Na questão desse
famigerado Brexit, o slogan
triunfalista que parece ganhar força própria à medida que surjam mais obstáculos
sérios e sólidos contra a saída pelo Reino Unido da Comunidade Européia, entre
as inúmeras conspirações existentes incrivelmente a favor da saída da velha
Inglaterra da U.E. está a oposição de Jeremy Corbyn, líder trabalhista, que se apega ao dito
Brexit, a despeito da própria bancada, e da conservadora Theresa May, que ignora a advertência de um antecessor seu em Downing Street 10, John Major, com mais nomeada e juízo, no
sentido de que a juventude "não irá esquecer nem perdoar os que hoje fazem
campanha para deixar a União
Européia".
Talvez não seja assim tão surpreendente a ojeriza dos líderes britânicos
em encarar um novo referendo, dada a estranha preferência que não só a
ex-secretária do interior, mas também outros ambiciosos chefes de fila
conservadores, como os gêmeos Johnson, em pugnar por que continue a prevalecer
o estranho referendo do verão de 2016, que levaria de roldão o gabinete do
medíocre David Cameron, que concordaria na realização de mais um referendo, com
que pensara resolver questões menores, mas nunca aplicar-lhe o golpe do destino
que lhe poria fim à sua carreira como Primeiro Ministro.
Há
uma estranhíssima oposição da May em apoiar
uma saída real dessa falsa crise do Brexit. Por mais que cresça o apoio não só do povo
inglês à saída de um novo referendo, a Primeiro Ministro finge não dar-se conta
desse elefante na sua sala, que a recomenda venha a considerar a hipótese - na
fraqueza de todas as demais - de uma nova consulta ao Povo inglês, acerca de
pronunciar-se sobre as opções de Remain (permanecer) e Leave (deixar) a
Comunidade Europeia.
É isso a que alude o ex-Primeiro
Ministro John Major, como a oportunidade de entregar ao Povo inglês a decisão
sobre ficar (remain) ou não (leave) na Comunidade Europeia. Líderes políticos
como Theresa May e Jeremy Corbyn desde
muito estão demasiado cientes da conveniência de deixar aos súditos de Sua Majestade a oportunidade de
uma escolha que é demasiado importante para ser entregue aos membros do
Parlamento.
Por estar afastado das questões do
gabinete, tal não parece bastante para que ele deixe de opinar sobre uma
matéria de tal importância, que vá estar presente nos anos futuros para o
dia-a-dia da juventude inglesa, a qual dificilmente entenderá o fundamento de uma
escolha conduzida de forma tão airada e pouco responsável.
Há muitas razões para que esse
referendo em que a saída (leave) da Comunidade Europeia foi decidida em uma
consulta estival a que respondeu uma minoria - pouco mais de trinta por cento -
do Povo inglês em favor da ruptura do Tratado relativo à União Europeia. Grita
aos céus que essa opção deve ser repensada, quando menos porque resoluções de
tal relevância carecem de ser confirmadas, a
fortiori se foram tomadas a partir de uma posição assaz minoritária, a tal
ponto que deva ser corroborada por um reexame que assegure ao Povo inglês - a
que o Parlamento semelha não querer deixar a oportunidade de manifestar a sua
soberana vontade - valer-se de um novo referendo, que ponha a limpo essa
questão a qual decerto não é de somenos importância.
Se no passado se terá convocado em
estação pouco apropriada o povo inglês para pronunciar-se acerca de questão que
não deve ser talhada por resoluções minoritárias - e por conseguinte
questionáveis no futuro - no presente cresce junto à opinião pública do Reino
Unido a convicção quanto à relevância de uma tal decisão, que não deve ser
deixada, como se fora matéria de escassa importância, ao alvitre de uma parcela
minoritária dos súditos de Sua Majestade.
É mais do que tempo de atender ao
reclamo dessa maioria, que deseja expressar-se de forma condigna diante da
relevância da questão, que mais do que aconselhe, na verdade determina que ela
deve ser talhada pelo Povo Soberano, para tanto convocado para assumir esse
quesito que é demasiado pesado para ser
entregue aos caprichos dos líderes dos diversos partidos. A tout seigneur, tout honneur.
(Fontes: Independent e New York Times )
Nenhum comentário:
Postar um comentário