sábado, 21 de maio de 2016

Sem Limites

                                    
             O governo Michel Temer  anunciou ontem a nova meta fiscal do corrente ano de 2016, que agora prevê um déficit inédito  de R$ 170,5 bilhões nas contas federais. Note-se que o Governo Dilma, nos estertores, chegara a prever um superávit de  !
             A equipe econômica surpreendeu ao liberar despesas para Saúde, Defesa, Diplomacia e Programa de Aceleração do Crescimento (PAC). A respeito, foi argumentado que se tratam de dispêndios essenciais ao funcionamento da máquina pública.
             Na segunda-feira, o presidente interino, Michel Temer, irá ao Congresso, dia trinta, explicar aos parlamentares a nova meta.  O Presidente do Senado, Renan Calheiros, promete votá-la em sessão conjunta, no dia seguinte, trinta e um de maio corrente.
             Por outro lado, ainda em termos de limites, ou, no caso, do abuso deles, a área jurídica da Casa Civil tenciona regulamentar as prerrogativas que o Presidente do Senado, Renan Calheiros, concedera à petista e que constam da intimação por ela assinada quando foi afastada da presidência.
            Sem limites, não surpreende  que a Senhora Rousseff já nomeou 35 assessores que constituem a equipe que continua trabalhando sob as ordens da presidente afastada no Palácio da Alvorada.
            É possível que seja podada a excessiva generosidade que presidira a tal concessão. Com efeito, são cargos transferidos da Presidência da República para atender a presidente afastada. Como tais postos pertencem à estrutura da Presidência - e entre eles estão alguns dos cargos mais bem remunerados de tal estrutura - assessores de Temer defendem que o Presidente interino solicite a devolução de alguns deles.
            Note-se que a presidenta não está tão afastada, segundo o que lhe foi atribuído.  Nesse quadro, além dos assessores que a ajudam a montar agenda para cumprir enquanto estiver afastada, existiriam em torno de 120 profissionais à sua disposição no Alvorada, e.g., cozinheiros, garçons, equipe médica, seguranças e o escambau, entre outros.
            Há outro aspecto que agride ao bom senso e que careceria de ser regulado e controlado. Deve-se especificar o uso dos aviões da Força Aérea Brasileira (FAB). Parece lógica a idéia do departamento jurídico do Presidente interino de limitar os deslocamentos de Dilma com tais aeronaves  ao trajeto Brasília - Porto Alegre.
             Nesse sentido, causou compreensível incômodo ao Governo interino a perspectiva de a presidente-afastada viajar pelo Brasil e o mundo, usando aeronaves oficiais da FAB, para atacar o processo de impeachment e o governo.  A notar que nos dias que antecederam à aceitação pelo Senado do Impeachment, Dilma Rousseff só se referia ao Vice-Presidente Michel Temer como 'traidor' e 'golpista' em seus discursos.
             Sem embargo, a área jurídica do governo, não entende, em princípio,  que a presidente-afastada deveria ser privada do uso de aviões da FAB, por  questão de segurança e também para não submetê-la, segundo  técnico da área respectiva, à "humilhação de ter de enfrentar filas, passar pelo raio-X e ser exposta ao assédio dos usuários nos aeroportos."
             É de ter presente, outrossim, que, consoante lembram  integrantes do Governo Temer, nas campanhas eleitorais - que são os grandes eventos políticos de que os presidentes participam -, os aviões da FAB, se são usados, os presidentes devem, no entanto, reembolsar os gastos. A tal propósito, note-se que Dilma foi de FAB para um ato político de blogueiros em Belo Horizonte...
              Como em toda coabitação, a presente situação está exposta a tensões. A imposição de regras firmes e claras, que não se prestem a abusos, está no interesse da Nação e das próprias partes.



( Fonte:  O Globo )

Nenhum comentário: