O processo de impeachment da Presidente Dilma Rousseff foi sustado por dois ministros do Supremo,
atendendo a mandados de segurança, de partidos da base de sustentação da
Presidenta (PT e o cliente PCdoB).
No primeiro,
assinado pelo deputado Wadih Damous
(PT-RJ), se pede que sejam anuladas as regras definidas pelo presidente
Eduardo Cunha, de que, no caso de indeferimento, qualquer deputado poderia
recorrer, e a questão seria decidida pelo plenário da Câmara, por maioria
simples.
O Ministro Teori Zavascki concedeu liminar para suspender a eficácia das regras da
Presidência da Câmara. A par disso, solicitou que Eduardo Cunha dê informações
sobre o caso.
No
segundo, assinado pelo deputado
Rubens Pereira Jr. (PCdoB-MA) se pede
a suspensão das regras definidas por Cunha. Pede, outrossim, que Cunha seja
impedido de analisar qualquer pedido de impeachment contra Dilma até que o STF
julgue o mérito do mandato de segurança.
A Ministra Rosa Weber concedeu liminar para suspender a eficácia das regras
definidas por Cunha até o julgamento do mérito do ação. Mas não se manifestou sobre
o segundo pedido do mandado de segurança.
No terceiro mandado, assinado pelo
deputado Paulo Teixeira (PT-SP), a Ministra
Rosa Weber concedeu outra liminar ao PT para suspender os efeitos das
regras definidas por Cunha até o julgamento final da reclamação. Além disso,
pede informações ao Pres. Cunha e à Procuradoria-Geral da República, antes de
levar o caso ao plenário do STF.
Há duas
considerações a fazer. É de especular-se que as modificações ao procedimento
legal estabelecido para o processamento dos pedidos de impeachment possa ter
influenciado pela presente situação do Presidente da Câmara. Essas liminares,
concedidas pelos dois ministros do STF, foram dadas horas antes de 45 deputados
pedirem a cassação de Eduardo Cunha em processo entregue ao Conselho de Ética
da Câmara.
Na avaliação de
Ricardo Noblat," Eduardo Cunha apanhou no começo do dia" quando os
ministros Zavascki e Rosa Weber, do STF suspenderam o rito definido por ele
para eventualmente abrir um processo de impeachment
contra a presidente Dilma Rousseff. " E apanhou no fim do dia"
com a entrega ao Conselho de Ética da Câmara de representação assinada pelo
PSOL e um total de 45 deputados que
pedem a cassação do mandato de Eduardo Cunha por quebra de decoro parlamentar.
Consequências
dos entreveros das liminares do STF (fraqueza do Presidente Cunha): o governo ganhou tempo com a intervenção do
STF na questão do impeachment. Por outro
lado, Cunha perdeu forças para dar início ao processo (se era do seu interesse
levá-lo adiante).
Na avaliação de
Noblat (que é o experto político de O Globo - o especialista jurídico seria
Merval Pereira, que sofreu eclipse por motivos ignotos), além do ganho
temporário do Governo, e a perda de forças do Presidente Cunha, a tendência
será que o Presidente Eduardo Cunha possa perder ainda mais forças, se ele
acabar preferindo ficar com o governo e contra o impeachment.
Depreende-se que
a aparente falta de lógica na posição de Cunha se deva ao singelo fato que Sua
Excelência o Deputado Cunha tenha de cuidar da própria sorte, agora que há
processo correndo na Casa contra ele.
Por fim, segundo
avalia Noblat, na sua imagem futebolística, "no mínimo, o governo empatou
o jogo do impeachment, que parecia perdido para ele."
Em outras
palavras, se a oposição quer jogar sério, não pode depender de E.Cunha, que
teria a cabeça a prêmio, e portanto julgará exclusivamente segundo tais
estreitíssimos critérios.
( Fontes: O
Globo e, subsidiáriamente, Folha de S. Paulo )
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