quinta-feira, 22 de outubro de 2015

Inchação do Bolsa Família


                          
          Apesar de esforços no sentido de reduzir o déficit empurrado pelo Governo Dilma para o Congresso, e na perspectiva de que persista  déficit no orçamento da União de cerca de dez bilhões de reais, o Relator do Orçamento da União, Deputado Ricardo Barros (PP-PR) propõs que se cortem dez bilhões do programa Bolsa Família. O montante do custo total desse programa, que vem aumentando bastante, está orçado em 28,8 bilhões de reais.

          Assinale-se que foi encaminhado por Dilma II ao Congresso a proposta  orçamentária para 2016 com o inédito déficit de R$ 30,5 bilhões. Essa circunstância de remessa para o Legislativo com déficit de tal monta terá sido razão determinante para o rebaixamento da nota do Brasil por agência de avaliação de risco, pela desorganização das contas que faz presumir, e a consequente desordem no domínio fiscal. Não é de país sério um procedimento desse jaez.

          A Presidente Dilma Rousseff, que é a responsável primária pelo descontrole nas contas, não tardou em manifestar-se contrária ao corte proposto nessa dotação pelo Deputado Barros. De forma veemente, ela afirmou que "cortar o Bolsa Família significa atentar contra 50 milhões de brasileiros que hoje têm uma vida melhor por causa do programa."

           Esgrimindo a sua habitual retórica - e com dados sem maior comprovação - afiançou que essa política pública mantém  36 milhões (sic) de pessoas fora da extrema pobreza.

           Antes, a mesma Dilma dissera que cinquenta milhões de pessoas (sic) têm hoje uma vida melhor por causa do programa. Além disso, nessa dança de milhões aditou que o mesmo Bolsa Família garantiu  que dezessete milhões (sic) de crianças e adolescentes estejam na escola. E ainda acrescentou: ajudou a reduzir em 58% a mortalidade infantil.

          Dentro de estilo bombástico, e ao ensejo dos doze anos do Bolsa Família, garantiu que ele continuará prioritário e acrescentou : "O Bolsa Família é prioridade máxima para o meu governo, como foi para o do ex-presidente Lula".

         Se tais estatísticas correspondem à realidade é outra estória, cuja verossimilhança é comparável a assertivas anteriores da Presidente Dilma, que com a maior tranquilidade desfiava percentuais de gente que graças à política do governo tinha saído da classe C e passado para a classe média... Da firmeza de tais progressões por decreto cuidaria a crise posterior.

         Com um peso cada vez maior, estranha que programa de tal envergadura não tenha sido submetido às necessárias e mesmo indispensáveis auditorias dado o número bastante substancial de que amostragens obtidas quase por força do acaso tem exposto muitos aproveitadores desse ultra-concessivo programa, com a inclusão de funcionários e até de vereadores entre os inscritos nas listas do Bolsa Família.

         Compreende-se que com o programa de empregos patrocinado pelo PT - o que explica o peso dos Gastos Correntes no orçamento - tende a inchar o dispêndio da União, embora sem maior utilidade. Além do ralo da corrupção, de que me ocuparei em outro blog, qualquer pessoa limitada pode dar-se conta de que esse desperdício é retirado das verbas de saneamento básico dos favelões que sóem agarrar-se à periferia das cidades grandes e médias. Este demagógico empreguismo, conforme já foi reportado no blog, supera o de qualquer outro governo, e foi adotado de forma sustentada e consistente desde a posse do Presidente Lula com uma média que é por um lado deprimente (porque contrata maciçamente pessoal vindo das fileiras petistas ou a elas associado), quanto contrário ao interesse nacional,( eis que desperdiça fundos que poderiam ser empregados em obras úteis, com a melhora das condições de vida da gente da periferia).

           Enquanto o mundo lá fora cuida de agilizar a administração pública de forma a torná-la mais útil para a população, o modelo petista é o sonho do burocrata, que só se compara em modernidade e espirito pró-ativo àquelas velhas repartições lotadas com protegidos políticos e antigas relações sentimentais, e de que o símbolo marcante é o absenteísmo exposto pela cadeira com o paletó do funcionário que estará sempre a serviço externo. É grave atentado ao interesse público dissipar verbas com um instrumento governamental ultrapassado, em que se desvia dinheiro de obras e trabalhos úteis para a coletividade, para lotar as repartições (a par de inventar outras) sem outro objetivo que o de engordar o número de petistas e afiliados nas diversas Pastas e repartições. Dada a forma sustentada com que tal retrógrada e nociva política é seguida e implementada, compreende-se o peso inútil que se agrega ao orçamento da União (e a todos os seus penduricalhos). Essa inutilidade arcaica, além de negar meios a obras e melhorias que tornariam mais salubres e proveitosas as vizinhanças (e não o esgoto a céu aberto e os lixões que proliferam também por causa dessa desídia), se revertida com exação e tino para a criação de reformas geridas pela honestidade e pelo tirocínio público reverteria em benefício das comunidades, não com a formação descontrolada de favelas e favelões, mas de bairros bem assentados, com moradias dignas, assegurado o respeito entre os moradores.

        A esse propósito, o Minha Casa Minha Vida vem sendo construído de forma atabalhoada. Se o seu efeito social é inegável, ele carece de ser implantado em vizinhanças em que os moradores sejam respeitados, de modo a fazer com que as construções sejam acompanhadas das indispensáveis obras de canalização e de inserção na comunidade urbana. Em muito dos núcleos do Minha Casa Minha Vida se involui por falta de mínimo de educação urbana das pessoas aquinhoadas para as práticas da favela, inclusive com episódios de desrespeito às autoridades, até mesmo às síndicas das construções respectivas. Nesse caso, como em outros, o Minha Casa Minha Vida reflete a boa intenção inicial que breve se vê marcada e mesmo conspurcada, tanto por falta de obras civis indispensáveis de modo a sustentar vizinhanças ordenadas e habitáveis, em atmosfera de respeito e ordem, que está no interesse de quem deseja progredir e viver em bairros reais, e não em cópias malfeitas de desregradas favelas.

        Se somarmos a isso o Bolsa Família e todas as outras invenções do petismo reinante, há de entender-se que o clientelismo desvairado poderá em breve transformar boa parte do Brasil em um puxadão do Nordeste, com o devido realce dado ao Estado do Maranhão que lidera, para orgulho do pro-ativo clã Sarney e agora passado  ao PCdo B, no total de líder brasileiro na Bolsa Família, com 92% da população desse estado a ele filiada.

        Se a coisa continuar nesse ritmo,  não é de excluir-se que Suas Excelências venham no futuro à televisão para explicar porque os milhões (tanto em reais quanto em pessoas) não param de inchar, e assim lamentavelmente terão de aumentar-nos a carga tributária para que os sobrantes úteis sustentem o peso dessa gente que não cessa de crescer.

       Quem sabe no futuro o Brasil não vai virar um imenso Maranhão?

     

  ( Fonte:  O  Globo )       

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