domingo, 3 de fevereiro de 2019

Em Busca da Liberdade


                                            

           É o título de artigo do Mario Vargas Llosa, Prêmio Nobel de Literatura, sobre a situação econômica e política do grande país - que era a Venezuela - e o que lhe foi feito pelo movimento político de Hugo Chávez, e pelo próprio recomendado sucessor e atual ditador, Nicolás Maduro.

              A última hora desse regime infame está por soar. As multidões do Povo venezuelano crescem nas ruas e nas largas avenidas, no passado construídas com uma largueza de vistas que não se encontra na pobreza intelectual e na cobiça material de um regime que se prostrou perante o nefando altar do narcotráfico e da insana ânsia do acúmulo de riquezas pessoais que vai muito além de qualquer limite que bom senso e justiça hajam determinado.

               Porque tal acúmulo, Povo latino-americano, se destina apenas a fins privados e inconfessáveis, e em nada aproveita à gente venezuelana, que não podendo mais votar com as mãos - diante da torpe falsificação da caudatária constituinte - prefere fazê-lo com os pés sofridos, para afastar-se  de um inferno construído por um misto de inépcia e cupidez, porque até mesmo o exílio voluntário lhes parece a melhor solução, ainda que temporária, de um regime que escorraça a esperança e pisoteia a todos aqueles que ousem falar de democracia e de um regime que não seja conspurcado pelos vis instrumentos de governança que se veste  com os trajes do Libertador, em despudorada injúria que sequer lhe respeita os valores e a memória.

                A grande vaga democrática está por surgir, como anunciam os seus primeiros corajosos mensageiros. E como nas históricas convulsões, ela há de carregar, abater e destruir tudo aquilo que os traidores da Pátria pensaram levantar contra a vontade do Povo soberano.

                  Cresce o silêncio no palácio do Ditador. À volta, por trás das aveludadas cortinas, não lhe sobram muitas flores que admirar. E na parede, somente o relógio marca implacável o pouco e pesado tempo que resta ao Tirano e àqueles que já lhe temem a companhia.


( Fonte: O Estado de S. Paulo )

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