Depois de muito resistir, Dilma
acabou cedendo a Lula em toda a linha. Segundo o ex-presidente, 'Dilma fez
agora o que deveria ter feito em novembro', logo após a reeleição.
Qual foi a ação julgada indispensável e
potencialmente salvadora por Lula da Silva?
É a nomeação
do Ministro da Defesa, Jaques Wagner, para o gabinete civil, onde substitui a
Aloizio Mercadante, inculpado de muitos dos problemas e tropeços sofridos por
Dilma Rousseff.
Se a
substituição desse fundador do PT, considerado habilidoso na articulação
política, posto no lugar do amigo
Mercadante, resolverá os problemas políticos - e notadamente no Congresso - de
Dilma é outra estória.
Note-se que
há dez anos atrás, quando estourou a crise do Mensalão que quase levou de
cambulhada a candidatura do choramingante Lula a mais um mandato presidencial,
Jaques Wagner assumira a articulação política e logrou ajeitar a casa para
azeitar a reeleição de Lula da Silva. Por não ter-se esquecido desse fato
importante, é que o ex-presidente vinha há muito repetindo a necessidade de
trazer com urgência para a Casa Civil o atual Ministro da Defesa (e
ex-governador da Bahia) para arrumar a casa de Dilma, bastante descomposta
também no prisma político-partidário, como logo se verificou com a eleição de
Eduardo Cunha para a Presidência da Câmara, contra o candidato do PT, Arlindo
Chinaglia.
Simplificando, quiçá em demasia, Lula assinalou que 'Dilma fez agora o
que deveria ter feito em novembro', quando se reelegeu. De qualquer forma, consoante a vontade do
criador, Dilma reexpediu para a Educação o amigo do peito Mercadante (a quem são
atribuídas as muitas tropelias políticas sofridas por Dilma II), o que pode ser
cômodo, mas nem sempre conforme à verdade.
Na hora da
salvação, a elegância e a correção são regras por conveniência omitidas no
manual da política. Mercadante volta
para a Educação, de onde é retirado sumariamente Renato Janine Ribeiro, que se
terá dado conta de que sem verba nem um grande nome como ele pode singrar
tranquilo os mares da referida pasta.
Enquanto a
popularidade de Dilma continua muito baixa - subiu um ponto, com a aprovação
grimpando para dez por cento - Vinicius Torres Freire especula que "faz
duas semanas, Lula negocia de modo frenético de esfriar a chapa do impeachment e de embananar a Lava
Jato". Os cronistas muita vez
substituem o que não podem saber por estrambóticas operações.
Da latitude do
poder de Lula de negociar está o futuro à espreita, diante da sua colocação
como testemunha. Quanto a estropiar a Lava Jato, quem sabe a cavalaria tenha
ouvido o toque de corneta tarde, e a sua desejada (por alguns) investida poderá
ser vista como tropel no vazio.
As crises,
sendo políticas, podem imitar as nuvens, como lembrava Magalhães Pinto. Outro
fator, que é o responsável em pôr o impeachment em discussão no Congresso,
atravessa um momento peculiar. Como isso vai acabar, é difícil de prognosticar.
Deixar, no
entanto, na gaveta por muito uma petição assinada por Hélio Bicudo, um dos
pouquíssimos varões de Plutarco ora disponíveis, implica em risco ou até em
oportunidade, dada a situação de quem tem cuidado da respectiva gaveta.
( Fontes: O Globo; Folha de S. Paulo e coluna de Vinicius Torres Freire )
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