sexta-feira, 15 de fevereiro de 2019

O último bastião do E.I.


                                            
          Cercado pelas forças curdas, os homens que saem da última faixa estreita de terra controlada pela milícia do Exército Islâmico recebem a ordem de sentar-se atrás de duas linhas laranja pintadas com spray sobre o solo rochoso do deserto  da Síria, com os nacionais sírios atrás de uma linha e os iraquianos, atrás de outra.
             Por sua vez, com véus cobrindo-lhe as faces, à moda islâmica, e carregando crianças pequenas nos braços, as mulheres ocupam um lugar diferente, ainda que também separadas por nacionalidade.
              Há muitos feridos que precisam ser levados em colchões para serem entregues à coalizão chefiada pelos Estados Unidos. Nos últimos quinze dias, milhares de pessoas já deixaram o povoado de Baghuz,  a última área sob controle do E.I. no Iraque e na Síria, o que restaria do antigo território que teria sido  - segundo propalam os povos árabes - do tamanho  do Reino Unido (o exagero é óbvio), embora no seu breve apogeu esse estado pirata tenha crescido bastante.
                O foco que ainda resistiria ocuparia área que teria o tamanho de Central Park. Toda a ação de combate está sob controle das forças estadunidenses. A oeste, o cerco fica por conta do exército sírio. Ao sul, acha-se a fronteira do Iraque, que se encarrega de combatê-los;  ao norte e leste, os militantes são combatidos por milícia curda e árabe, e nessa área, pela maior resistência,  se concentra mais intenso o apoio americano.
                Além dos árabes que aderiram ao E.I. - e deles a maioria é de iraquianos, a atração dos comandados de al-Bagdadi se exerceu também sobre inúmeros europeus (alemães, franceses, britânicos, suecos e até russos). Nos seus dias de apogeu, o E.I. teria atraído quarenta mil recrutas de cerca de cem países. Tais indicações, no entanto, careceriam de ser processadas com muita cautela, pelo exagero que deva existir. Além disso, muitos foram integrados à força,como a maior parte do contingente feminino. De qualquer forma, e não só nos países árabes, é um tópico de interesse sociológico que deveria ser aprofundado, para determinar as reais motivações que presidiram à sua absorção no violento universo do E.I.

( Fontes: Folha de S. Paulo, Estado de S. Paulo )

Nenhum comentário: