terça-feira, 10 de maio de 2016

Perspectivas de Trump

                                

       Ao contrário do passado, a candidatura do milionário Donald Trump - que até agora financiou a participação nas primárias com os próprios fundos - pretende valer-se da estrutura do Partido Republicano para colher contribuições para a respectiva campanha.
      A partir de agora, o milionário Trump espera ter apoio da experiente rede do GOP para abastecer a respectiva bolsa, deixando de valer-se dos próprios milhões de dólares.
      Será uma transição não especialmente fácil para ser empreendida, dada a reticência não só das instâncias partidárias, mas sobretudo dos grandes financiadores das causas (conservadoras) do GOP.
      Tome-se, v.g., os paradigmáticos irmãos (petroleiros) Koch, que até o momento não tem demonstrado muito interesse em financiar a campanha do magnata hoteleiro. Tem-se empenhado, no entanto, na campanha para o Senado, interessados em que os republicanos lá mantenham a respectiva maioria.  Já quanto à Câmara dos Representantes, o interesse parece morno, dadas as presentes condições do gerrymander prevalecente desde o censo de 2010, logo depois da tunda apanhada pelos democratas, por cortesia do ainda  inexperiente Barack Obama...
      Estamos ainda a muitos meses do embate da eleição. Por enquanto, a vantagem na votação indireta (que é a que conta) é largamente  de   Hillary Clinton com 347 delegados contra 191 para Trump.
      Mesmo perdendo 5% em cada estado, a candidata democrata ainda venceria. Só se cair 10% em todos os estados é que Hillary perderia para Trump.
       Por ora, os estados azuis (aqueles com maioria democrata) superam de longe os vermelhos (aqueles com vantagem republicana).  Nunca é demais, de resto, sinalizar mais uma idiossincrasia estadunidente. Lá estado vermelho quer dizer favorável ao GOP, enquanto na maioria esmagadora dos países vermelho é a cor da esquerda, e azul da direita. Não, nos EUA, em que um red state (estado vermelho) quer dizer estado conservador, em que os republicanos têm maioria... E o blue state (estado azul) indica que é progressista e favorece o Partido Democrata...
        Just for the record[1],  o nome de Hillary Clinton é mencionado juntamente com o de Donald Trump, como se ela também não mais tivesse adversário no campo democrata.  Embora a nomination seja inalcançável por Bernie Sanders (que continua disputando as primárias restantes), tecnicamente o Senador por Vermont ainda está na liça. Ao que parece, Sanders prefere permanecer, tanto para incomodar Hillary, quanto para marcar posição na esquerda. Mas na realidade seria só para inglês ver, a menos que haja algum desenvolvimento hoje imprevisível.
           Dada, no entanto, a própria agressividade (já questionou até a capacidade de Hillary de governar, e o fato de tê-la atacado algo pesadamente no plano de aceitação de donativos de Wall-Street), ele tornou extremamente improvável que a virtual candidata venha a  convidá-lo para compor  a chapa democrata, ele na qualidade de vice, o que tem sido prática bastante comum na política americana.
           De resto, Sanders faz parte daquele grupo do eu-sozinho (ele próprio é um independente no Vermont, e só se vincula aos democratas no Senado americano por conveniência de grupo político). Em debates anteriores, contraposto a senhoras na política de Vermont,  tem vincado a sua atitude de jerk[2],  dizendo coisas desagradáveis para as senhoras que são suas rivais na eleição, o que irrita o eleitorado e  lhe condiciona a respectiva derrota nas urnas...

( Fonte: The New York Times )i H  H  H     H   i H   



[1] Só por conta da presente situação
[2] chato, indivíduo de maus humores.

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