quinta-feira, 19 de maio de 2016

Se for coerente, Maduro tem de cair

                              

           A Venezuela de Nicolas Maduro é, de certo modo, a má caricatura do Brasil de Dilma Rousseff. A desorganização que essa Senhora criou - e não esperou um instante sequer para começá-la. Pela imprensa, e por outros meios, se verificará que esta Senhora, dada a sua mente de peculiar economista, desde os principios de seu primeiro governo, acreditava piamente que a inflação ajudaria no desenvolvimento de Pindorama. E a prova está em que não duvidava da capacidade de domar a carestia através de discursos retóricos, em que pensava exorcizar o gênio mau da inflação. Com frases tipo 'não permitirei' o seu cérebro de economista muito peculiar acreditava no poder de controlar o dragão.
           Como petista de carteirinha, Dilma não poderia ler pela cartilha do Plano Real. Devia execrá-lo - pelo que fez com ele - e mais tarde se embananaria nas contas movimento, nas capitalizações (em que Lula, orientado por Mantega, se iria abeberar), e em todos os outros mecanismos infalíveis da contabilidade dita criativa que seriam posteriormente abandonados pelo caminho, enquanto floriam os déficits orçamentários e se fortalecia dona Carestia, de volta ao Brasil que tanto amara.
           O leitor distraído terá oportunidade de ler nos jornalões os comoventes testemunhos de todos os viúvos (e viúvas) do regime petista. É tal a disparidade com a realidade que caíu em função não só da incompetência, mas também da florescente corrupção, que com todo o respeito que tais nomes merecem, muitos se vêem na constrangedora obrigação de perguntar-se por que diabos um regime tão benéfico e tão amado de conglomerado intelectual se terá esboroado da maneira por todos (ou quase todos) vista.
            A corrupção a princípio endêmica e depois epidêmica será outra patranha da mídia, essa criatura infernal que os intelectuais petistas abominam e tentam mesmo em procedimentos memoráveis exorcizar?
            Ou será que acomete, como a nova peste da modernidade, a esquizofrenia, colocando para a classe dos psiquiatras formidável desafio, eis que se vêem com partidas ideologias, em que ação e pensamento se bifurcam, num movimento que alienistas de passadas épocas se sentiriam compelidos a encarar como fenômenos transmissíveis?
             Para todo o retrato, encontraremos a caricatura na realidade. Em termos políticos, o irrealismo tupiniquim que atingiu o Partido dos Trabalhadores, levando-o a confundir habilidade econômico-financeira com manipulações de que se ocupa famoso artigo do código brasileiro, não é que ora apresenta uma cópia disforme em um país limítrofe, que está beirando a ruína, por força de um caminhoneiro que em má hora o líder Chávez deixou como herança para seus infelizes súditos ?
            No entanto, a despeito de todas as suas insânias e burrices, esse seu sucessor leva o nome de Nicolás Maduro.
            Nunca um sobrenome se adequou tanto à realidade de um país, assim como ao fremente desejo da grande maioria da população.
            Pela incompetência, pelas próprias arbitrariedades e pendores para uma cavalar burrice, este senhor implantou o caos na Venezuela. Não se pode nem comparar o pandemônio do país-irmão como se fora um reino de opereta,  pois essa ramo musical menor merece respeito  como diria o slogan do homem-público Eduardo Cunha.
            Mas há no entanto uma esperança. O projeto de ditador se chama Maduro!
            E por todas as suas violências, vilanias e velhacarias, ninguém está mais maduro para cair do que esse Senhor!
            Quando tal desgraça vier a ocorrer, surgirão, como cogumelos na floresta, muitas visões discordantes do bom Maduro. É o amargo destino da América Latina, um continente esquecido por Deus, em que os homens fortes teimam em surgir para infernizá-la, como se o Continente, a que Américo Vespuccio deu o nome, merecesse tão triste sina.



( Fonte: Folha de S. Paulo )