É
o título de artigo do Mario Vargas Llosa, Prêmio Nobel de Literatura, sobre a
situação econômica e política do grande país - que era a Venezuela - e o que
lhe foi feito pelo movimento político de Hugo Chávez, e pelo próprio
recomendado sucessor e atual ditador, Nicolás Maduro.
A última hora desse regime infame está por soar. As multidões do Povo
venezuelano crescem nas ruas e nas largas avenidas, no passado construídas com
uma largueza de vistas que não se encontra na pobreza intelectual e na cobiça
material de um regime que se prostrou perante o nefando altar do narcotráfico e
da insana ânsia do acúmulo de riquezas pessoais que vai muito além de
qualquer limite que bom senso e justiça hajam determinado.
Porque tal acúmulo, Povo latino-americano, se destina apenas a fins
privados e inconfessáveis, e em nada aproveita à gente venezuelana, que não
podendo mais votar com as mãos - diante da torpe falsificação da caudatária
constituinte - prefere fazê-lo com os pés sofridos, para afastar-se de um inferno construído por um misto de
inépcia e cupidez, porque até mesmo o exílio voluntário lhes parece a melhor
solução, ainda que temporária, de um regime que escorraça a esperança e
pisoteia a todos aqueles que ousem falar de democracia e de um regime que não
seja conspurcado pelos vis instrumentos de governança que se veste com os
trajes do Libertador, em despudorada injúria que sequer lhe respeita os valores
e a memória.
A grande vaga democrática está por
surgir, como anunciam os seus primeiros corajosos mensageiros. E como nas
históricas convulsões, ela há de carregar, abater e destruir tudo aquilo que os
traidores da Pátria pensaram levantar contra a vontade do Povo soberano.
Cresce o silêncio no palácio do Ditador. À volta, por trás das
aveludadas cortinas, não lhe sobram muitas flores que admirar. E na parede,
somente o relógio marca implacável o pouco e pesado tempo que resta ao Tirano e
àqueles que já lhe temem a companhia.
( Fonte: O Estado de S. Paulo )
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