Determinado a vencer em grande número de eventos
esportivos nas recentes Olimpíadas de Inverno em Sochi, na Federação Russa, o Kremlin tratou de criar condições para sofisticada
utilização do doping por número
respeitável de atletas russos, movido decerto pelo patriótico desejo de
colocá-los em condições de igualdade contra os perigosos estrangeiros.
Tal envolvimento da autoridade
governamental russa veio à tona através de relatório publicado em novembro de
2015, pela Agência Mundial Anti-Doping, que acusou a Rússia de doping sistemático de atletas em programa
de patrocínio estatal.
Com a divulgação do Relatório da
Agência Mundial Anti-Doping, que acusou formalmente a Rússia de tais práticas
anti-deportivas, intensificou-se a pressão sobre o chefe do laboratório russo
anti-doping, Grigory Rodchenkov.
Uma vez publicado internacionalmente
o aludido Relatório, os problemas de Rodchenkov com as autoridades
governamentais russas aumentaram. Com efeito, a divulgação das práticas pelo
relatório lançaram suspicácias sobre o laboratório em Moscou, mas também sobre
a Agência russa anti-doping.
Ele incontinenti foi convocado por Vitaly
Mutko, Ministro para o Esporte, que exigiu a sua pronta demissão. Vendo que
não tinha outra saída, temendo virar mais do que bode expiatório do programa
governamental, morador compulsório em alguma dacha siberiana, Grigory tratou de
sair da Rússia, viajando às carreiras para os Estados Unidos.
A esse respeito, segundo assinala
o New York Times, o escândalo da
corrupção na FIFA (com a prisão inclusive de paredros importantes do futebol latino-americano, então presentes
em congresso em Zurique) levou à prisão de José Maria Marin, na época
presidente da CBF. Marin, depois de
longa detenção na Suiça, foi extraditado para os Estados Unidos, aos cuidados
do FBI, onde até hoje se acha em prisão domiciliar, graças a pagamento de
polpuda fiança, determinado por juiz de distrito nova-iorquino.
Na sua companhia estava Marco Polo del Nero, hoje
presidente da CBF, que por motivos súbitos e inexplicáveis foi tomado de
um caso extremo de xenofobia [1],
nunca mais tendo viajado para o exterior.
Cabe, de resto, assinalar que se são
autônomas a investigação da corrupção pelo Distrito do Leste do FBI - que já
implicou, graças à cooperação da FIFA,
na prisão não só de Marin, mas de muitos outros cartolas latino-americanos - assim
como a verificação sobre doping russo, não há negar que algumas figuras com trânsito
internacional possam ter ligações com essas práticas no esporte russo quanto
com o futebol mundial.
Como se vê no governo Putin,
as felpudas raposas podem ter âmbito de ação que as leve a cuidar também de
esportes de inverno. Nesse sentido, o Dr. Rodchenkov esteve implicado em ações
arriscadas em altas horas da noite para destruir amostras
de urina batizada (tainted) de
atletas russos, sob ordens diretas do
governo russo.
Por fim, é inteligível que o
Dr. Rodchenkov não esteja muito otimista
quanto ao respectivo futuro. Além de ver barrado o próprio retorno à
mãe-pátria, por considerações pessoais facilmente compreensíveis, vive em Los
Angeles com medo do longo braço do Federal
Bureau of Investigations.
( Fonte: artigo em 'The New York Times' sob o título
"O Departamento de Justiça Abre Investigação sobre o Escândalo
Russo de Doping")
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