sábado, 17 de outubro de 2015

Há limite para decência na política?

                           
        Noticia a imprensa e o Estadão em particular que o ex-presidente Lula está em Brasília para cumprir certas missões, muitos delas conectadas com a ameaçada 2ª Presidência de Dilma Rousseff.

        Em blog anterior, reportei-me aos ataques dirigidos por Lula da Silva a Joaquim Levy, Ministro da Fazenda. Há um caráter particularmente corrosivo em tais intervenções, a par de induzir em erro os eventuais leitores da notícia.

        A esquizofrenia, esse ambíguo mal que concede por vezes cruéis licenças de sanidade para os respectivos pacientes, para em seguida cancelá-las sem que lograr-se possa obter explicações convincentes. Parece estar aqui, no caso Lula x Levy, em período de atividade agudizada.

        De repente, Lula da Silva despenca da Paulicéia, deixa o senhor Okamoto a tratar do dia-a-dia no Instituto Lula, e desce em Brasília. Como criatura de muitos poderes, o hiper-ativismo reponta sanhudo. Dentre os temas que mais lhe importam, está a defenestração do jovem Ministro Levy (mas já mostrando as suas cãs).

        Em Praga, houve também a defenestração (1618) dos delegados do poder central, e não foi cousa de pouca monta, eis que ela detonou a guerra dos trinta anos. Por sua vez, o comunicativo ex-presidente Lula parece ter contraído uma birra contra o Ministro da Fazenda,  que, por sua vez, seria culpado de querer pôr as contas em dia deste governo que Sua Excelência ajudou a eleger e ora quer salvar de inglório fim. Esse ativismo lulesco levanta a suspicácia de que o trabalho de Joaquim Levy, orientado a pôr em melhores condições as contas de D. Dilma, parece  irritar o ex-presidente, que lhe pede (metaforicamente) a cabeça.

       Já disseram que Lula da Silva é um enigma ambulante, eis que seus cronistas se deparam com indizíveis dificuldades para aclarar os reais motivos desse estadista nordestino. A única explicação que se possa apresentar para tanto animus nos ataques ao pobre Levy, é que, no seu entender, a atuação de Levy na Fazenda enfraqueceria Dilma. Fica difícil entendê-lo, porém,  porque se a gestão do Ministro tiver êxito, os problemas de Dilma (a mor parte por ela própria criada) estariam resolvidos!

        As coisas se complicam se tivermos presente que o senhor Lula não é nem um cidadão comum (como se pensou fosse o então senador José Sarney), nem um desses jovens que formam a minguante bancada do PT.  Por que a essa altura do campeonato ataca Levy et al. que buscam pôr a casa em ordem ? Por outro lado, essas investidas despropositadas contra quem deseja arrumar as coisas (que encontrou desarrumadas) lembram a impetuosidade dos jovens, que defendem causas e atacam outras muita vez sem distinguir muito bem qual é o respectivo intuito de suas ações...

         

( Fontes:  O  Estado de S. Paulo; Rede Globo)

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