Fala-se agora na disposição de Lula
de vir em socorro de Dilma, depois de afirmar que não mais o faria. Fala-se,
igualmente, do aumento da responsabilidade e sobretudo da presença do ex-presidente no
novo governo nominalmente sob as ordens de Dilma Rousseff. E fala-se, por fim,
em termos elogiosos da disposição de Nosso Guia em colaborar com as
investigações.
De Dilma, por outro lado, se diz que ela
mexeu em e cortou ministérios que declarara 'imexíveis', além de um coro
realmente comovente de que cortou as remunerações dos respectivos ministérios.
Ora, direis... Na verdade, já ouvimos observações
mais sensatas e argumentos mais originais a respeito de Luiz Inácio Lula da
Silva. Lula fará o que for possível para salvar Dilma Rousseff, que não só é
sua criatura, mas também porque o impeachment
não será apenas visto como condenação da presidente (como o foi o de
Fernando Collor, que era ele sim um ponto fora da curva), mas confundido com
declaração de firma reconhecida da incompetência e da corrupção desse governo
petista.
No que concerne à esperteza de Lula da
Silva acho que há limites para tal admiração, eis que a sua postura junto ao
ganho reflete sede insaciável, implicando na diminuição da postura
presidencial. Um presidente deve trabalhar pelas exportações de seu país, mas
há enorme diferença em quem concorda transformar-se em lobista, e em aceitar
falas que lhe são preparadas pelas mega-empresas.
Por outro lado, mesuras à parte, Lula
é chamado como testemunha no processo da Lava-Jato. Não pode dizer o que bem
entende. O seu fio da navalha é ou a verdade, ou o silêncio (este trazendo as
implicações de auto-incriminação).
Quanto à Dilma, avança no Tribunal de
Contas o parecer do Ministro Augusto
Nardes. Diante disso, e da petição de Hélio
Bicudo, um homem honrado nessa República, que até já foi do PT e dele saíu por
causa da podridão do Mensalão, uma vez arquivada pelo Presidente Eduardo Cunha
(PMDB/RJ), deverá ter o arquivamento contestado pelas forças políticas
pró-impeachment.
Aí, o Rubicon será cruzado, e as sortes
serão lançadas. Nessa hora, o santo PMDB será invocado em altares e até em
pejis, com lancinantes pedidos pela salvação na hora extrema.
Não é hora de cuidar da lã das cabras,
mas sim de comoventes discursos que clamam pela salvação da pátria em perigo.
Como essas ameaças são muitas e até
opostas, será bom apertar as narinas e conter a respiração, para ver o que vem
por aí.
É de pensar-se que nessa altura do
campeonato,as opções pro e contra impeachment estão sendo sopesadas por um
variegado tropel, que em muitos casos tem a mesma catadura. A verdade terá seu peso, como na petição do
Dr. Bicudo, mas será que ela prevalecerá como o cavaleiro da triste figura,
para surpresa de muitos? Porque se os argumentos falam alto, o que dirá o exame
cauteloso dos interesses da política?
( Fontes: O Globo, Folha de S. Paulo )
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