terça-feira, 29 de setembro de 2015

' O Modelo Esgotou '


                            

        Dilma Rousseff escolheu a velha tribuna da Assembléia Geral das Nações    Unidas para fazer a suposta confissão de que o velho modelo do desenvolvimento através do consumo, que o seu governo adotara, chegou ao limite, esgotou-se.

        Em termos de confissões, já vi melhores. Além de não ser o sítio adequado para esse tipo de exposição – ex officio, a Assembléia  Geral está interessada em temas de política externa, que é, de resto, o terreno para que os respectivos responsáveis pelos países membros aí acorrem - , esse truque de servir-se desse pódio, dada a expectativa de sua maior divulgação pelos veículos respectivos  da mídia nacional, para tratar de política interna constitui meio canhestro de tentar uma atenção a que normalmente Dilma Rousseff já não faz mais jus.

        Por outro lado, além de minguada comunicação com os seus pares – com os quais de resto sempre teve dificuldade em entender-se, além dos intrínsecos óbices com que se depara pela sua condição de figurante na cena internacional. Tenha-se presente que a maior ou menor exposição de personalidade política no palco mundial, ou se deve à projeção intrínseca do país, como v.g. os Estados Unidos – os representantes deste último, em qualquer situação, fruirão da ribalta, mesmo sendo parcos de qualidades cênicas – ou, então, a um dom de gentes, como era o caso de Lula, mas não o é da nada carismática Dilma.

        Além disso, se a simpática Dilma Rousseff dispusesse de um ministério exterior conforme à secular tradição do Itamaraty, ela poderia contar com  Secretaria de Estado que estivesse à altura de seu nobre e competente passado. No entanto – e nisso seguiu o opaco exemplo de Nosso Guia – preferiu cercar-se de apparatchicks partidários, como Marco Aurélio Garcia, o nosso representante perante o neo-chavismo, que sóem acompanhar-se dos ministros de turno, que em geral tem vida curta e tímida influência.

          Por alguma insondável razão, a figurante internacional Dilma Rousseff resolveu desprestigiar o velho Ministério das Relações Exteriores, a que nem os militares haviam ousado contrariar em matérias do ofício. Explica-se talvez pela circunstância de que pertencendo também a carreira de estado, a turma da farda respeitava a competência do Itamaraty, e nunca lhe negou as necessárias verbas (o que não é decerto o caso da mal-humorada Dilma).

          Ao desembestar no seu primeiro mandato em ativar políticas que rescendiam a passado, como tentar controlar a inflação (por ela provocada) apenas na retórica, no gênero (não permitirei que...), as catastróficas dádivas das desonerações fiscais (quatrocentos e cinquenta e oito bilhões de reais!), a consequente investida contra o Plano Real e de cambulhada a responsabilidade fiscal jogada às urtigas, e agora com a cara de pau dizer que o modelo está esgotado – tudo isso somado, seria talvez a hora de colocá-la a um canto, e perguntar-lhe, no antigo jeitão fronteira-gauchesco:

          Aguentas una verdad ? Quem está esgotada, por incompetente, é a senhora! E não isso de ir tão longe, e gastar tanto do Erário, para afirmá-lo!

 

( Fontes;   O  Globo, Folha de S.Paulo, Rede Globo ) 

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