sábado, 23 de fevereiro de 2019

O Desgoverno da May


                                            


        Ao afirmar a sua 'resoluta' disposição de sair de qualquer maneira (crash out) da União Europeia pelo brexit  de  29 de março  a Primeira Ministra Theresa May dá um toque adicional à própria irresponsabilidade governamental.

           Vendo tanta falta de juízo e ponderação de parte de alguém que o destino colocara à frente dos negócios do Reino Unido, três ministros de seu gabinete - que ocupam postos sênior na hierarquia do Partido Conservador - vieram a público para afirmar que eles apoiam as negociações parlamentares para lograr a prorrogação (prevista pelo art. 50) de modo a impedir que a Grã-Bretanha deixe a União Europeia sem um acordo de garantias, como é o plano de Theresa May.
           Em um desordenado ir e vir através do Canal da Mancha, nos fins de semana, até o presente a May nada conseguiu em termos de acordo de garantias, Não obstante está determinada a seguir em frente, dizendo-se disposta a que o Reino Unido saia do Tratado da União Europeia, sem quaisquer direitos que o habilitem a enfrentar os efeitos negativos de um brexit não-negociado,  após  todo o desenvolvimento (e consequente malogro) dos necessários esforços para assegurar um retorno não-demasiado acidentado para a sua iminente nova condição de não-membro da U.E.

            Para a tríade de ministros conservadores - Amber Rudd, David Gauke e Greg Clarke -  tal "solução" seria justamente a segurança de um  Reino Unido mais pobre,  com sérios problemas como o backstop irlandês - o ajuste aduaneiro que permite a coexistência de uma Irlanda membro da U.E.  com  uma outra Irlanda, esta protestante,e parte de um país não-comunitário - e que tudo leva a crer não poderia mais subsistir, pois o que facilitara esse arreglo entre um território não-comunitário e outro que faz parte da CE não teria mais condições políticas de perdurar, eis que o membro determi- nante desse jeitinho não mais seria membro da UE, e por conseguinte, desaparecem as condições políticas para que tal "arreglo" possa perdurar, ao afastar-se o Reino Unido - como tudo semelha assim predispor  - dos salões da sede da Comunidade Europeia em Bruxelas.

              Talvez seja uma indicação decerto inquietante da revigorada decadência do Reino Unido esta obstinação da May de adotar a "solução" que tudo mais vá para o inferno, dentro da filosofia de ruptura do citado art. 50. É isto justamente o que preocupa e inquieta a tríade de ministros com a provada incompetência de Theresa May diante de um desafio toynbeeano. Não é, decerto, a melhor maneira de "resolver" esse tipo de desafio, agir como se ele, na prática, não existisse.

( Fontes: CNN , Arnold Toynbee)

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