Confissões de Dennis Hastert
J.
Dennis Hastert é o republicano que mais tempo permaneceu como Speaker da Casa de Representantes, se o
cálculo for feito exclusivamente entre os membros do Grand Old Party. Em termos de democratas, como o histórico no
século passado de predomínio do partido de F.D.R. se afigura muito mais longo,
as possibilidades de um(a) democrata poder hoje arrebatar esse título - a
possibilidade no caso seria a de Nancy Pelosi, deputada pela Califórnia
na época e atualmente líder da minoria - se afiguram bastante mais reduzidas
(em termos de galgá-lo em caráter absoluto, eis que esta teria de acrescentar
ao próprio total - que ainda deve andar por um dígito -, mais o suficiente para
superar os 17 anos como Speaker de
Sam Rayburn.
Não fez
decerto mal à democracia estadunidense que os democratas como Sam Rayburn tenham
tornado essa Câmara como feudo da própria maioria na Câmara Baixa, como o
demonstram amplamente os dezessete anos na cadeira do Speaker de Sam Rayburn), e por outro lado, Tip
O'Neill que atuara sobretudo nos tempos de Watergate, haja sido o segundo em duração.
Assim, não
deve surpreender que alguém sem particular brilho como Dennis Hastert - e saído da vitória urdida por Newt Gingrich do
chamado Contrato com a América (na qual o GOP dominou as duas
legislaturas, o que há muito não ocorria com os republicanos) - se tenha
firmado na Casa e lá ficado o tempo
suficiente para marcar esse record de
manutenção da cadeira de Speaker.
No entanto,
Mr Hastert vai agora passar para os anais políticos americanos como mais um
representante do povo que por causa de crime comum vá ficar por algum tempo
(não está precisado ainda o período) privado da liberdade, em prisão pública
federal.
Por força do andamento do processo no
tribunal, o ex-deputado deverá mudar a
sua respectiva admissão em relação ao
delito em juizo, que de inocente
(not-guilty passa para culpado (guilty).
Além disso, na sua próxima audiência -
segunda-feira, dezenove de outubro - o Sr. Hastert deverá assumir de que
acusações ele assume a culpa, e de quais se considera inocente.
Como o
processo se caracterizou pela confidencialidade - o Sr. Hastert pagou por
longos anos a alguém que presumivelmente o chantageava por grave infração
penal. Por outro lado, a fim de que o segredo não vazasse o ex-Speaker se terá
valido de vários artifícios para ocultar quem fazia os pagamentos, e, por isso
constam do processo infrações ao direito bancário. Tampouco estão determinados
quais são efetivamente os crimes cometidos pelo político americano.
Tragédia ou Farsa ?
Cresce a lista dos manda-chuvas
no PT que pedem a cabeça do Ministro da Fazenda, Joaquim Levy.
Depois que
o Sr. Lula da Silva se deslocou da Pauliceia para Brasília, aonde pede
regularmente pela ministerial cabeça (que no seu entender seria responsável de
boa parte do males que ora assolam
impiedosos o governo de sua protegida, a rainha de um só dígito), os tempos realmente ficaram interessantes para o Ministro da Fazenda
do governo Dilma.
Contudo,
uma das características dos suplícios chineses das velhas dinastias - que a
imperatriz Cixi, a última das reinantes, e talvez uma das personalidades mais
importantes da história do Império do Meio, não pôde todos abolir por absoluta
falta de tempo - é a sua persistência.
Essa
continuidade seria a responsável por boa parcela do incômodo que provocam.
Igualmente, não sei se o leitor se considera um egg-head (por ter a forma de ovo, em geral desprovida de formações
capilares, o respectivo crânio pode induzir a que seja chamado de intelectual ou de cabeça de ovo, se morar nos Estados Unidos ), mas talvez não lhe
escape que tempos interessantes consta de visão pessimista dos chineses de o que possa ocorrer em épocas
que os pósteros venham a considerar interessantes.
Para o
chinês, nada é pior que os períodos assinalados por grandes mudanças, que
tornam a vida dos pobres mortais - para usar um adjetivo muito atual -
complicada. Daí o conselho a evitar - se tal é possível - essas idades
turbulentas, que nada de bom parecem prometer...
Agora o
atacante da vez é o senhor Rui Falcão, que, segundo a Folha, defende mudanças na política econômica do governo, como
aumento da oferta de crédito.
Assim,
se o Ministro Joaquim Levy se opuser a tais mudanças, deve deixar o cargo. No
entender do Presidente do PT : "está errada a política de contenção
exagerada do crédito".
Para
agilizar o processo, Falcão declara que ela ( a Presidenta) deve incentivar o
consumo com a injeção de crédito na
economia a partir de mecanismos com flexibilização do compulsório dos bancos
privados (valores que eles são obrigados a reter como reserva).
Incentivar
o consumo? mas não era isso que estava na raiz da política econômica do
Dilma I? e que os intelectuais petistas
contavam provocar com as desonerações fiscais, entre outras? Perdão, deputado,
mas não estará o senhor por acaso batendo outra vez na mesma tecla? E, se me
perdoe a curiosidade, onde foram parar os milhões de reais flexibilizados pela
abertura das burras da viúva ?
Prezado Ministro Levy,
Tem-se a impressão, Ministro, que não
é o motivo que importa no caso em tela. É, por isso, Ministro que cresce o
número daqueles que desejam escorraçá-lo do governo.
Mas
veja bem e com cuidado. O senhor defende uma nave que faz água em muitos
lugares. A sua saída da torre de comando tornará irreversível o processo. Essa
gente tem tratado o senhor não só de forma desrespeitosa - porque o senhor não
pleiteou o cargo - e se está empenhando em manter o barco em condições de
navegabilidade. Se eles não entendem do riscado, e mesmo assim despejam
censuras e mais censuras, enquanto lá para cima há um atroador, na verdade
insuportável silêncio, detenha-se um momento, prezado Ministro a quem continuo
a admirar, e pense, mas pense bem, se isso não seria um trabalho perdido ?, se
a Senhora que o nomeou, ou não o quer, ou - o que dá na mesma - não tem
condições de querê-lo?
( Fontes: The New York Times, Folha de S. Paulo )
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