Ao
afirmar a sua 'resoluta' disposição de sair de qualquer maneira (crash out) da União Europeia pelo brexit
de 29 de março a Primeira Ministra Theresa May dá um toque
adicional à própria irresponsabilidade governamental.
Vendo tanta falta de juízo e ponderação de parte de alguém que o destino
colocara à frente dos negócios do Reino Unido, três ministros de seu gabinete -
que ocupam postos sênior na hierarquia do Partido Conservador - vieram a
público para afirmar que eles apoiam as negociações parlamentares para lograr a
prorrogação (prevista pelo art. 50) de modo a impedir que a Grã-Bretanha deixe
a União Europeia sem um acordo de garantias, como é o plano de Theresa
May.
Em
um desordenado ir e vir através do Canal da Mancha, nos fins de semana, até o
presente a May nada conseguiu em termos de acordo de garantias, Não obstante
está determinada a seguir em frente, dizendo-se disposta a que o Reino Unido
saia do Tratado da União Europeia, sem quaisquer direitos que o habilitem a
enfrentar os efeitos negativos de um brexit
não-negociado, após todo o desenvolvimento (e consequente malogro)
dos necessários esforços para assegurar um retorno não-demasiado acidentado
para a sua iminente nova condição de não-membro
da U.E.
Para a tríade de ministros conservadores - Amber Rudd, David Gauke e
Greg Clarke - tal "solução"
seria justamente a segurança de um Reino
Unido mais pobre, com sérios problemas
como o backstop irlandês - o ajuste aduaneiro
que permite a coexistência de uma Irlanda membro da U.E. com uma
outra Irlanda, esta protestante,e parte de um país não-comunitário - e que tudo
leva a crer não poderia mais subsistir, pois o que facilitara esse arreglo
entre um território não-comunitário e
outro que faz parte da CE não teria mais condições políticas de perdurar, eis
que o membro determi- nante desse jeitinho
não mais seria membro da UE, e por conseguinte, desaparecem as condições
políticas para que tal "arreglo"
possa perdurar, ao afastar-se o Reino Unido - como tudo semelha assim
predispor - dos salões da sede da
Comunidade Europeia em Bruxelas.
Talvez seja uma indicação decerto inquietante da revigorada decadência
do Reino Unido esta obstinação da May de adotar a "solução" que tudo mais vá para o inferno, dentro
da filosofia de ruptura do citado art. 50. É isto justamente o que preocupa e
inquieta a tríade de ministros com a provada incompetência de Theresa May diante de um desafio toynbeeano. Não é, decerto, a melhor
maneira de "resolver" esse
tipo de desafio, agir como se ele, na prática, não existisse.
(
Fontes: CNN , Arnold Toynbee)
Nenhum comentário:
Postar um comentário