O porta-voz presidencial, Otávio do Rêgo
Barros, comunicou ontem à imprensa que o Brasil montará força-tarefa em Roraima, na fronteira com a
Venezuela, para participar na entrega de ajuda humanitária.
Como
semelha estar estabelecido, essa ajuda humanitária, que é enviada pelos Estados
Unidos, conta com a participação da oposição venezuelana.
Segundo relatou o porta-voz, é que os alimentos e os remédios sejam
recolhidos por caminhões venezuelanos, conduzidos por nacionais daquele país,
que cruzarão a fronteira para transportar a ajuda.
Consoante explicitou o porta-voz: "a ideia inicial é a aproximação logística
de Paracaima. E aguardar nessas regiões a chegada dos caminhões conduzidos por
venezuelanos direcionados pelo
presidente Guaidó".
Participam da força-tarefa em apreço a Casa Civil da Presidência da
República, os ministérios da Defesa, da
Agricultura, da Cidadania, da Saúde e do Gabinete de Segurança Institucional.
"O Brasil se junta assim a esta importante iniciativa internacional de
apoio ao governo de Juan Guaidó e ao povo venezuelano", declarou ontem o
Itamaraty, em nota. Uma reunião marcada para hoje, em Brasília, definirá os
detalhes do planejamento da operação na fronteira.
Assinale-se que a decisão do governo brasileiro foi tomada após reunião
entre o presidente Bolsonaro e os
presidentes do Supremo Tribunal Federal, Dias Toffoli; do Senado, Davi Alcolumbre; da Câmara dos
Deputados, Rodrigo Maia. Também participaram da reunião os ministros Fernando Azevedo (Defesa), Ernesto Araújo
(Relações Exteriores) e Augusto Heleno (Gabinete de Segurança Institucional).
Note-se que Roraima será o segundo ponto de envio de ajuda humanitária,
ao lado de Cúcuta, na Colômbia. Um terceiro centro de envio seria organizado
em Curaçau, nas Antilhas. Segundo Rêgo Barros, alimentos e remédios estarão
disponíveis na capital de Roraima, Boa Vista, e em Paracaima, cidade que faz
limite com a venezuelana Santa Elena de Uairen.
O governo do presidente venezuelano, Nicolás Maduro, rejeita a entrada
de ajuda humanitária. O ditador venezuelano
bloqueou com contêineres de caminhão a Ponte de Tienditas, na fronteira
com a Colômbia. De acordo com o ditador, os carregamentos americanos seriam
um pretexto para os Estados Unidos promoverem uma intervenção na Venezuela.
Ontem, o ministro da
Defesa da Venezuela, Vladimir Padrino López, rea- firmou seu compromisso com o governo de Maduro e
prometeu proteger a fronteira de "ameaças à integridade territorial
venezuelana". "Não vão poder
passar pela consciência do espírito patriótico pela força. Vão ter de passar
por esses cadáveres", alertou o ministro Padrino.
O líder opositor Juan
Guaidó, que se autoproclamou presidente interino da Venezuela, declara que
trezentos mil venezuelanos precisam com urgência de alimentos e remédios.
Guaidó, que foi reconhecido por mais de 50 países, tem usado o envio de ajuda
humanitária para forçar setores do Exército a escolher entre o chavismo e povo.
"As Forças
Armadas permanecerão mobilizadas e alertas ao longo das fronteiras para evitar
qualquer violação à integridade de seu território", disse Guaidó.
O general Padrino
ainda acusou o presidente americano,Donald Trump, de ser "arrogante"
por pedir ao Exército venezuelano que aceite a anistia oferecida por Guaidó.
"Reiteramos a nossa obediência,subordinação e lealdade", afirmou Padrino López. "Aqui, temos presidente. Aqui, temos um comandante-em- chefe, Nicolás Maduro."
Nos últimos dias,
Guaidó começou nas redes sociais uma campanha para que os generais que comandam
as brigadas na fronteira atendam aos pedidos dos venezuelanos por comida e
remédios. "Soldados, escutem a voz do povo", encareceu Guaidó.
Dada a
situação de severa crise econômica que atinge à Venezuela, e desde 2013 levou o
país à hiperinflação, escassez de alimentos, remédios e serviços básicos, como
água e energia elétrica.
Não está
ainda esclarecido se se repetirá a situação em Cucuta, na ponte entre a
Colômbia e a Venezuela, em que foi barrado o ingresso de ajuda humanitária´,
ou se haverá outra postura das autoridades militares na fronteira entre o Brasil e a Venezuela.
(
Fonte: O Estado de S. Paulo )
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