Recordam-se os mais velhos daqueles
artigos - alguns assinados pelo hoje esquecido grande repórter David Nasser - de que faltaria alguém
nos bancos do Tribunal dos Vencedores da Segunda Guerra Mundial, reunido logo
em Nuremberg, o antro em que se gestara a praga do nazismo?
Mais uma vez o
corpo político de Pindorama enfrenta
o fenômeno do impeachment. Da vez
anterior, passara-se por essa prova em condições comparativamente menos
difíceis. Se a corrupção, infelizmente continua a grassar, quem está em causa
agora, cinco lustros transcorridos, não
é mirrado pequeno partido, capitaneado pelo mítico algoz dos marajás.
Como tantas
coisas no Brasil, o cenário continua a ser capítulo do direito penal, embora
não com a hipócrita denominação, proferida com lenço de renda nas narinas, dos
malfeitos. Pois não é de todo
aconselhável que a nova Administração brinque estouvadamente com fogo, como o
foi a esperta operação da faxina, com que dona Dilma lograria uns pontos de
popularidade nas crédulas massas de apoio.
Sem despertar
surpresa, as manchetes avisam que Dilma
já prepara defesa contra impeachment. Tampouco outro meio de comunicação de
massa nos diz - se preciso fora - das razões por que caem os presidentes: ao
cometerem a suma loucura de se tornarem
'altamente impopulares', de perderem 'apoio no Congresso' e, como se tal não
bastasse, de arruinarem 'a economia do país'.
Em se tratando
da candidata de algibeira da então Sua Excelência o Senhor Presidente da
República, não seria o caso de imitar exemplo histórico e de colocar por
igual no reservado às partes acusadas esta triste figura do ex-presidente Lula
da Silva, cujo filho, o alcunhado Lulinha, teve despesas pessoais no total de
R$ 2 milhões pagas pelo lobista Fernando Soares (Fernando Baiano), como consta de sua delação premiada ao Ministério
Público da União?
Mas por que o
Pai e não o Filho, que em verdade consta dessa invenção do diabo que é a
delação premiada, nefanda figura jurídica que antes condizia com personagens da
laia do traidor Silvério dos Reis, e hoje mais parece escada para igualar
malditos traidores a personalidades que se acreditavam acima de qualquer vil
suspicácia?
De resto, e
vincando a circunstância de que ela se sente a ele tão ligada, os leitores se
hão de lembrar dos impropérios lançados pela Presidenta - então em visita aos
Estados Unidos, a convite do amigo Barack Obama - contra a execrável grei desses
traidores, a quem Dilma busca colocar no mesmo saco de outros vis fementidos,
como se o Povo fosse tolo e trocasse quem vende a Pátria a quem denuncia um vil
ladrão do erário público...
Nesse
contexto, semelha oportuno relembrar a resposta - cuja qualificação parece
preferível deixar por conta do leitor - do ex-presidente Lula da Silva,
desfazendo, como se fora coisa de somenos, da circunstância de que o filho
Lulinha virara milionário. Pois não é que o ex-torneiro mecânico e dirigente
sindical, respondeu de forma airada: 'Estamos em país livre! É por acaso
proibido tornar-se milionário ?'
Aos advogados,
cabe desmerecer das acusações. Seria proveitoso para o Brasil, no entanto, que
o processo do impeachment, na medida do possível, seja breve. De um lado
temos o dr. Hélio Bicudo, um varão de Plutarco, que os leguleios devem cuidar
de lidar com muitas luvas, porque não é de todo aconselhável tentar desfazer de
quem tem por companheira a honradez.
No meio do
caminho, não está uma pedra, mas o acossado Presidente da Câmara, Deputado
Eduardo Cunha (PMDB-RJ). Ele diz que decidirá amanhã se abre processo de impeachment contra a Presidente Dilma
Rousseff.
Cabe à defesa
da Presidenta - como a qualquer defesa - desmerecer da ação contra a sua
representada. Para tanto, o advogado da chapa Dilma e Michel Temer, Flávio
Caetano recebeu ontem parecer dos juristas Celso Antônio Bandeira de Mello e
Fábio Konder Comparato, que terá dupla serventia: servirá de base para a defesa da chapa no
Tribunal Superior Eleitoral (TSE) e também será válido contra a ação fundada na
rejeição das contas de Dilma Rousseff de 2014, que acaba de ser exarada, por
unanimidade, pelo Tribunal de Contas da União (TCU).
Como se tal
não bastasse, um grupo de deputados do PT já entrou com mandado de segurança no
Supremo Tribunal Federal (STF), contra o rito de eventual tramitação dos
pedidos de impeachment, anunciado por
Cunha.
Dentro da
usual estratégia advocatícia de desfazer a validade da acusação, os juristas
Mello e Comparato sustentam que a reprovação das contas da Presidente pelo TCU
não constitui crime de responsabilidade, sendo insuficiente para a abertura de
um processo de impeachment. E não ficam por aí. Os ditos juristas Celso Bandeira de Mello e
Fábio Comparato asseveram, outrossim, que tampouco o TSE teria poder para,
eventualmente, cassar os mandatos.
A linguagem dos pareceres pode mudar,
dependendo de quem os assine e dos títulos que o curriculum vitae e, em especial, o renome respectivo faça por
assinalar e respeitar.
Não há negar
contudo que o impeachment é um
processo político por excelência, e por mais se esforcem em contrário, a sua
base está no sentir de deputados e senadores, e na caixa de ressonância do Povo
Soberano.
E não haverá
santo nessa Igreja - por maiores e mais facundos que sejam os respectivos
defensores - que intentará salvar a principal acusada se a Nação compartilhar o
sentir de que é mais do que hora que o Brasil se veja livre de uma gestora
porventura julgada nesta barra infiel pelas muitas e ponderáveis razões
desfiadas pelos seus acusadores, com o Dr. Hélio Bicudo à frente.
( Fontes: O
Globo, Folha de S. Paulo, Rede Globo, VEJA, Drummond de Andrade )
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