Quando acontece no Brasil uma
desgraça, uma das supostas defesas dos incriminados está inscrita no título
acima exposto. Porque parece que ainda vivemos em um país onde uns poucos têm supostamente mais
direitos do que os gregos chamavam oi
polloi - os muitos, querendo dizer,
em linguagem moderna, o povão, aqueles cujos direitos eram supostamente menores
do que os da aristocracia.
Passaram milhares de anos, mas com
Constituição Cidadã, Direitos Humanos e o escambau, terá mudado tanto assim o Brasil com as
declarações de políticos, algumas mais verazes do que outras ? Pois se há
conhecimento que esteja disseminado nessa terra que Cabral veio descobrir, e como muito mais tarde George Orwell nos
ensinou que alguns são mais iguais do que os outros.
Hoje, a começar pelo Prefeito Crivella - que
pela sua incompetência e falastronice terá sempre muito a explicar - e seguindo pelos paredros do Flamengo que a
partir de seu Presidente, Rodolfo Landim - "essa é certamente a maior
tragédia pela qual esse clube já passou nos últimos 123 anos com a perda dessas
dez pessoas" - há uma sensação de que "existe impunidade e falta um
princípio de responsabilidade" - assertiva que o Estadão atribui a especialistas, como se se carecesse de entendidos
para estabelecer esse truismo que parece resistir a tudo no Brasil e que
permitiria que alguns possam viver dentro de conteiners, sem direito na pratica, senão o de habitar o "Ninho do Urubu", em uma exibição de agressivo mau-gosto, como a
ridícula, acintosa escultura do portal.
É difícil encontrar agremiação que se gabe de uma ave tão nojenta quanto o urubu,
parente dos abutres, que se deleitam com carne humana. Dentre o muito que se disse
a respeito dessa tragédia e que, como tantos coisas no Brasil já nasce datado,
transcrevo parte de o que escreveu no Estado de S. Paulo José Neumanne Pinto, com
nota sob o apósito titulo "O responsável se beneficia da pior ofensa, a
impunidade: O caso no Flamengo, parece castigo divino. Mas é conjunto de
canalhice com descaso, desídia e desumanidade, que se manifestaram no Museu Nacional. Isso transforma o passado
num monturo onde enterramos chances de aprender com erros e acertos. Rejeitos
que mataram o Rio Doce não serviram de alerta e a lama apodrece o Paraopeba e
se prepara para trucidar o Velho Chico."
(Fontes:
George Orwell, Animal Farm; O Estado de S. Paulo, Por trás de desastres, a Cultura da falta de ética)
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