Logo agora que o governo de Dilma
Rousseff entra nas águas agitadas da tramitação parlamentar do impeachment, a alegre categoria dos
bancários dá sinal do respectivo sentido de oportunidade, tanto cívica quanto
política, de entrar em mais uma justíssima greve, convocada de supetão e com
fanfarras, reclamando de salários que não acompanham a inflação.
Como se sabe, e
mais ainda em Pindorama, a greve é sagrado direito do trabalhador, mas forçoso
será reconhecer que em termos de sacralização de paradas sindicais, não há
classe de trabalhadores que possa bater os bancários. Sempre postados junto às
ameias da respectiva fortaleza, estão prontos a invocar tal direito, quando
sentem a possibilidade de que a respectiva paga esteja ameaçada, e não por um
impreciso perigo, porém pela solerte ameaça da inflação.
Nessa hora
aziaga, em que a administração petista de dona Dilma se vê posta em perigo por
uma série de mendazes calúnias - entre as quais chegam a espalhar tenha ela redesperto
a carestia - essa briosa categoria volta a agitar-se em busca de novos
aumentos.
Outra calúnia
que espalham consiste na suposta circunstância de que é muito fácil mergulhar
nas águas turvas das paradas sindicais. Os detratores desse sagrado direito não
levam na devida conta que a classe bancária é mais sensível às perdas no poder
aquisitivo da respectiva paga.
Rebatem, é
verdade, as acusações contra dona Dilma, por haver redesperto a inflação. Na
realidade, ela deve ser outra vítima dos banqueiros, que eles sim trouxeram a
carestia de volta!
Se se acusa a classe dos bancários por dá cá
aquela palha convocar novas paradas sindicais, tal se deve ao sentido cívico da
categoria, e não a qualquer fácil certeza de que receberá de volta todos os
dias em que esteve democraticamente empenhada na sagrada defesa dos direitos da
respectiva classe.
Insidiosamente, os patrões espalham que é fácil fazer greve no Brasil,
eis que ao contrário de outros países que se dizem mais adiantados, aqui todos
os seus direitos estão assegurados, inclusive receber por todos os dias em que
não puderam trabalhar, porque empenhados na sagrada missão da greve.
A pobre Dilma
Rousseff, contra quem ora lançam o malvado impeachment
- mais essa palavra estrangeira que trazem agora para o Brasil - tampouco
pode ser responsabilizada pela inflação, que a mendaz oposição lhe atribui, só
pela circunstância de as datas coincidirem com as de sua progressista administração.
Companheiros e
companheiras grevistas, não caiam na trampa da oposição!
Nas longas filas junto às máquinas bancárias - que muita vez não mais funcionam
- o povo terá que entender o desprendimento do bancário em greve, por mais que
isso lhe cause transtornos!
Aparentemente
a agitação dos bancários dá a impressão de trazer água ao moinho dos
banqueiros. É um erro, companheiros! Pacientem um pouco mais nas filas que o
dia da libertação irá logo raiar!
( Fonte: O Globo,
Folha de S. Paulo )
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