econômico-financeiras. E salta aos olhos
que a maior integração entre Fazenda e Planejamento não desagradaria à Nação.
Nesse
capítulo, apesar de ser torcedor de uma boa equipe (mas em má situação na
colocação do Brasileirão), Barbosa se pronuncia sempre pela flexibilidade nos
cortes, ímemore da precária situação nas finanças públicas. Embora o próprio
Congresso recomende a necessidade de convergência nas propostas de solução
apresentadas por Levy e Barbosa, a dissonância é de regra, e tal se deve à
circunstância de que o Ministro do Planejamento está respaldado por Dilma e sua
turminha.
( Fontes:
O Globo, Folha de S. Paulo )
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