quinta-feira, 7 de fevereiro de 2019

Falsos enigmas do Brexit


                                          

        Na questão desse famigerado Brexit,  o slogan triunfalista que parece ganhar força própria à medida que surjam mais obstáculos sérios e sólidos contra a saída pelo Reino Unido da Comunidade Européia, entre as inúmeras conspirações existentes incrivelmente a favor da saída da velha Inglaterra da U.E. está a oposição de Jeremy Corbyn,  líder trabalhista, que se apega ao dito Brexit, a despeito da própria bancada, e da conservadora Theresa May,  que ignora a advertência de um  antecessor seu em Downing Street  10, John Major, com mais nomeada e juízo, no sentido de que a juventude "não irá esquecer nem perdoar os que hoje fazem campanha para deixar a  União Européia".
         Talvez não seja assim tão surpreendente a ojeriza dos líderes britânicos em encarar um novo referendo, dada a estranha preferência que não só a ex-secretária do interior, mas também outros ambiciosos chefes de fila conservadores, como os gêmeos Johnson, em pugnar por que continue a prevalecer o estranho referendo do verão de 2016, que levaria de roldão o gabinete do medíocre David Cameron, que concordaria na realização de mais um referendo, com que pensara resolver questões menores, mas nunca aplicar-lhe o golpe do destino que lhe poria fim à sua carreira como Primeiro Ministro.
          Há uma estranhíssima oposição da May em apoiar  uma saída real dessa falsa crise do Brexit.  Por mais que cresça o apoio não só do povo inglês à saída de um novo referendo, a Primeiro Ministro finge não dar-se conta desse elefante na sua sala, que a recomenda venha a considerar a hipótese - na fraqueza de todas as demais - de uma nova consulta ao Povo inglês, acerca de pronunciar-se sobre as opções de Remain (permanecer) e Leave (deixar) a Comunidade Europeia.
         É isso a que alude o ex-Primeiro Ministro John Major, como a oportunidade de entregar ao Povo inglês a decisão sobre ficar (remain) ou não (leave) na Comunidade Europeia. Líderes políticos como Theresa May e Jeremy Corbyn  desde muito estão demasiado cientes da conveniência de deixar aos  súditos de Sua Majestade a oportunidade de uma escolha que é demasiado importante para ser entregue aos membros do Parlamento.
            Por estar afastado das questões do gabinete, tal não parece bastante para que ele deixe de opinar sobre uma matéria de tal importância, que vá estar presente nos anos futuros para o dia-a-dia da juventude inglesa, a qual dificilmente entenderá o fundamento de uma escolha conduzida de forma tão airada e pouco responsável.
            Há muitas razões para que esse referendo em que a saída (leave) da Comunidade Europeia foi decidida em uma consulta estival a que respondeu uma minoria - pouco mais de trinta por cento - do Povo inglês em favor da ruptura do Tratado relativo à União Europeia. Grita aos céus que essa opção deve ser repensada, quando menos porque resoluções de tal relevância carecem de ser confirmadas, a fortiori se foram tomadas a partir de uma posição assaz minoritária, a tal ponto que deva ser corroborada por um reexame que assegure ao Povo inglês - a que o Parlamento semelha não querer deixar a oportunidade de manifestar a sua soberana vontade - valer-se de um novo referendo, que ponha a limpo essa questão a qual decerto não é de somenos importância.
           Se no passado se terá convocado em estação pouco apropriada o povo inglês para pronunciar-se acerca de questão que não deve ser talhada por resoluções minoritárias - e por conseguinte questionáveis no futuro - no presente cresce junto à opinião pública do Reino Unido a convicção quanto à relevância de uma tal decisão, que não deve ser deixada, como se fora matéria de escassa importância, ao alvitre de uma parcela minoritária dos súditos de Sua Majestade.
          É mais do que tempo de atender ao reclamo dessa maioria, que deseja expressar-se de forma condigna diante da relevância da questão, que mais do que aconselhe, na verdade determina que ela deve ser talhada pelo Povo Soberano, para tanto convocado para assumir esse quesito que é demasiado pesado para ser  entregue aos caprichos dos líderes dos diversos partidos. A tout seigneur, tout honneur.  
                                                   


(Fontes: Independent e New York Times )

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