domingo, 27 de setembro de 2015

A Última Casa da Lava-Jato


 

         Na verdade, parece que o fatiamento da Lava-Jato pode até poupar o Juiz Sérgio Moro de trabalho periférico quanto à corrupção da era petista.

              Porque o status do ex-presidente Lula  pode evoluir muito mais rapidamente do que antecipado para o de investigado e não mais de testemunha.

          

               Merval Pereira na sua coluna hodierna levanta tópicos importantes na questão da oitiva do ex-presidente Lula pela Polícia Federal.  Primo, se o ex-presidente não goza da prerrogativa de juízo, qual a razão do delegado da P.F. ter solicitado autorização ao STF para inquiri-lo?    

  

              Secondo, qual a base jurídica, se pergunta o colunista, da preocupação do Procurador-Geral Rodrigo Janot em demarcar o status jurídico  de Lula no inquérito como testemunha, afirmando não haver indícios contra ele. Com efeito, à luz da Lei Orgânica do MPU, o Procurador-Geral não tem atribuições para se imiscuir  na condução de inquérito policial  no que toca às pessoas que não gozam daquela prerrogativa.     

 

             Terzo,  o PGR só tem atribuições para atuar no STF (art.46) e no STJ (art.48, à parte  suas funções junto ao TSE. Ora, nenhum desses dispositivos legais o autoriza a se imiscuir nos feitos em trâmite na primeira instância, de atribuição, tão somente, dos procuradores da República (art. 70, caput).

 

             De acordo com o colunista de O Globo, segundo especialistas por ele consultados,o Procurador-Geral extrapolou suas funções, usurpando (sic) as atribuições dos procuradores da República e da Polícia Federal. Não cabe ao Ministro Teori Zavascki decidir sobre condução de inquérito policial no que tange aos que não têm prerrogativa de juízo.

 

            Seria a possibilidade da prisão preventiva de Lula a razão dos temores de Rodrigo Janot.

 

            Para determinar essa mudança objetiva de status – de testemunha a investigado – há dois fatos já no ar: a delação premiada de Ricardo Pessoa, já enviada pelo Supremo para a força-tarefa da Lava-Jato, no que tange ao caso dos acusados sem foro privilegiado, que é justamente o do ex-presidente Lula. A outra delação, revelada pela VEJA que está nas bancas, é o ex-deputado Pedro Corrêa, do PP, que já teria dito aos procuradores de Curitiba que tratou diretamente com Lula da nomeação do diretor Paulo Roberto Costa com a função específica de levantar dinheiro para seu partido.

 

           Corrêa não ficou só nisso. Com Dilma Rousseff, enquanto Ministra-chefe da Casa Civil, ele tratou de assuntos relativos ao Petrolão, e após eleita presidente, participou de negociação entre grupos do PP para acalmar divergências sobre a divisão do dinheiro entre os membros do partido. Daí, a frase de Dilma – ‘herança maldita que recebera de Lula’.        

 

           Se tais informações procedem, duas conclusões tentativas poderiam ser trazidas à lume: (1) não falta muito para que as elaboradas manobras de Lula da Silva venham a cair como um castelo de cartas; e (2) tampouco hão de faltar motivos pesados para jogar na balança de Dilma o que seria o fim da encenação de que a Presidenta – nas suas várias vestes, a começar por Chefa de Gabinete – ignorava tudo a respeito do Petrolão.

 

            Ao cabo de ótimo trabalho da Lava-Jato, os promotores do impeachment cáem na hipótese oposta, l’embarras du choix ! Vale dizer, o embaraço da escolha do motivo a utilizar, agora que as máscaras são arrancadas pelo excelente trabalho da P.F. e do M.P.

 

 

( Fontes: O Globo, coluna de Merval Pereira;  VEJA )   

Nenhum comentário: