sábado, 3 de outubro de 2015

Sem Escolha


                                           

        Fala-se agora na disposição de Lula de vir em socorro de Dilma, depois de afirmar que não mais o faria. Fala-se, igualmente, do aumento da responsabilidade  e sobretudo da presença do ex-presidente no novo governo nominalmente sob as ordens de Dilma Rousseff. E fala-se, por fim, em termos elogiosos da disposição de Nosso Guia em colaborar com as investigações.

       De Dilma, por outro lado, se diz que ela mexeu em e cortou ministérios que declarara 'imexíveis', além de um coro realmente comovente de que cortou as remunerações dos respectivos ministérios.

       Ora, direis... Na verdade, já ouvimos observações mais sensatas e argumentos mais originais a respeito de Luiz Inácio Lula da Silva. Lula fará o que for possível para salvar Dilma Rousseff, que não só é sua criatura, mas também porque o impeachment não será apenas visto como condenação da presidente (como o foi o de Fernando Collor, que era ele sim um ponto fora da curva), mas confundido com declaração de firma reconhecida da incompetência e da corrupção desse governo petista.

        No que concerne à esperteza de Lula da Silva acho que há limites para tal admiração, eis que a sua postura junto ao ganho reflete sede insaciável, implicando na diminuição da postura presidencial. Um presidente deve trabalhar pelas exportações de seu país, mas há enorme diferença em quem concorda transformar-se em lobista, e em aceitar falas que lhe são preparadas pelas mega-empresas.

         Por outro lado, mesuras à parte, Lula é chamado como testemunha no processo da Lava-Jato. Não pode dizer o que bem entende. O seu fio da navalha é ou a verdade, ou o silêncio (este trazendo as implicações de auto-incriminação).

        

        Quanto à Dilma, avança no Tribunal de Contas  o parecer do Ministro Augusto Nardes.  Diante disso, e da petição de Hélio Bicudo, um homem honrado nessa República, que até já foi do PT e dele saíu por causa da podridão do Mensalão, uma vez arquivada pelo Presidente Eduardo Cunha (PMDB/RJ), deverá ter o arquivamento contestado pelas forças políticas pró-impeachment.

        Aí, o Rubicon será cruzado, e as sortes serão lançadas. Nessa hora, o santo PMDB será invocado em altares e até em pejis, com lancinantes pedidos pela salvação na hora extrema.

       Não é hora de cuidar da lã das cabras, mas sim de comoventes discursos que clamam pela salvação da pátria em perigo.

       Como essas ameaças são muitas e até opostas, será bom apertar as narinas e conter a respiração, para ver o que vem por aí.

      

       É de pensar-se que nessa altura do campeonato,as opções pro e contra impeachment estão sendo sopesadas por um variegado tropel, que em muitos casos tem a mesma catadura.  A verdade terá seu peso, como na petição do Dr. Bicudo, mas será que ela prevalecerá como o cavaleiro da triste figura, para surpresa de muitos? Porque se os argumentos falam alto, o que dirá o exame cauteloso dos interesses da política?

 

( Fontes:  O Globo, Folha de S. Paulo )

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