quarta-feira, 13 de fevereiro de 2019

Depois da alta,Presidente terá ainda restrições


                   
        Com a alta hospitalar,  Bolsonaro terá ainda cuidados no Palácio presidencial. Tal se deve à circunstância de que ainda existem riscos associados tanto à cirurgia, quanto ao tempo que passou no Einstein.
          "Por mais que se tenha cuidado em lavar as mãos e usar máscara, ele teve contato com bactérias hospitalares que passam a fazer parte da flora da pele  e do intestino dele", explica Diego Adão Fanti Silva, cirurgião do aparelho digestivo da Unifesp.
           Segundo ele, tais bactérias ficam colonizando o organismo por um período e, eventualmente, podem causar uma nova infecção, mesmo após a alta, uma vez que a recuperação do sistema imune e a melhora da inflamação do corpo ocorrem de forma gradual.
             O risco estimado na literatura médica é   baixo, menor que 5% , e vai diminuindo com o tempo.  Por isso, nas primeiras semanas após a alta é preciso atenção aos sina-is infecciosos, como indisposição, febre, tosse e dor abdominal.
              Apesar da "boa evolução clínica" assinalada pelo boletim, os médicos não in-formaram, porém, previsão de alta. Sem embargo, assessores cogitam a possibilidade de que ele possa sair já nesta quarta-feira, dia treze de fevereiro.
                O infectologista Artur Timerman, do hospital Edmundo Vasconcelos, afirma que o período mais crítico será  nos próximos dois meses, tempo consumido para que a flora intestinal nativa se recomponha.
                "O fato de tido uma alteração no trânsito normal do intestino faz com que o microbioma já mude bastante e há risco de novas infecções." Nesse sentido, será fundamental uma dieta equilibrada, com fibra e bastante hidratação, para que o intestino funcione todos os dias."Um trânsito mais lento pode expô-lo a risco de infecções".
                   Também é importante que a dieta seja antifermentativa (sem frituras, alimentos gordurosos, refrigerantes e bebidas alcoólicas) e fracionada para não distender muito o abdome e retardar o esvaziamento gástrico, segundo Carlos Sobrado, professor de coloproctologia da Faculdade de Medicina da USP.
                     A cirurgia, as infecções e o fato de ter ficado acamado tanto tempo causam atrofia da musculatura e acúmulo de líquidos, principalmente na região das pernas.
                      "Por isso, é provável que o presidente continue com sessões de fisioterapia motora e respiratória em casa, associada a orientação nutricional, para garantir a recuperação da massa magra perdida. Isso também auxilia na melhora do sistema imune e da inflamação", explica Fanti Silva.
                         Outro cuidado adicional são com os cortes abdominais da cirurgia em si e do local onde estava instalada a bolsa de colostomia, retirada na cirurgia. "No local da bolsa, pode sobrar uma colonização (de bactérias) da pele e voltar a infectar", diz Sobrado.
                           Também há riscos (menos de 5%)  de novas aderências (de uma alça ou tecido grudar no outro) que são inerentes à cirurgia do intestino.
                             Segundo Fanti Júnior, elas podem acontecer a qualquer momento e não existe medida preventiva. "Quando acontecem, mais de 80% podem ser resolvidas sem necessidade de cirurgia. O paciente precisa ficar atento se apresentar náuseas, vômitos, distensão abdominal e parada de eliminação de gases e fezes."
                               Por fim, outro risco é o aparecimento de uma hérnia no local opera-do. Bolsonaro fez ao todo três cirurgias, com abertura e fechamento do tecido fibroso da parede abdominal. A cicatrização tende a ser mais lenta e inicialmente frágil.
                                 Com isto, existe o risco de abertura deste tecido e desenvolvimento de uma hérnia incisional.  As chances estimadas são de 15% - maiores nos primeiros seis meses e com redução gradativa depois desse período.
                                   "Por isso, deve-se evitar grandes esforços, como carregar peso ou fazer musculação. O repouso também é ruim.  O paciente deve fazer  exercícios leves para fortalecer a musculatura sem aumentar muito a pressão do abdome", afirma o cirurgião Fanti Silva.
                                      O período de internação  de Bolsonaro tem sido marcado por uma série de imprevistos que retardaram a sua alta, inicialmente prevista para acontecer dez dias depois da cirurgia. Entre eles, houve mudança da técnica cirúrgica, infecção que levou à paralisação do intestino delgado e uma pneumonia.


( Fonte: Folha de S. Paulo  )                  

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