A grande e pesada responsabilidade
de colocar Dilma Rousseff na presidência da república, pessoa objetivamente incapaz
para o cargo, cabe exclusivamente a Luiz Inácio Lula da Silva que, por julgar
tal gesto fosse de interesse próprio, de forma irresponsável ignorou
personalidades petistas que, mesmo descontados os eventuais defeitos, teriam
muito mais condições de exercer o mais alto cargo da República.
Por interesse
próprio e pensando que a indicação lhe seria proveitosa a seu tempo, o
presidente Lula ignorou advertências de figurões petistas – como assinalou em
sua respeitada coluna de O Globo Ricardo
Noblat - e foi em frente com a
sua pouco responsável iniciativa. Para tanto, ela foi apresentada como se a
circunstância de ser Chefe de Gabinete implicasse numa ascendência sobre o
ministério, com a capacidade de chefe de governo (como ao deixar o Planalto
José Dirceu, sob o fantasma do Mensalão, mencionaria).
Lula cometeu o
seu primeiro poste, como depois não
teria o pejo de gabar-se, para não colocar no governo quem pudesse lhe fazer
sombra e dificultar-lhe a volta. A ironia da história está em que mesmo uma
presidenta que trouxe a inflação de volta e a bagunça nas contas do Estado,
teria condições de barrar-lhe o caminho, pois ela achou que poderia
reeleger-se, como efetivamente ocorreu.
Não tenho
dúvidas de que Marina Silva a teria derrotado. Mas tudo foi feito – e não faltaram
mentiras – para afastá-la do segundo
turno, ficando um adversário mais fraco, a quem venceu por cerca de 3% dos
sufrágios.
Politica e
sociologicamente falando, é interessante como Lula se referia aos candidatos
por ele eleitos. Designou como postes tanto a Dilma, quanto a Fernando Haddad,
e terá tido, além do menosprezo do eleitorado, outras razões políticas.
Talvez seja eu
um dos poucos a bater na tecla da responsabilidade de Lula. Ele só indica a
quem lhe consulta os interesses, e tem por tais candidatos o respeito que o
substantivo poste indica.
Como já disse, a coisa funciona como se ele
fora um super-coronel nordestino determinando às hordas obedientes que votem em
quem ele manda. E tal se deve não à bolsa-família
(que é um sucedâneo dessa situação), mas à implícita e acabrunhante submissão das
massas à ordem do chefe, em quem confiam cegamente (até o eventual surgimento
de valor mais alto em termos clientelísticos).
Que ainda se
faça confiança a Dilma em termos de compromissos e promessas, é problema de
quem nela acredita. Miriam Leitão mostra – se necessário fora – em que importou
a obra da Rousseff no primeiro mandato e também no segundo. A Lei da
Responsabilidade Fiscal já capenga, e tal não surpreende, porque na sua ânsia
de derribar ou demolir a obra anterior – de que participou até Lula da Silva –
ela foi até a abóbada, com o ataque à Lei da Responsabilidade Fiscal.
O pior de
certos governantes não é a circunstância de que nada façam, mas sim, como no
seu figurino, guiada pela falta de critérios ou querendo ressuscitar um
estúpido desenvolvimentismo, ela se empenha em desmantelar o que de pé
encontra.
Por isso, as
suas promessas não têm valor. Joaquim
Levy pode arrancar-lhe isto ou aquilo, mas tenha presente que ela logo tratará
de desfazer o que prometeu. Ninguém jamais chegou por segunda vez à presidência
em condições tão precárias. Depois do Mensalão, veio o Petrolão. Como ele está
tocado com responsabilidade, seu avanço
é lento, quiçá demasiado lento para livrar-nos dos avantesmas que o seu
desgoverno nos trouxe .
Como estamos em democracia – e é bem que assim
seja – o avanço é necessariamente lento, enquanto se dá condições, mesmo não
querendo, que o desgoverno permaneça.
Compreende-se
então a angústia dos que contribuíram para o que está ainda por vir. E mais
ainda perderá o sono quem – sabe-se lá por que – se reputa mais responsável do
que os outros.
Um a um, no
entanto, eles irão caindo. Ontem, ou trás ant’ontem,
Michel Temer falou o óbvio. A soberana, com toda a sua pompa e magnificência,
não é que está nua?
Às vezes, como
no episódio lendário, uma criança, na respectiva inocência, dirá alto o que a
corte e a gente miúda cala.
Mas dadas as
circunstâncias, os papéis podem ser intercambiáveis, e a verdade sempre
aparece.
E que venha
logo, minha gente, antes que as agências de risco – e similares –depenem a nós
todos, mesmo àqueles que não elegeram postes, nem receberam pixilecos.
( Fontes: Ricardo Noblat, O Globo, Folha de S.
Paulo, Rede Globo )
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