Há um país em
que tal figura não existe. Com efeito, a pessoa menos enfronhada, em vão, há de
procurar pela presença de um vice-presidente, vice-governador ou vice-prefeito
nos Estados Unidos Mexicanos. Juridica e constitucionalmente, ele inexiste ou
se se prefere, desencarnou.
Tal se deve a
um acontecimento histórico. Depois da longa presidência de Porfirio Diaz,
assumiu o poder um homem honesto, Francisco I. Madero[1],
eleito em 1910. Em 1913, Madero seria assassinado à socapa quando era
transferido para prisão militar por ordem do Vice-presidente e comandante das
forças oficiais, General Victoriano Huerta.
Traumatizada
pelo assassínio de um homem integro, a revolta popular evoluíu para o que se
tornaria a revolução mexicana. No ideário popular, passou a ser detestada a
figura do vice, símbolo do traidor (no caso do herói Madero). Essa rejeição
passou a ser regra imutável no México: não há vices naquele país.
Nas demais
repúblicas americanas, o vice é uma
figura em geral inconspícua, que não desperta maiores paixões, e tende em geral
a cuidar de funções cerimoniais. Nos Estados Unidos, por exemplo, o
vice-presidente encabeça o Senado no qual tem voto de Minerva. Na Constituição
brasileira de 1890 (aquela saída do golpe militar contra D.Pedro II), o vice
desempenhou as mesmas funções das exercidas pela Carta Magna dos Estados
Unidos, que é por certo a Constituição mais antiga ainda vigente (data do final
do século XVIII).
No Brasil,
dentro da estória dos Vice-presidentes, temos o episódio com João Café Filho,
um obscuro político, que fora eleito vice-presidente por indicação de Adhemar
de Barros na chapa do Presidente Getúlio Vargas, em 1950. Na crise terminal do Governo Vargas – a que
decorreu do assassínio do tenente da aeronáutica, Rubens Florentino Vaz - Café Filho
foi ao Catete para oferecer ao Presidente uma renúncia conjunta. Como se sabe,
o presidente Vargas não aceitou a proposta de Café Filho, tendo a sua
presidência a 24 de agosto de 1954, o final de todos conhecido.
Os tempos
mudaram.O que ameaça a Presidente Dilma Rousseff é a sua própria ineficiência e
a corrupção que grassa no Partido dos Trabalhadores. Ao invés de tanques e
soldados, ameaçam a presidência de Dilma sua gestão administrativa (pedaladas fiscais,
mas sobretudo a Lava-Jato, operação conduzida pela Polícia Federal e a
magistratura, na figura do Juiz Sérgio Moro, e que aos poucos vai desfolhando a
margarida nos crimes cometidos no Petrolão, como antes fora no Mensalão, com
Lula da Silva).
Nesse
contexto, surgem agora declarações do Vice-Presidente Michel Temer. Assinale-se
que já está meio-afastado da Presidente, pela circunstância de ter sido
encarregado por ela de contatos políticos, a que depois de algum tempo resolveu
abandonar por sentir-se desprestigiado e sem cobertura por Dilma Rousseff. Por
essa razão, passou a manter-se afastado de encargos presidenciais.
Agora em São
Paulo, em conversas com empresários que logo filtraram disse que será difícil a
presidente resistir até o fim do mandato
se mantiver a baixa popularidade atual.
Temer
afirmou ainda que nada poderá fazer se a aprovação ao governo não subir.
“ Ninguém
vai resistir três anos e meio com esse índice baixo. Se a economia melhorar,
acaba voltando a um índice razoável. Mas se ela continuar com 7%, 8% de
popularidade, de fato fica difícil, não dá para passar três anos e meio assim.”
No entanto,
sem embargo de tais declarações , Michel Temer declarou ainda que não moverá “uma
palha” para assumir o lugar de Dilma por
não ser oportunista.
A conferir.
Há comentários na imprensa, no entanto, que atribuem a Temer a intenção de
pautar-se pelo exemplo de Itamar Franco, que, tendo sido vice
de Fernando
Collor, assumiu o posto de presidente por força do impeachment de Collor.
( Fontes: O Globo, ‘Getúlio
1945-1954’ Lira Neto, Grande Enciclopédia Delta-Larousse).
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