terça-feira, 17 de maio de 2016

Escândalo de Doping na Rússia

                                          

          Determinado a vencer em grande número de eventos esportivos nas recentes Olimpíadas de Inverno em Sochi, na Federação Russa, o Kremlin tratou de criar condições para sofisticada utilização do doping por número respeitável de atletas russos, movido decerto pelo patriótico desejo de colocá-los em condições de igualdade contra os perigosos estrangeiros.
          Tal envolvimento da autoridade governamental russa veio à tona através de relatório publicado em novembro de 2015, pela Agência Mundial Anti-Doping, que acusou a Rússia de doping sistemático de atletas em programa de patrocínio estatal.
          Com a divulgação do Relatório da Agência Mundial Anti-Doping, que acusou formalmente a Rússia de tais práticas anti-deportivas, intensificou-se a pressão sobre o chefe do laboratório russo anti-doping, Grigory Rodchenkov.
           Uma vez publicado internacionalmente o aludido Relatório, os problemas de Rodchenkov com as autoridades governamentais russas aumentaram. Com efeito, a divulgação das práticas pelo relatório lançaram suspicácias sobre o laboratório em Moscou, mas também sobre a Agência russa anti-doping.
            Ele incontinenti foi convocado por Vitaly Mutko, Ministro para o Esporte, que exigiu a sua pronta demissão. Vendo que não tinha outra saída, temendo virar mais do que bode expiatório do programa governamental, morador compulsório em alguma dacha siberiana, Grigory tratou de sair da Rússia, viajando às carreiras para os Estados Unidos.
              A esse respeito, segundo assinala o New York Times, o escândalo da corrupção na FIFA (com a prisão inclusive de paredros importantes  do futebol latino-americano, então presentes em congresso em Zurique) levou à prisão de José Maria Marin, na época presidente da CBF. Marin, depois de longa detenção na Suiça, foi extraditado para os Estados Unidos, aos cuidados do FBI, onde até hoje se acha em prisão domiciliar, graças a pagamento de polpuda fiança, determinado por juiz de distrito nova-iorquino.
               Na sua companhia estava Marco Polo del Nero, hoje  presidente da CBF, que por motivos súbitos e inexplicáveis foi tomado de um caso extremo de xenofobia [1], nunca mais tendo viajado para o exterior.
                Cabe, de resto, assinalar que se são autônomas a investigação da corrupção pelo Distrito do Leste do FBI - que já implicou, graças  à cooperação da FIFA, na prisão não só de Marin, mas de muitos outros cartolas latino-americanos - assim como a verificação sobre doping russo,  não há negar que algumas figuras com trânsito internacional possam ter ligações com essas práticas no esporte russo quanto com o futebol mundial.
                  Como se vê no governo Putin, as felpudas raposas podem ter âmbito de ação que as leve a cuidar também de esportes de inverno. Nesse sentido, o Dr. Rodchenkov esteve implicado em ações arriscadas em altas horas da noite para destruir  amostras  de urina batizada (tainted) de atletas russos, sob  ordens diretas do governo russo. 
                   Por fim, é inteligível que o Dr. Rodchenkov não esteja muito otimista  quanto ao respectivo futuro. Além de ver barrado o próprio retorno à mãe-pátria, por considerações pessoais facilmente compreensíveis, vive em Los Angeles com medo do longo braço do Federal Bureau of Investigations.
    
( Fonte:  artigo em 'The New York Times' sob o título "O Departamento de Justiça Abre Investigação sobre o Escândalo Russo de Doping")
  



[1] horror ao estrangeiro

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