Dilma Rousseff
escolheu a velha tribuna da Assembléia Geral das Nações Unidas para fazer a suposta confissão de que o velho modelo do
desenvolvimento através do consumo, que o seu governo adotara, chegou ao limite,
esgotou-se.
Em termos de
confissões, já vi melhores. Além de não ser o sítio adequado para esse tipo de
exposição – ex officio, a Assembléia Geral está interessada em temas de
política externa, que é, de resto, o terreno para que os respectivos
responsáveis pelos países membros aí acorrem - , esse truque de servir-se desse
pódio, dada a expectativa de sua maior divulgação pelos veículos respectivos da mídia nacional, para tratar de política
interna constitui meio canhestro de tentar uma atenção a que normalmente Dilma
Rousseff já não faz mais jus.
Por outro
lado, além de minguada comunicação com os seus pares – com os quais de resto
sempre teve dificuldade em entender-se, além dos intrínsecos óbices com que se
depara pela sua condição de figurante na cena internacional. Tenha-se presente
que a maior ou menor exposição de personalidade política no palco mundial, ou
se deve à projeção intrínseca do país, como v.g. os Estados Unidos – os
representantes deste último, em qualquer situação, fruirão da ribalta, mesmo
sendo parcos de qualidades cênicas – ou, então, a um dom de gentes, como era o caso de Lula, mas não o é da nada carismática Dilma.
Além disso, se
a simpática Dilma Rousseff dispusesse
de um ministério exterior conforme à secular tradição do Itamaraty, ela
poderia contar com Secretaria de Estado que estivesse à altura de seu nobre
e competente passado. No entanto – e nisso seguiu o opaco exemplo de Nosso Guia – preferiu cercar-se de apparatchicks partidários, como Marco
Aurélio Garcia, o nosso representante perante o neo-chavismo, que sóem
acompanhar-se dos ministros de turno, que em geral tem vida curta e tímida
influência.
Por alguma
insondável razão, a figurante internacional Dilma Rousseff resolveu
desprestigiar o velho Ministério das Relações Exteriores, a que nem os
militares haviam ousado contrariar em matérias do ofício. Explica-se talvez
pela circunstância de que pertencendo também a carreira de estado, a turma da farda
respeitava a competência do Itamaraty, e nunca lhe negou as necessárias verbas
(o que não é decerto o caso da mal-humorada Dilma).
Ao
desembestar no seu primeiro mandato em ativar políticas que rescendiam a
passado, como tentar controlar a inflação (por ela provocada) apenas na
retórica, no gênero (não permitirei que...),
as catastróficas dádivas das desonerações
fiscais (quatrocentos e cinquenta e oito bilhões de reais!), a consequente
investida contra o Plano Real e de cambulhada a responsabilidade fiscal jogada às
urtigas, e agora com a cara de pau dizer que o modelo está esgotado – tudo isso
somado, seria talvez a hora de colocá-la a um canto, e perguntar-lhe, no antigo
jeitão fronteira-gauchesco:
Aguentas una verdad ? Quem está
esgotada, por incompetente, é a senhora! E não isso de ir tão longe, e gastar
tanto do Erário, para afirmá-lo!
( Fontes; O
Globo, Folha de S.Paulo, Rede Globo )
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