quinta-feira, 12 de maio de 2016

Mr Trump vai a Washington

                              

        Trump volta a visitar Washington. O inesperado dissenso do Speaker da Câmara de Representantes, Mr Paul Ryan, de uma certa forma, quebrou o gelo nos contatos de Donald Trump com a alta liderança do GOP, que pisava em  ovos só em pensar reunir-se numa sala com esse senhor que continua para eles uma espécie de enigma (a par dos comentários impublicáveis).
         Ora, até Trump deve saber da estória do perigo em que não se decifre um enigma.
          Por isso, a luz amarela/vermelha da declaração do Speaker da Casa de Representantes - e quer queiram, quer não, a estatura hierárquica  de Paul Ryan é a mais alta no Partido Republicano - condicionou o candidato republicano a não partir de pronto para as suas reações habituais (sair na ignorância), e mostrar - o que não deixou de ser notado - um certo jogo de cintura.
           Talvez, ainda desinformado das variações do candidato, Mr Ryan foi muito amável em suas observações a respeito de Mr Trump, embora continue a calar sobre o que mais interessa ao candidato republicano, vale dizer significar-lhe o respectivo apoio.
            Os grandes de Washington no palco do GOP não nasceram exatamente ontem. Sabem lidar com fenômenos políticos e entendem o que não é dito. Por exemplo, sem dizê-lo, valorizam a vinda de Donald Trump a Washington, e para bom entendor não desconhecem que a sua vinda ao Capitólio fala mais em termos de unidade partidária que um  longo e enfadonho comunicado.
             Eles tampouco ignoram que a chamada equipe de Trump não é exatamente a esquadra inglesa nos seus dias de glória, mas que a vinda do candidato populista e, quer queiram quer não, trucidou politicamente todos os seus adversários republicanos, encerra outro importante mensagem não-escrita:  Trump entende que a união - ou no pior dos casos - a aparência de união pode ser muito útil para os seus planos eleitorais.
              Por isso, há o temor nos altos círculos partidários de que o Speaker Ryan teste demasiado a paciência de Mr Trump, e pense que um elogio aqui e outro ali bastam para mantê-lo manejável e calmo.
              Em outras palavras, cada um deve estar bem consciente do respectivo cacife. E dos limites da paciência do candidato republicano.



( Fonte:   The New York Times )

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