Democracia sem contrapartida é uma
verdadeira democracia? Esta pergunta, que faz parte das contradições - ou da
hipocrisia - do regime ora vigente sob - e põe sob nisso! - a preponderância ideológica do lulo-petismo, não é indagação acadêmica ou eventual argumento pro domo suae, mas sim a viga mestra do
domínio inconteste da coalizão do sindicalismo lulo-chavista.
Gostaria de,
antes de adentrar no meu discurso, prestar a devida homenagem a grande e
saudoso amigo meu, que considero verdadeiro mestre. Como já escrevi nessas
linhas, Pedro Neves da Rocha jamais
votaria para presidente em quem não tivesse o curso superior completo.
Então - nos
idos de 2002 - pensei que fora idiossincrasia de alguém não-impregnado pelo
sentir da Nação brasileira, que naqueles tempos ansiava pelo novo. Embora um
sufrágio nesse multitudinário processo possa semelhar coisa de lana caprina, os anos posteriores me
ensinaram da real potencialidade deste erro.
Pois não
era regra esdrúxula e estulta! O domínio do PT se traduziu em queda
generalizada no apreço devido à democracia.
Para Lula et caterva isso está
bem, eis que para o neo-sindicalismo - que veio desvirtuar a nossa prática
política - a divindade a ser cultuada não é o respeito ao adversário e à
norma da eventual alternância de poder.
E não me reporto apenas a práticas que bem
serviram a Império e República. i.e.,
a diplomacia de estado (que foi quem nos legou e garantiu as extensas
fronteiras do Estado brasileiro). Uma das tristes regras dos governos
sindicalistas é a ignorância do passado e de nossos maiores. Quem pode ter mestres respeitados se se pauta
por Cristina de Kirchner, Nicolás Maduro, Rafael Correa ou gente da mesma
têmpera?
Alguém acaso
já se dispôs a computar o enorme estrago que as eleições da candidata tirada da
algibeira de Lula da Silva nos acarretaram?
Em país com
as enormes diferenças de renda e instrução
de Pindorama, já será difícil vencer alguém com enormes quintais de
voto assegurado, como as extensas áreas no Nordeste sob domínio de programa
estatal que garante ao PT um voto de cabresto, como é o Bolsa-Família. O mais trágico nesse assistencialismo, bancado pela Viúva, é que, como mostra o Maranhão,
trata-se na prática de trilha sem volta, cuja única suposta obrigação é
sufragar o gerarca petista da vez. A ideia que presidiu ao bolsa-educação de Cristóvão Buarque pouco ou nada tem a
ver com o parasitismo desvairado do programa petista, que se transformou em
cínica alavanca de voto, pago pelo contribuinte, e como de sólito, dentro do aparelhamento
petista do Estado, transformado em apoio automático para o lulismo.
O que se
deve fazer para vencer essa barreira auto-imposta, e que como moléstia
demasiado conhecida, se multiplica em um esquema de poder que se vai tornando cada vez mais difícil
derrubar ?
Nesse contexto
que ainda não é trágico - mas que caminha para sê-lo, se não encontrarmos saída
democrática - as últimas reflexões do novel re-Ministro da Educação Aloizio
Mercadante seriam de chorar, se não refletem hipocrisia ainda mais cínica e
entranhada. Sua Excelência o Ministro, enxotado do Planalto porque pelo visto a
arregimentação política não é seu forte, volta ao antigo abrigo do Ministério
que deveria ser o símbolo da Pátria
Educadora, esse slogan de última
hora com que Dilma Rousseff pensou emperiquitar o seu segundo mandato (sabe-se
lá como conseguido). E o sábio Mercadante filosofa sobre o tempo excessivo
consumido pelas greves no setor estudantil e/ou professoral! A resposta é fácil:
o grevismo só tenderá a agravar-se,
porque não implica qualquer sacrifício, seja de mestres ou alunos. Sob a ficção
da compensação da interrupção das aulas, pelo suposto tempo adicional
ministrado pelos professores, tudo será atendido!
Talvez o
regime adequado para o Brasil seja o parlamentarismo. Sem a rigidez do presidencialismo - essa
camisa-de-força que envergamos (com curtíssimo intervalo) desde a quartelada de
quinze de novembro - o parlamentarismo, ainda que caboclo, nos serviu bem no
Segundo Império, a que os milicos tristemente decidiram pôr um fim às vésperas
do cinquentenário do segundo reinado,
acabando assim, nas pálavras célebres de estadista argentino, com a
única república na América Latina!
Como já
temos ouvido em demasia, se o parlamentarismo aqui vigorasse, o gabinete Dilma
já seria coisa do passado e de há muito!
Além
disso, ficaríamos livres dos presentes de grego de quem passa por esperto
político. Quiçá seja ainda prematuro
sonhar pelo fim da corrupção nessas bandas, mas que as coisas se tornariam mais
simples, e ao ver-nos livres desta triste simbiose do corrupto com o ineficaz logo desembarcaríamos em mais uma conquista do
Brasil!
Será preço
bastante módico o de enxotarmos essa canalha corrupta, e passarmos a viver na
democrática insegurança do Parlamentarismo.
Se não
traríamos os Bragança de volta - malgrado a sua dignidade, ao contrário de
outras famílias por aí - pelo menos instituiríamos o regime ideal para o
Brasil: o governo transparente, sem ilusões de eternidade, nem sonhos de
corrupção a qualquer prazo. Se cada país tem a família reinante (ou governante)
que merece, acho que concordarão comigo que o prazo de validade dos Lula da
Silva já está mais do que vencido!
( Fontes: O Globo, Folha de S.Paulo, Émile Zola )
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