Não serviu
muito ao governista Daniel Scioli - que obteve 36,86%
dos votos - tentar dissociar-se de Cristina Kirchner e do chamado kirchnerismo.
Veio incomodá-lo Maurício Macri que, com 34,33%, os
quais, fora dos padrões portenhos, tornaram indispensável o segundo turno.
O peronismo
kirchnerista perdeu a maioria na Câmara dos Deputados, assim como a governança
da província de Buenos Aires.
O grande
escritor argentino Jorge Luis Borges detestava peronistas e, por conseguinte, o
peronismo, que julgava a expressão da vulgaridade senão da própria boçalidade.
Ter esse
movimento com tal força a ponto de a grande maioria intitular-se peronista, é
sintoma algo preocupante, se guardarmos uma Weltanschaung[1]
próximo dessa ideologia de massas que se tornaria o peronismo na Argentina.
Como aumentou
deveras, carece hoje de adjetivos identificadores, como o do kichnerismo. Há de ver-se que existe uma personalização
extrema no mundo dos hermanos, característica que tende a assustar um pouco.
A
personalização do pensamento político semelha à primeira vista um certo
exagero. E que a identificação seja invadida por tantos, a ponto de que se
tenha de recorrer a qualificativos personalistas como o sobrenome do caolho, como o chamou em um rasgo de
intimidade Pepe Mujica - que faz
pouco acaba de despedir-se com a habitual honradez da segunda presidência no vizinho Uruguai.
A situação
política na Argentina ainda está indefinida. A esse propósito, em sua nota
hodierna Miriam Leitão pondera que é
cedo para comemorações, eis que ' no fim das contas, o primeiro e o terceiro
colocados são peronistas'.
Diante do
perigo, os bichos se costumam agrupar em bandos da mesma cor.
Caberia ao
oposicionista Macri reunir as oposições no turno final. Resta saber se terá
condições para tanto, quebrando os laços de dois agrupamentos de sufrágios
pró-peronismo.
A bagunça
econômico-financeira - trazida pela Viúva de Kirchner - e que rivaliza
com outra mais ao norte, poderá ser a causa principal que motivará o Povo Soberano.
É de ver-se
se Mauricio Macri terá o talento político e a mensagem para tanto.
( Fonte: O
Globo )
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