domingo, 18 de outubro de 2015

Colcha de Retalhos C 40


                                

Confissões de Dennis Hastert

 

       J. Dennis Hastert é o republicano que mais tempo permaneceu como Speaker da Casa de Representantes, se o cálculo for feito exclusivamente entre os membros do Grand Old Party. Em termos de democratas, como o histórico no século passado de predomínio do partido de F.D.R. se afigura muito mais longo, as possibilidades de um(a) democrata poder hoje arrebatar esse título - a possibilidade no caso seria a de Nancy Pelosi, deputada pela Califórnia na época e atualmente líder da minoria - se afiguram bastante mais reduzidas (em termos de galgá-lo em caráter absoluto, eis que esta teria de acrescentar ao próprio total - que ainda deve andar por um dígito -, mais o suficiente para superar os 17 anos como Speaker de Sam Rayburn.  

        Não fez decerto mal à democracia estadunidense que os democratas como Sam Rayburn tenham tornado essa Câmara como feudo da própria maioria na Câmara Baixa, como o demonstram amplamente os dezessete anos na cadeira do Speaker de Sam Rayburn), e por outro lado, Tip O'Neill que atuara sobretudo nos tempos de Watergate, haja sido o segundo em duração.

         Assim, não deve surpreender que alguém sem particular brilho como Dennis Hastert - e saído da vitória urdida por Newt Gingrich do chamado Contrato com a América (na qual o GOP dominou as duas legislaturas, o que há muito não ocorria com os republicanos) - se tenha firmado na Casa e lá ficado o  tempo suficiente para marcar esse record de manutenção da cadeira de Speaker.

          No entanto, Mr Hastert vai agora passar para os anais políticos americanos como mais um representante do povo que por causa de crime comum vá ficar por algum tempo (não está precisado ainda o período) privado da liberdade, em prisão pública federal.

          Por força do andamento do processo no tribunal, o ex-deputado deverá  mudar a sua respectiva admissão em relação ao  delito em juizo, que de inocente (not-guilty passa para culpado (guilty).      

           Além disso, na sua próxima audiência - segunda-feira, dezenove de outubro - o Sr. Hastert deverá assumir de que acusações ele assume a culpa, e de quais se considera inocente.

           Como o processo se caracterizou pela confidencialidade - o Sr. Hastert pagou por longos anos a alguém que presumivelmente o chantageava por grave infração penal. Por outro lado, a fim de que o segredo não vazasse o ex-Speaker se terá valido de vários artifícios para ocultar quem fazia os pagamentos, e, por isso constam do processo infrações ao direito bancário. Tampouco estão determinados quais são efetivamente os crimes cometidos pelo político americano. 

Tragédia ou Farsa ?

           Cresce a lista dos manda-chuvas no PT que pedem a cabeça do Ministro da Fazenda, Joaquim Levy.

            Depois que o Sr. Lula da Silva se deslocou da Pauliceia para Brasília, aonde pede regularmente pela ministerial cabeça (que no seu entender seria responsável de boa parte do  males que ora assolam impiedosos o governo de sua protegida, a rainha de um só dígito), os tempos realmente ficaram interessantes para o Ministro da Fazenda do governo Dilma.

             Contudo, uma das características dos suplícios chineses das velhas dinastias - que a imperatriz Cixi, a última das reinantes, e talvez uma das personalidades mais importantes da história do Império do Meio, não pôde todos abolir por absoluta falta de tempo - é a sua persistência.

              Essa continuidade seria a responsável por boa parcela do incômodo que provocam.

               Igualmente, não sei se o leitor se considera um egg-head (por ter a forma de ovo, em geral desprovida de formações capilares, o respectivo crânio pode induzir a que seja chamado de intelectual ou de cabeça de ovo, se morar nos Estados Unidos ), mas talvez não lhe escape que tempos interessantes consta de visão pessimista  dos chineses de o que possa ocorrer em épocas que os pósteros venham a considerar interessantes.

               Para o chinês, nada é pior que os períodos assinalados por grandes mudanças, que tornam a vida dos pobres mortais - para usar um adjetivo muito atual - complicada. Daí o conselho a evitar - se tal é possível - essas idades turbulentas, que nada de bom parecem prometer...

              Agora o atacante da vez é o senhor Rui Falcão, que, segundo a Folha, defende mudanças na política econômica do governo, como aumento da oferta de crédito.    

              Assim, se o Ministro Joaquim Levy se opuser a tais mudanças, deve deixar o cargo. No entender do Presidente do PT : "está errada a política de contenção exagerada do crédito".

             Para agilizar o processo, Falcão declara que ela ( a Presidenta) deve incentivar o consumo com  a injeção de crédito na economia a partir de mecanismos com flexibilização do compulsório dos bancos privados (valores que eles são obrigados a reter como reserva).

            Incentivar o consumo? mas não era isso que estava na raiz da política econômica do Dilma I?  e que os intelectuais petistas contavam provocar com as desonerações fiscais, entre outras? Perdão, deputado, mas não estará o senhor por acaso batendo outra vez na mesma tecla? E, se me perdoe a curiosidade, onde foram parar os milhões de reais flexibilizados pela abertura das burras da viúva ?

            Prezado Ministro Levy,

             a pobreza argumentativa de seus potenciais algozes me parece solidamente demonstrada. O que causa maravilha ou estupefação que o seu caráter fraco não se afigura suficiente para que sejam afastados da cena.

           Tem-se a impressão, Ministro, que não é o motivo que importa no caso em tela. É, por isso, Ministro que cresce o número daqueles que desejam escorraçá-lo do governo.

               Mas veja bem e com cuidado. O senhor defende uma nave que faz água em muitos lugares. A sua saída da torre de comando tornará irreversível o processo. Essa gente tem tratado o senhor não só de forma desrespeitosa - porque o senhor não pleiteou o cargo - e se está empenhando em manter o barco em condições de navegabilidade. Se eles não entendem do riscado, e mesmo assim despejam censuras e mais censuras, enquanto lá para cima há um atroador, na verdade insuportável silêncio, detenha-se um momento, prezado Ministro a quem continuo a admirar, e pense, mas pense bem, se isso não seria um trabalho perdido ?, se a Senhora que o nomeou, ou não o quer, ou - o que dá na mesma - não tem condições de querê-lo?

( Fontes: The New York Times,  Folha de S. Paulo )
 

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