Depois de 18 meses
presos em Cabo Verde, sob acusação de
tráfico internacional de drogas, os velejadores brasileiros Daniel Guerra,
Rodrigo Dantas e Daniel Dantas foram
soltos, na tarde de 5ª feira, dia sete de fevereiro.
Presos desde 2017, eles
aguardarão em liberdade os trâmites da
Justiça cabo-verdiana. No entanto, o
processo segue em primeira instância, sem indicação de data de novo juízo.
"A decisão foi tomada com
base na presunção de inocência e não condicionou que eles permaneçam em Cabo
Verde. Vamos empreender esforços para que voltem ao Brasil o quanto antes,"
afirma o advogado Paulo Oliveira, que representa os velejadores.
A libertação dos velejadores
acontece três semanas depois de a Justiça de Cabo Verde ter anulado o
julgamento que condenou os velejadores a dez anos de prisão. A decisão
reconheceu que houve violações à garantia de defesa dos réus e determinou a
realização de um novo julgamento.
Os três velejadores saíram em
viagem em julho de 2017, no que atenderam a recrutamento de companhia de
entregas internacionais para conduzir embarcação de Salvador até Portugal. No
casco, porém, estava escondida uma tonelada de cocaína, descoberta quando a
equipe teve de atracar em Cabo Verde.A droga foi avaliada em cerca de duzentos
milhões de euros.
Os brasileiros, assim como
o comandante da embarcação, o francês Olivier Thomas afirmam que desconheciam a
existência da droga. Todos foram inocentados no inquérito da P.F.
O dono do veleiro, o
inglês George Edward Saul, que os contratou para o serviço, desistiu da viagem
na última hora e foi de avião para Portugal.
Ele, que foi apontado
pela P.F. como "a 'ponta' europeia do grupo criminoso" não é
investigado no processo que corre em Cabo Verde.
Há uma série de
controvérsias apontadas pela defesa dos velejadores, que foram desconsideradas
pela Justiça cabo-verdiana. Dessarte,
foram desconsideradas as testemunhas brasileiras, além da própria investigação
realizada pela Polícia Federal brasileira, que apontava que os velejadores
desconheciam o transporte da droga.
Também foi questionado
o fato de a sentença ter sido impressa em papel com a marca d'água do
personagem Zorro, em vez do símbolo oficial do Judiciário.
Na
decisão que anulou o julgamento, o tribunal de Cabo Verde reconheceu que o juiz Antero Lopes Tavares, que condenou
os velejadores em março de 2018, não poderia ter negado o pedido dos réus para
ouvir testemunhas.
Os juízes decidiram
pela nulidade do despacho e determinaram que as testemunhas sejam ouvidas
e,então, um novo julgamento seja realizado.
A mãe e o pai do rapaz, Telio Carlos Guerra, se
mudaram para Cabo Verde, onde ficaram vivendo por quase um ano, para acompanhar
o filho, acusado de tráfico internacional. Segundo a família, ele foi enganado junto com
os demais brasileiros.
Depois de muitos
sacrifícios, o casal paterno retornou ao Brasil, em dezembro devido a
apendicite sofrida por Fátima.
Em julho de 2018,
quando foi a Cabo Verde para a reunião dos líderes da Comunidade dos Países de
Língua Portuguesa (CPLP), o então Presidente Michel Temer teve encontro
reservado com seu homólogo cabo-verdiano, Jorge Carlos Fonseca, em que pediu
mais atenção para o caso dos velejadores.
"Eu dei
uma palavra (com o presidente cabo-verdiano), sobre os brasileiros que estão
detidos aqui. Claro, com todas as cautelas diplomáticas, para dizer que esta é
uma questão que diz respeito ao Estado cabo-verdiano," disse Temer, que
classificou a manifestação como "uma lembrança de que estamos preocupados
com isso."
(
Fonte: Folha de S. Paulo )
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