domingo, 10 de fevereiro de 2019

Maduro compra inteligência artificial chinesa


                    
        O ditador Maduro quer saber o que o venezuelano consome, e para tanto ele oferece o cartão da pátria, que permite saber quem se beneficia de tal projeto,quem não é beneficiado, e também desmascarar alguns salafrários.  Assim o bom ditador Maduro descrevia em 2017 o documento com tecnologia capaz de cruzar em menos de trinta segundos as informações do titular. De tudo o tal cartão de controle social ofertaria:exames de sangue, retiradas de comida, gastos com gasolina, e hábitos na internet.
           É um brinquedinho chinês que faria o orwelliano Big Brother morrer de inveja, pelo que permite ao poder estatal bisbilhotar do proleta consumidor. Essa ferramentinha importada da China vermelha permite ao chavismo monitorar dois terços dos trinta milhões de venezuelanos.
            Quem desenvolveu o novo sistema empregado no cartão da pátria foi a gigante chinesa ZTE, em parceria que se estendeu para outras áreas. Como o Estadão assinala, a mega-empresa tem um largo histórico de controvérsias - sofreu sanções e proibições nos EUA por usar programas e softwares para espionar americanos e empresas americanas. Por isso, a ZTE representa cartão de apresentação do governo chinês - pelos ganhos potenciais que no cartãozinho estão embutidos - e por isso a China cada vez mais está exportando esses marotos programas de inteligência artificial.
             Em 2015. a RPC lançou seu plano "Made in China 2025", para dominar as indústrias tecnológicas de ponta.  Isso foi seguido em 2018, pelos planos para o país ser líder mundial no campo da inteligência artificial até 2030 e construir uma indústria de US$ 150 bilhões.
              O mundo em desenvolvimento é uma grande oportunidade  para concretizar tais ambições. A China não quer apenas dominar esses mercados. Ela deseja usar os países em desenvolvimento como um laboratório para melhorar as próprias tecnologias de vigilância. Só em 2018 , a China exportou mais de US$ 5 bilhões em tecnologia de inteligência artificial (IA).  A China não faz distinção entre clientes. Nos últimos dois anos exportou para países democráticos, como Alemanha, França e Argentina.  Mas seus clientes mais intensos têm sido regimes com diferentes graus de viés autoritário: Venezuela, Rússia, Azerbaijão, Armênia, Irã, Turquia, Paquistão, Ruanda e Quênia.
              Em geral, regimes com traços autoritários que desejam manter um rígido controle social sobre a população e sobre seus opositores. "É uma via de duas mãos: ao mesmo tempo em que exportam tecnologia, os chineses usam esses países como cobaias para os próprios experimentos", afirma Steven Feldstein, professor de políticas públicas  da universidade Boise.
               Quando os governos que adotam os softwares fiscalizam manifestações e reuniões de opositores, dão acesso a empresas chinesas a um banco de dados cada vez maior.
                 A Venezuela é o exemplo mais bem acabado do projeto chinês. Além da tecnologia para o cartão da pátria, os venezuelanos aceitaram em um pacote do empréstimo chinês uma tecnologia de reconhecimento facial desenvolvida pela empresa CloudWalk Technology, uma startup com sede em Guangszhou. A tecnologia de última geração de reconhecimento facial é capaz de identificar em poucos segundos qualquer cidadão filmado por uma câmera em lugar público..
                   No caso venezuelano, as tecnologias permitem ao chavismo estender sua capacidade de vigilância dos cidadãos a níveis alarmantes. Em 2018, o governo prometeu um bônus financeiro a quem comparecesse nos centros de votação na eleição presidencial. Para receber o bônus, o eleitor precisaria registrar que votou, em uma máquina instalada fora de alguns centros eleitorais.
                      Ao conceder um subsídio para o cidadão que vote em uma eleição, desde que ele registre seu voto com o cartão da pátria, o chavismo sabe quem votou em determinado distrito eleitoral, mas principalmente quem não votou ou não registrou  seu voto com o cartão.'
                        "Trata-se de um controle sofisticado e extremamente perigoso. Com o cartão da pátria é possível cruzar  todos os dados do usuário e mapear seus hábitos, seus costumes, suas necessidades", disse ao Estado Anthony Daquin, que já foi o principal assessor de segurança da informação do Ministério da Justiça da Venezuela, mas deixou o país em 2009.
                           Ele participara da primeira comitiva venezuelana a visitar a RPC para conhecer os programas de IA desenvolvidos no país. "Foi depois daquela visita que o chavismo soube que poderia ter total controle social sobre a população.O cartão da pátria com o chip tem apenas este objetivo", disse. Desde o lançamento pelo presidente venezuelano, esta espécie de RG paralelo já foi adotado por vinte milhões de venezuelanos para obter subsídios do Governo.
                              Benito Urrea, um diabético de 76 anos, disse a Reuters, no fim de 2018, que um médico do Estado recentemente negara a ele uma prescrição de insulina e o chamou de "radical de direita" porque ele não se inscrevera para votar. Como alguns outros cidadãos venezuelanos, especialmente aqueles que se opõem ao governo de Maduro, Urrea vê o cartão com suspicácia. "Foi uma tentativa de me controlar através das minhas necessidades", disse Urrea.

 ( Fonte: Estado de S. Paulo )

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