quarta-feira, 25 de maio de 2016

Kiev e Moscou trocam prisioneiros

                            


           Desde algum tempo fora do noticiário internacional, a guerra de Putin contra a Ucrânia reponta no New York Times, com a troca, nesta quarta-feira, 25 de maio, da piloto ucraniana Nadiya Savchenko por dois prisioneiros russos.
         Piloto de helicóptero, a Tenente Nadiya Savchenko, que já era celebridade ucraniana antes da guerra, como primeira mulher piloto de combate, havia sido aprisionada por rebeldes na área oriental conflagrada. Corte russa a sentenciara a 22 anos de prisão por assassínio (o pretexto foi que servia como sinalizadora de artilharia, e que direcionou o fogo para check-point rebelde, matando jornalista russo).
         Contra o que chamou de farsa, a Savchenko protestara com veemência contra tais acusações, indo até a greve de fome. E durante o cativeiro na Rússia, Nadiya Savchenko foi eleita 'in absentia' para o Parlamento ucraniano.
          A dita troca de prisioneiros tem relevância porque desmonta a lenda do Kremlin que sempre negou mandar soldados através da fronteira ucraniana, neste conflito bienal que tem sido o mais sangrento na Europa desde o dos Bálcãs há dez anos atrás.
           A despeito de o Ministério da Defesa da Federação Russa negar qualquer vinculação com os dois russos presos - Capitão Yevgeny Yerofeyev e o Sargento Aleksandr Aleksandrov - as autoridades ucranianas os colocaram atrás de jaula de vidro durante o julgamento em Kiev, como exemplos vivos dos 'pequenos homens de verde'  (soldados que não portam qualquer insígnia nos seus uniformes - com vestimenta idêntica àquela dos  destacamentos invasores da Criméia em 2014 ).
   
         A Tenente Savchenko, engajada, como voluntária, na infantaria na área de Luhansk na Ucrânia oriental, fora aí capturada pelos rebeldes.  Segundo Moscou, ela teria posteriormente escapado de seus captores, e tentado atravessar a fronteira como refugiada...          

            É difícil acreditar que essa negociação possa servir como prelúdio à paz entre os dois países. Não foi apenas por 'punição' ao povo ucraniano por derrubar o presidente filo-russo Viktor Yanukovytch,   que Vladimir Putin atacara a Ucrânia oriental.  Além da anexação ilegal da Crimeia - que a diplomacia brasileira da então presidente Dilma, em negra página de sua história, aceitou - gospodin Putin tem outros objetivos territoriais na Ucrânia oriental, de que dificilmente se resignará a renunciar.

            Sem embargo, como o ataque não-provocado a esse importante país  - talvez o maior dentre aqueles situados no espaço que Moscou designa ominosamente como "o próximo estrangeiro" -   causou várias sanções à Federação Russa, algumas delas bastante penosas, não se pode descartar que um real procedimento de paz possa ser do agrado do autocrata russo. 

                Não há negar, contudo, que eventual devolução da Crimeia representaria uma concessão assaz difícil, sobretudo se tivermos presente o atual ativismo russo, dentro de ótica, senão restauradora, pelo menos ambiciosa, do Kremlin de aproximar-se de linhas de ação militar, adotadas no passado pela União Soviética.
   
              Mas para solucionar problemas prima facie inabordáveis é que existe a diplomacia, e por isso não se poderia excluir que essa pílula amarga venha a ser adocicada pelo Ocidente, dentro de negociação global.


(Fonte: The New York Times).

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