quinta-feira, 1 de outubro de 2015

Salvamento in extremis ?


                                   

        Depois de muito resistir, Dilma acabou cedendo a Lula em toda a linha. Segundo o ex-presidente, 'Dilma fez agora o que deveria ter feito em novembro', logo após a reeleição.

        Qual foi a ação julgada indispensável e potencialmente salvadora por Lula da Silva?

         É a nomeação do Ministro da Defesa, Jaques Wagner, para o gabinete civil, onde substitui a Aloizio Mercadante, inculpado de muitos dos problemas e tropeços sofridos por Dilma Rousseff.

         Se a substituição desse fundador do PT, considerado habilidoso na articulação política,  posto no lugar do amigo Mercadante, resolverá os problemas políticos - e notadamente no Congresso - de Dilma é outra estória.

         Note-se que há dez anos atrás, quando estourou a crise do Mensalão que quase levou de cambulhada a candidatura do choramingante Lula a mais um mandato presidencial, Jaques Wagner assumira a articulação política e logrou ajeitar a casa para azeitar a reeleição de Lula da Silva. Por não ter-se esquecido desse fato importante, é que o ex-presidente vinha há muito repetindo a necessidade de trazer com urgência para a Casa Civil o atual Ministro da Defesa (e ex-governador da Bahia) para arrumar a casa de Dilma, bastante descomposta também no prisma político-partidário, como logo se verificou com a eleição de Eduardo Cunha para a Presidência da Câmara, contra o candidato do PT, Arlindo Chinaglia.

          Simplificando, quiçá em demasia, Lula assinalou que 'Dilma fez agora o que deveria ter feito em novembro', quando se reelegeu.  De qualquer forma, consoante a vontade do criador, Dilma reexpediu para a Educação o amigo do peito Mercadante (a quem são atribuídas as muitas tropelias políticas sofridas por Dilma II), o que pode ser cômodo, mas nem sempre conforme à verdade.

         Na hora da salvação, a elegância e a correção são regras por conveniência omitidas no manual da política.  Mercadante volta para a Educação, de onde é retirado sumariamente Renato Janine Ribeiro, que se terá dado conta de que sem verba nem um grande nome como ele pode singrar tranquilo os mares da referida pasta.

        Enquanto a popularidade de Dilma continua muito baixa - subiu um ponto, com a aprovação grimpando para dez por cento - Vinicius Torres Freire especula que "faz duas semanas, Lula negocia de modo frenético de esfriar a chapa do impeachment e de embananar a Lava Jato".  Os cronistas muita vez substituem o que não podem saber por estrambóticas operações.

        Da latitude do poder de Lula de negociar está o futuro à espreita, diante da sua colocação como testemunha. Quanto a estropiar a Lava Jato, quem sabe a cavalaria tenha ouvido o toque de corneta tarde, e a sua desejada (por alguns) investida poderá ser vista como tropel no vazio.

        As crises, sendo políticas, podem imitar as nuvens, como lembrava Magalhães Pinto. Outro fator, que é o responsável em pôr o impeachment em discussão no Congresso, atravessa um momento peculiar. Como isso vai acabar, é difícil de prognosticar.

          Deixar, no entanto, na gaveta por muito uma petição assinada por Hélio Bicudo, um dos pouquíssimos varões de Plutarco ora disponíveis, implica em risco ou até em oportunidade, dada a situação de quem tem cuidado da respectiva gaveta.

 

( Fontes: O  Globo; Folha de S. Paulo e coluna de Vinicius Torres Freire )  

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