sexta-feira, 30 de outubro de 2015

A Groenlândia está derretendo


                                     

          O aquecimento global, que alguns tolos ou mal-intencionados, tentaram negar, está derretendo a Groenlândia! Na escola, aprendemos que essa ilha - cujo tamanho quase nos parecia continental - na verdade tem grande parcela de gelo.

           Isso a torna suscetível - muito suscetível mesmo - à influência do meio-ambiente.

          Notícia do New York Times, o fato importante agora não é se a enorme ilha vai ou não diluir-se nos mares do norte. Dadas as condições objetivas, a subida da temperatura, o seu desaparecimento do cenário não é mais uma dúvida. Cientistas lá acorrem em bandos, no afã de determinar quanto tempo levará ou para que ela vire ilha desimportante, ou, se por capricho dos mares, a veremos transformada em ilhota pequenina.

          Pelo fato de ser predominantemente agregado de gelo, um acidente glacial, a sorte que de repente seja determinada pela observação a cercania de um inglório fim pode levar muito leitor casual a meditar nos caprichos da sorte.

          Que essa ilha sempre exposta com destaque na cartografia se descubra de súbito vítima de um processo inelutável de desfazimento há de levar muito leitor a refletir sobre quão caprichosos podem ser os destinos humanos.

          Pensar em públicas personalidades presentes na publicidade, nas postagens da internet e nas páginas dos jornalões, e parar por pequeno momento e porventura exclamar: pocha, como a  vida pode ser pérfida, e preparar paradas como esta!

          Hoje a Groenlândia está em todos os mapas!  Com o calor da terra subindo, quanto tempo há de passar para que ela se desfaça, e os cartógrafos coitados tenham de atualizar seus mapas?

           Será o progresso? Com o pós-moderno, muitos tem a impressão de que as coisas mudam de forma tão súbita...

           Mas se bem refletirmos, não é de hoje que se fala que a Groenlândia está destinada a derreter.

           Grandona como é nos mapas, transmite impressão de firmeza e permanência, que, como os jornalistas ora afirmam, é apenas uma ilusão.

           Os povos mais primitivos costumam ler na natureza avisos ominosos, augúrios de sorte madrasta.

           Será que a Groenlândia representa um desses portentos que desenham impiedosos nos céus ou fora deles cruéis repaginações, de públicas figuras que vão aos poucos diminuindo, sob o confuso peso de ações disparatadas, que já no presente induzem a pessimismo?

           Será que procede ser a pequenez o destino da Groenlândia? Ou algo dessa grande ilha há de permanecer?

(Fonte: The New York Times )

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