Trump volta a visitar Washington. O inesperado
dissenso do Speaker da Câmara de
Representantes, Mr Paul Ryan, de uma certa forma, quebrou o gelo nos contatos de Donald Trump com a alta liderança do GOP, que pisava em ovos só em pensar reunir-se numa sala com
esse senhor que continua para eles uma espécie de enigma (a par dos comentários
impublicáveis).
Ora, até Trump deve saber da estória
do perigo em que não se decifre um enigma.
Por isso, a luz amarela/vermelha da
declaração do Speaker da Casa de
Representantes - e quer queiram, quer não, a estatura hierárquica de Paul Ryan é a mais alta no Partido
Republicano - condicionou o candidato republicano a não partir de pronto para
as suas reações habituais (sair na ignorância), e mostrar - o que não deixou de
ser notado - um certo jogo de cintura.
Talvez, ainda desinformado das
variações do candidato, Mr Ryan foi muito amável em suas observações a respeito
de Mr Trump, embora continue a calar sobre o que mais interessa ao candidato
republicano, vale dizer significar-lhe o respectivo apoio.
Os grandes de Washington no palco
do GOP não nasceram exatamente ontem.
Sabem lidar com fenômenos políticos e entendem o que não é dito. Por exemplo,
sem dizê-lo, valorizam a vinda de Donald Trump a Washington, e para bom
entendor não desconhecem que a sua vinda ao Capitólio fala mais em termos de
unidade partidária que um longo e
enfadonho comunicado.
Eles tampouco ignoram que a
chamada equipe de Trump não é exatamente a esquadra inglesa nos seus dias de
glória, mas que a vinda do candidato populista e, quer queiram quer não,
trucidou politicamente todos os seus adversários republicanos, encerra outro
importante mensagem não-escrita: Trump
entende que a união - ou no pior dos casos - a aparência de união pode
ser muito útil para os seus planos eleitorais.
Por isso, há o temor nos altos
círculos partidários de que o Speaker Ryan teste demasiado a paciência de Mr
Trump, e pense que um elogio aqui e outro ali bastam para mantê-lo manejável e
calmo.
Em outras palavras, cada um deve
estar bem consciente do respectivo cacife. E dos limites da paciência do
candidato republicano.
( Fonte: The New York Times )
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