quinta-feira, 15 de outubro de 2015

Boas novas para Hillary !


                                   
         O debate dos pré-candidatos democratas na noite de terça-feira, 13 de outubro, em Las Vegas, traria agradável surpresa para Hillary Clinton.

         Voltava à ribalta a conhecida e confiante Hillary, que demonstrava na aparência e na disposição, a consciência de estar afinal deixando para trás, após a longa noite de silêncios e meias respostas, a questão de sua utilização da conta privada de e-mails quando no Departamento de Estado.

         Fora inesperado favor para os democratas que Kevin McCarthy, o líder da maioria republicana na Câmara de Representantes, reconhecesse, em entrevista televisiva, que o espichamento da investigação sobre Benghazi se destinara precipuamente a ensombrecer as perspectivas da candidata Hillary.  Como se sabe, em Benghazi, na Líbia, fora bárbara e covardemente assassinado um grande arabista, o embaixador estadunidense Christopher Stevens e outros funcionários americanos.

        Que a tragédia de Benghazi seja utilizada como cínica oportunidade de ataque político à principal candidata do campo democrata desnudou a tática do GOP, reconhecida pelo próprio Kevin McCarthy a segunda figura em importância na Câmara Baixa, e por conseguinte não deixaria de colocar em posição favorável a combativa e temida Hillary.        

         Em Las Vegas Hillary voltaria a mostrar a disposição da candidata de 2008, quando foi a única concorrente de peso do então Senador Barack Obama. A atuação de Hillary, firme, alegre e determinada, a distinguiria dos demais candidatos, inclusive do Senador Bernie Sanders, populista de esquerda, que teve atuação discreta no debate.

         No entanto, o maior perdedor daquela noite não estava em Las Vegas. O Vice-Presidente depois de na prática renunciar à campanha, a ela meio que voltara, movido por sentimentos menos nobres, eis que a sua estratégia se fundava na previsão de eventual malogro da candidatura da ex-Senadora por New York.

          Esse óbvio oportunismo  - Biden sabia que a sua 'porção' de votos ele só a colheria às custas do  enfraquecimento de Hillary - representou um trunfo discutível para o vice-presidente, eis que marca o oportunista parasitismo da respectiva candidatura.

          Por outro lado, a famosa e demasiado batida questão dos e-mails particulares parece ter afinal encontrado o seu caminho para o rio do Letes. Este 'issue' crescera - como já me referi no blog - por causa de certa displicência  da pré-candidata, que, enquanto concerne à essa questão, preferia valer-se, a exemplo das touradas, de banderilleros e outros ajudantes leves nas corridas (de touros), pensando desmoralizar as imputações através de ataques superficiais e até desse mais denegrido expediente - que se recomenda em particular, mas nunca para um grande público, que é a escorregadia dubiedade da ironia...

           Somente quando Hillary se decidiu a lançar-se com a espada contra o tenaz touro do 'servidor de e-mails particulares' para patentear a inanidade da questão, é que a sua alegada importância aos olhos do grande público principiaria a definhar.

          Na noite de Los Angeles, reapareceu a candidata de 2008, com as suas respostas breves e cortantes, sempre acompanhadas do domínio da questão e da disposição alegre, mas firme e segura da tarimbada candidata.

          O próprio Senador populista de esquerda Bernie Sanders e seu até hoje mais aguerrido rival concedeu a Hillary uma inesperada dádiva ao declarar que 'o povo americano está cansado e farto de ouvir acerca de seus malditos e-mails'.  Além disso, Sanders concedeu à pré-candidata um meio de isolar ulteriormente a Joe Biden, se este, no futuro, tentasse valer-se da questão para atacar-lhe o caráter.

          Nas suas intervenções, a ex-Secretária de Estado nunca mencionou Joe Biden, mas com inegável habilidade Hillary pôs a nu o fato de que ela foi uma das poucas altas auxiliares de Barack Obama na sua decerto arriscada  escolha em resolver de forma definitiva o problema de Osama ben Laden.

          No dia seguinte, reporter mais imaginoso lhe perguntou se o seu companheiro de chapa estava presente no debate de Las Vegas.

          Com o seu riso iluminado de sempre, ela não negou que gostara da pergunta, mas não seria a candidata atilada e experiente se não respondesse que  preferia respondê-la no futuro, explicando - se tal fosse necessário - que carecia de mais pensar no assunto...   

 

( Fonte:  The New York Times )  

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