Desde algum tempo fora do noticiário
internacional, a guerra de Putin contra a Ucrânia reponta no New York Times, com a troca, nesta
quarta-feira, 25 de maio, da piloto ucraniana Nadiya Savchenko por dois
prisioneiros russos.
Piloto de helicóptero, a Tenente Nadiya Savchenko, que já era
celebridade ucraniana antes da guerra, como primeira mulher piloto de combate,
havia sido aprisionada por rebeldes na área oriental conflagrada. Corte russa a
sentenciara a 22 anos de prisão por
assassínio (o pretexto foi que servia como sinalizadora de artilharia, e que
direcionou o fogo para check-point
rebelde, matando jornalista russo).
Contra o que chamou de farsa, a
Savchenko protestara com veemência contra tais acusações, indo até a greve de
fome. E durante o cativeiro na Rússia, Nadiya Savchenko foi eleita 'in absentia' para o Parlamento
ucraniano.
A dita troca de prisioneiros tem
relevância porque desmonta a lenda do Kremlin
que sempre negou mandar soldados através da fronteira ucraniana, neste conflito
bienal que tem sido o mais sangrento na Europa desde o dos Bálcãs há dez anos
atrás.
A despeito de o Ministério da Defesa
da Federação Russa negar qualquer vinculação com os dois russos presos -
Capitão Yevgeny Yerofeyev e o Sargento Aleksandr Aleksandrov - as autoridades
ucranianas os colocaram atrás de jaula de vidro durante o julgamento em Kiev,
como exemplos vivos dos 'pequenos homens de verde' (soldados que não portam qualquer insígnia
nos seus uniformes - com vestimenta idêntica àquela dos destacamentos invasores da Criméia em 2014
).
A Tenente Savchenko, engajada, como
voluntária, na infantaria na área de Luhansk na Ucrânia oriental, fora aí
capturada pelos rebeldes. Segundo Moscou,
ela teria posteriormente escapado de seus captores, e tentado atravessar a
fronteira como refugiada...
É difícil acreditar que essa negociação
possa servir como prelúdio à paz entre os dois países. Não foi apenas por 'punição'
ao povo ucraniano por derrubar o presidente filo-russo Viktor Yanukovytch, que Vladimir Putin atacara a Ucrânia
oriental. Além da anexação ilegal da
Crimeia - que a diplomacia brasileira da então presidente Dilma, em negra
página de sua história, aceitou - gospodin Putin tem outros objetivos
territoriais na Ucrânia oriental, de que dificilmente se resignará a renunciar.
Sem embargo, como o ataque
não-provocado a esse importante país -
talvez o maior dentre aqueles situados no espaço que Moscou designa
ominosamente como "o próximo
estrangeiro" - causou várias sanções à Federação Russa,
algumas delas bastante penosas, não se pode descartar que um real procedimento
de paz possa ser do agrado do autocrata russo.
Não
há negar, contudo, que eventual devolução da Crimeia representaria uma
concessão assaz difícil, sobretudo se tivermos presente o atual ativismo russo,
dentro de ótica, senão restauradora, pelo menos ambiciosa, do Kremlin de aproximar-se de linhas de ação
militar, adotadas no passado pela União Soviética.
Mas para solucionar problemas prima facie inabordáveis é que existe a
diplomacia, e por isso não se poderia excluir que essa pílula amarga venha a
ser adocicada pelo Ocidente, dentro de negociação global.
(Fonte: The New York Times).
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