Este blog tem procurado acompanhar a
questão da poluição das águas da baía da Guanabara. Nesse aspecto, criticamos a
postura irresponsável das autoridades do estado do Rio de Janeiro que
prometeram mundos e fundos para assegurar a despoluição das águas da baía, e do
entorno do Rio de Janeiro.
Quando já se adentrava o ano da
realização da Olimpíada, mudou o discurso dessas autoridades que tinham
assegurado que as águas das competições seriam despoluídas.
Com uma cara de pau, vizinha do
cinismo, essas autoridades, já com as competições olímpicas a poucos meses,
mudaram o discurso, dizendo agora o quanto lamentam não estarem despoluídas as
águas de nossa baía.
Na verdade, para ganhar a disputa
pela realização aqui, no Rio de Janeiro, não se pejou a delegação olímpica de
prometer que assumíamos o compromisso de despoluir as águas da Guanabara, assim
como as da Lagoa Rodrigo de Freitas.
Não vai aumentar o ibope internacional
do Brasil. Confrontados com essa falta de um mínimo senso de compromisso e de
respeito à palavra empenhada, a quebra da promessa foi feita como se fosse de
uma questão menor.
A irresponsabilidade de certas
autoridades brasileiras é gritante. Ao que parece, esses senhores pensam
resolver o gravíssimo problema com um 'lamento muito, mas infelizmente não vai
ser possível...' Para ganhar a sede da
Olimpíada, prometer e não cumprir, já nos desmoraliza internacionalmente
(mentir para vencer a disputa não é uma boa saída, tanto pelo aspecto da imagem
do país, quanto pela possibilidade de haver consequências piores, com a
desmoralização das autoridades anfitriãs, o que será instrumentalizado por
muitos dos perdedores. E o pior de tudo é que a razão estará com eles.)
O New
York Times de hoje publica carta da nadadora e maratonista aquática Lynne Cox,
que é uma advertência às autoridades esportivas e aos próprios atletas com
respeito ao grave perigo que para os nadadores apresentam as águas poluídas da
Baía da Guanabara.
Não me cabe transcrever essa
correspondência, que receberá, estou certo, a atenção da mídia, dada a
delicadeza da questão, as implicações sanitárias envolvidas, inclusive a
respectiva patologia.
A competidora Lynne Cox alude à única
competição de longa distância - é a sua especialidade - que não logrou
terminar. Trata-se de certame no rio Nilo. Tendo de nadar através da água
poluída por esgotos, ratos e cães mortos, conta que lutava por terminar a
prova, mas ao cabo de quinze milhas, ela quase desmaiou. Na sala de emergência, foi informada que se achava extremamente desidratada e que poderia ter
morrido.
A sua correspondência traz alguns
dados que gostaria muito que pudessem ser contraditados. No entanto, como um
subsecretário do Rio de Janeiro que mergulhara na baía para tentar demonstrar
que as águas não inspiram cuidados, foi
advertido por autoridades sanitárias que ele correra sério risco ao fazer o seu (patriótico) mergulho. Que as águas da Guanabara continuem poluídas é uma
vergonha para os brasileiros e os cariocas em particular (os poucos golfinhos
que aqui restam configuram uma espécie em rápida (local) extinção).
O que a nadadora Lynne Cox tenta
viabilizar é que esse tipo de competição em mar aberto (praia de Copacabana)
seja transferido para outro local ou país. Como esgoto não-tratado dos doze
milhões de habitantes do Rio de Janeiro fluiria (segundo a articulista) na Baía
de Guanabara todos os dias, e que essa água deve atingir a praia de Copacabana
(que está fora da baía, mas suscetível pela cercania de receber uma
parcela dessas águas infectadas), a
atleta recomenda que a competição seja transferida para outro local: "os
eventos aquáticos devem ser transferidos para águas seguras e limpas - e se
isso não puder ser encontrado no Brasil, tais eventos devem ser transferidos
para outro país".
( Fonte: The New York Times )
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