domingo, 4 de outubro de 2015

Colcha de Retalhos C 38

                                      

Ataque por engano a hospital

 
     Um bombardeio aéreo em hospital de Médicos sem Fronteiras matou pelo menos dezenove pessoas no Afeganistão, além de destruir as instalações do nosocômio.

      Sendo um centro de traumatologia na cidade de Kunduz, o hospital seria o único na área (sob fogo cruzado entre tropas do governo afegão e talibãs) em condições de tratar ferimentos graves.

       Dada as dificuldades de comunicação, e o fim de semana, há notícias desencontradas. Por um lado, o caso foi classificado como crime de guerra pelas Nações Unidas, sendo que os militares americanos admitiram 'que podem ter sido' os autores dos bombardeios, enquanto o governo afegão disse que a ofensiva tinha por alvo terroristas escondidos no hospital.

       As vítimas fatais incluem doze funcionários da Médicos sem Fronteiras, além de sete pacientes - três deles crianças - que se achavam nas dependências do nosocômio alvejado por engano.

 
Lula é informante ou testemunha ?

 

       Embora pareça a primeira vista bizantinismo jurídico,  pode-se verificar pela coluna hodierna de Merval Pereira que não é bem assim.

       Ao invés de ser ouvido na qualidade de 'testemunha'  - como desejou estabelecer o Procurador-Geral-da-República, Rodrigo Janot (o que foi interpretado pelo colunista como extrapolação das respectivas prerrogativas) - o Ministro Teori Zavascki definiu, no respectivo despacho, que o ex-presidente Lula da Silva será ouvido como 'informante' e não como 'testemunha'.

       Como sublinha o colunista político de O Globo trata-se de decisão totalmente atípica, pois Lula  já não tem foro privilegiado (e dessa circunstância está muito bem inteirado). O Ministro Zavascki - que é o relator no Supremo da Lava-Jato - está criando uma figura que não existe nos inquéritos, mas apenas nos processos criminais, cíveis ou mesmo administrativos, segundo especifica o criminalista Ary Bergher. Já nos inquéritos existem apenas os investigados e as testemunhas.

       Assim, como se explica, nos processos, quando a testemunha é parente ou ligada ao réu, não recebe o status de testemunha, porque não poderia jurar dizer a verdade. É então rotulada de informante. Como o ex-presidente Lula é ligado ao PT, não pode ser testemunha, parece ter raciocinado o Ministro Teori Zavascki.

      Como se verifica pela coluna de Merval Pereira, há dúvidas sobre as consequências práticas de prestar ou não compromisso de 'dizer a verdade' : a testemunha deve prestá-lo, já o informante, não. O entendimento majoritário, no entanto, não exclui o informante, mesmo não prestando compromisso de dizer a verdade, de ser sujeito ativo do crime de falso testemunho (art. 342 do Código Penal).

        Essa posição não é partilhada por uma minoria, o que poderia ser interpretado, como aventa o colunista, que o Ministro Zavascki por aí poderia blindar Lula da prática de crime de falso testemunho.

        É notória, por outro lado, a carga pejorativa da designação de 'informante'. Já segundo Ary Bergher, a fonte jurídica de Merval Pereira, se ficar demonstrado nas investigações que Lula faltou com a verdade no seu depoimento, ele se tornará automaticamente indiciado no inquérito. Se  se  recusar a responder a certas perguntas, embora tenha esse direito, o seu comportamento poderá ser considerado como sinal de envolvimento.

        Nesse sentido, Ary Bergher não descarta a possibilidade de o delegado Josélio de Souza, dependendo das respostas de Lula, indiciá-lo imediatamente depois do interrogatório, se as investigações até o momento derem condições de demonstrar que o ex-presidente está escondendo a verdade.

 
Os Sete a Um, Cony e Lula

       

           Parecem experiências e personagens totalmente inassimiláveis ou incomparáveis. O  7x1 é o trauma nacional em versão diferente, mas que cada vez mais parece similar com os 2x1 do Uruguai, que calou o jovem Maracanã. Terá sido tão humilhante quanto o chute despretensioso de Ghiggia, e mostrou a impossibilidade psicológica de ganhar aqui o caneco. Lá fora, tudo bem, aqui, não. Mas é verdade que se aquele doeu um bocado, o de agora, machucou mais pela humilhação.

           Cony - e não é de hoje - mostra que conhecimento não é só poder. Agrega, mais do que desagrega, e se bem empregado, tende a aproximar as pessoas. Ou como nas suas colunas do domingo, trazer um ângulo inesperado, personagens esquecidos como Dana de Teffé, e até o tio Adolpho, cujo otimismo a vida comeu.

 

( Fontes:  O  Globo, Folha de S.   Paulo, Manchete ).             

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