Enquanto
Donald Trump estaria sozinho no campo republicano, a situação de Hillary
Clinton não seria a mesma. Com efeito, Bernie Sanders é candidato tão tenaz,
quanto teimoso. A par disso, embora as suas
vitórias em primárias não lhe garantam, na aparência, possibilidade de
chegar a Filadelfia em condições de disputar a Convenção, enquanto estiver vivo
politicamente e ganhar primárias, como a última em Indiana, está fora de
questão, por motivos óbvios, a sua saída da liça presidencial.
De qualquer forma, os analistas
políticos costumam fazer cotejos entre Trump e Clinton, prejulgando uma decisão
que ainda tardará bastante, dado o número de estados que realizarão primárias.
Como Sanders, que, na verdade não pertence a
partido algum, constituindo aquilo que os americanos chamam de independente, ele não perderá a
oportunidade de incomodar a front-runner.
As vitórias para ele em diversas das
disputas programadas representarão ulteriores oportunidades de importunar e
mesmo de tentar enfraquecer a candidata que já dispõe de vantagem inatingível.
No entanto, na sua irritação contra a
adversária, ele agora procura, ao invés dos meios que o habilitassem a chegar
em posição de força à convenção, alinhar
uma série de vitórias que expusesse as supostas fraquezas de Hillary, ou que
até mesmo reforçasse a sua possível - mas não provável por ora - presença na
chapa democrática.
Depois dos dardos, das indiretas e
diretas lançadas contra a candidata em vantagem, semelha difícil justificar a inclusão na chapa para alguém que já pôs em dúvida a capacidade
da adversária em governar...
É lógico que a política costuma ser
vista como a arte de conciliar-se, e mesmo de engolir sapos, mas mesmo assim
tal perspectiva semelha aqui assaz difícil. Sem embargo, já houve 'casamentos'
mais incôngruos do que este, para que alguém se anime a excluir por inteiro tal
possibilidade.
De qualquer forma, as primárias se
tornaram para Hillary uma maneira de induzi-la a conviver com várias
realidades, e até mesmo na Califórnia, sendo o maior colégio eleitoral e,
portanto, colocando a necessidade de aí afirmar-se vitoriosamente, para afastar
dúvidas e afirmar a própria primazia.
É também evidente que, enquanto
continuarem as primárias, mesmo sem aparente função específica, Hillary carece
de estar muito atenta, pois todos os olhares - ou quase todos - tentarão pela
enésima vez avaliá-la. É um jogo que parece tolo, mas que pode ser tão perigoso
quanto cruel. E só a circunstância de poder atravessá-las indene, representará
meio caminho andado para a jornada de inevitável cotejo com o adversário
republicano.
( Fonte: The New York Times )
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