sexta-feira, 15 de fevereiro de 2019

Oitava derrota de Theresa May


                       
        Onde estão os líderes em Westminster? Basta-lhes acaso assistir impassíveis e abúlicos às repetidas derrotas da Primeira Ministra Theresa May nessa questão do brexit?  Será que oito votações negativas devam ser tomadas como resultados normais, que não deveriam provocar uma revisão da respectiva posição?
           A cachoeira continua à frente, mas a nave segue, e o velame não tão pando quanto seria desejável, mas será que importa? Pois a corrente é forte,  e o destino se afigura sempre mais previsível e provável...
           Quando o Parlamento não é capaz de produzir uma solução, grita aos céus que a despeito da negação da May e da incontornável confusão do líder trabalhista, que manda o bom senso e a comum experiência de que o Povo inglês precisa ser consultado, e quanto mais cedo melhor!
             Será necessário relembrar que toda essa situação falimentar, em que os erros se repetem,  se originou de consulta apressada, em pleno verão de 2016, que produziu uma fraca e assaz relativa maioria em favor do leave?  Tenha-se igualmente presente  que o caráter estival do referendo não atraíra grandes maiorias, e produziu resultado que visto agora não nos parece assaz convincente para determinar se realmente o Povo do Reino Unido estava plenamente motivado e consciente de o que se tinha pela frente, a ponto de que uma votação sem grandes e convincentes maiorias ainda possa ser julgada como o piso seguro para continuar nesse processo em que mais se deparam tropeços e negativas de que reponte a confiança necessária  para adotar-se uma decisão que contraria frontalmente aos desígnios dos políticos ingleses que optaram pela entrada na Comunidade Europeia, tão logo se apresentara a oportunidade favorável?  
             Se o gabinete de Theresa May não tem a maioria necessária para transmitir seja ao Povo inglês, seja à Bruxelas que tem condições de conduzir a Nação para uma solução que realmente reúna a indispensável convicção popular, parece mais do que tempo de entregar ao Povo soberano a determinação de qual deva ser a posição que realmente atenda às aspirações não só da  maioria dos súditos de Sua Majestade, mas também dê a oportunidade de uma votação maciça e irrefutável quanto à inegável convicção do Povo do Reino Unido.  A hora é demasiado importante para que se tente justificar  decisões  que carregam consigo o destino das gentes desse Reino que deparamos ora sustentadas em frágeis troncos que não resistirão à análise futura, se acoimadas de irresponsáveis. Quando o Parlamento não transmite ao Reino a convicção que é indispensável às grandes decisões, não se deve temer que se consulte o Povo Soberano, para que se manifeste sem as negaças da incerteza, e suas inúteis tergiversações, com as névoas de fúteis e inconclusivas maquinações ideológicas que sequer têm a coragem de afirmar a própria escolha quanto à resposta resoluta e conclusiva. Na verdade se o Parlamento, malgrado a gravidade e relevância da questão, hesita em pronunciar-se de forma irrefutável e determinante, entregue-se  tal decisão, pela própria relevância, ao Povo do Reino Unido para que, em referendo,  se pronuncie, de forma soberana, se deseja remain na Comunidade Europeia ou se prefere leave a dita Comunidade.


( Fontes: The Economist, O Estado de S. Paulo )

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