domingo, 10 de fevereiro de 2019

Cabo Verde demora, mas liberta brasileiros


               
           Depois de 18 meses presos em Cabo Verde, sob acusação  de tráfico internacional de drogas, os velejadores brasileiros Daniel Guerra, Rodrigo Dantas e  Daniel Dantas foram soltos, na tarde de 5ª feira, dia sete de fevereiro.
              Presos desde 2017, eles aguardarão em liberdade  os trâmites da Justiça cabo-verdiana.  No entanto, o processo segue em primeira instância, sem indicação de data de novo juízo.
               "A decisão foi tomada com base na presunção de inocência e não condicionou que eles permaneçam em Cabo Verde. Vamos empreender esforços para que voltem ao Brasil o quanto antes," afirma o advogado Paulo Oliveira, que representa os velejadores.
                 A libertação dos velejadores acontece três semanas depois de a Justiça de Cabo Verde ter anulado o julgamento que condenou os velejadores a dez anos de prisão. A decisão reconheceu que houve violações à garantia de defesa dos réus e determinou a realização de um novo julgamento.
                   Os três velejadores saíram em viagem em julho de 2017, no que atenderam a recrutamento de companhia de entregas internacionais para conduzir embarcação de Salvador até Portugal. No casco, porém, estava escondida uma tonelada de cocaína, descoberta quando a equipe teve de atracar em Cabo Verde.A droga foi avaliada em cerca de duzentos milhões de euros.
                    Os brasileiros, assim como o comandante da embarcação, o francês Olivier Thomas afirmam que desconheciam a existência da droga. Todos foram inocentados no inquérito da P.F.
                     O dono do veleiro, o inglês George Edward Saul, que os contratou para o serviço, desistiu da viagem na última hora e foi de avião para Portugal.
                      Ele, que foi apontado pela P.F. como "a 'ponta' europeia do grupo criminoso" não é investigado no processo que corre em Cabo Verde.
                       Há uma série de controvérsias apontadas pela defesa dos velejadores, que foram desconsideradas pela Justiça cabo-verdiana.  Dessarte, foram desconsideradas as testemunhas brasileiras, além da própria investigação realizada pela Polícia Federal brasileira, que apontava que os velejadores desconheciam o transporte da droga.
                        Também foi questionado o fato de a sentença ter sido impressa em papel com a marca d'água do personagem Zorro, em vez do símbolo oficial do Judiciário.
                        Na decisão que anulou o julgamento, o tribunal de Cabo Verde reconheceu  que o juiz Antero Lopes Tavares, que condenou os velejadores em março de 2018, não poderia ter negado o pedido dos réus para ouvir testemunhas.
                         Os juízes decidiram pela nulidade do despacho e determinaram que as testemunhas sejam ouvidas e,então, um novo julgamento seja realizado.
                          A mãe e  o pai do rapaz, Telio Carlos Guerra, se mudaram para Cabo Verde, onde ficaram vivendo por quase um ano, para acompanhar o filho, acusado de tráfico internacional.  Segundo a família, ele foi enganado junto com os demais brasileiros.
                             Depois de muitos sacrifícios, o casal paterno retornou ao Brasil, em dezembro devido a apendicite sofrida por Fátima.
                              Em julho de 2018, quando foi a Cabo Verde para a reunião dos líderes da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP), o então Presidente Michel Temer teve encontro reservado com seu homólogo cabo-verdiano, Jorge Carlos Fonseca, em que pediu mais atenção para o caso dos velejadores.
                                "Eu dei uma palavra (com o presidente cabo-verdiano), sobre os brasileiros que estão detidos aqui. Claro, com todas as cautelas diplomáticas, para dizer que esta é uma questão que diz respeito ao Estado cabo-verdiano," disse Temer, que classificou a manifestação como "uma lembrança de que estamos preocupados com isso."

( Fonte: Folha de S. Paulo )

Nenhum comentário: