terça-feira, 27 de outubro de 2015

Mais perto do Responsável ?

                                
 

         A bancada do PT, ao que parece, está muito irritada com o Ministro da Justiça da Presidente Dilma Rousseff.  Ao que parece, o motivo da exasperação petista se deve a uma disposição do ex-Ministro da Justiça, Ramiro Thomaz Bastos, não há muito falecido. Quando ministro do Presidente Lula da Silva, introduziu reforma importante na operação da Polícia Federal, a qual deu, dentro da lei, autonomia. Na época, Thomas Bastos, além de trazer o brilhantismo que sempre o caracterizou na prática da advocacia, liberou a atuação da P.F. dentro dos parâmetros da legalidade.

          O atual ministro da Justiça é militante do Partido dos Trabalhadores, mas não alterou as disposições introduzidas pelo seu ilustre antecessor. José Eduardo Cardozo tem sofrido ocasionais rompantes da Presidente, cujo humor é conhecido. No entanto, continua a atuar dentro dos parâmetros dados por Thomaz Bastos. A aludida autonomia é uma das bases da operação Lava-Jato e de outras mais que a corrupção vigente no país torna indispensáveis, como na chamada Zelotes, que se origina de problemas na Receita Federal e no CARF.

           A gorda bancada do Partido dos Trabalhadores, produto direto da propaganda peculiar que antecedeu o primeiro turno, com uma rósea visão da economia e das transações em Pindorama, a par de negar o direito de resposta da oposição, como no caso limite do filmete sobre os perigos da autonomia do Banco Central, perigos esses vistos apenas pelas lentes de João Santana, essa nédia bancada, repito, é o resultado das mentiras de Dilma e da propaganda em torno. A sua correspondência com a realidade atual é, por conseguinte, extremamente precária, o que só tem contribuído para acirrar a considerável raiva popular com o estelionato eleitoral.

            Ninguém gosta de ser iludido. O PT, com dona Dilma - o velho capitão Lula foi escanteado nas eleições de 2014 (o que lhe mostrou o garrafal erro de que poderia instrumentalizar a reeleição ou não do seu primeiro poste.) Não se brinca com a força institucional de um primeiro mandatário, até mesmo alguém criado pelo interessado engordou bastante, e elegeu muita gente nas bancadas ancilares como PCdoB, além de outras oportunistas, na cissiparidade das legendas no Brasil.

           O PT está irritado porque se acredita um partido do poder de antigamente, como se estivera acima do bem e do mal.  Embora José Eduardo Cardoso seja um petista, ele tem aplicado as instruções vigentes, vindas do ilustre antecessor. Agora, ao verem Gilberto Carvalho, o homem da estrita confiança de Lula da Silva às voltas com a Polícia Federal, querem que o Ministro da Justiça volte atrás do exemplo de seu ilustre antecessor.

            O que faz levantar as lanças no arraial petista é a sensação de um cerco que se fecha.  Agora se passa ao suposto comércio com as medidas provisórias, no caso em tela para favorecer montadoras de veículos. As investigações da Justiça (entendida no seu aparelhamento amplo) prosseguem. Se os seus efeitos e dores consequentes vão aumentando, as reações dos atingidos tendem a espelhar tais efeitos, e  à medida que o diapasão cresce e se torna mais incômodo,  suas características tendem a dissociar-se da realidade presente, pensando poder transformá-la  por algum deus ex-machina ou mesmo pela aplicação da força bruta.

               Essa gente, no entanto, tem uma noção bastante fragmentária e distorcida da realidade imperante. Pensam ainda estar em posição de ditar condições, mesmo flagrantemente fora da lei. Com todos os seus destemperos, Dilma Rousseff tem agora demonstrado que aprendeu a lição e que a democracia brasileira, na qual prosperou, ,não permite que se pense reverter as condições imperantes, que são as da legalidade plena. Só que a Polícia Federal pela sua atuação mostra que não há mais brasileiros acima da lei. Há os que tem o privilégio do foro, e a democracia ensina que quanto menos existissem, melhor seria.

               Evitaríamos a instrumentalização de altos postos na República. Se atravessamos um momento peculiar, em que a impermanência constitui a regra, é bom e continua oportuno que toda a macacada fique nos respectivos galhos. Nenhum deles será demasiado alto para que não lhes acesse o braço longo da Justiça, no caso, o da Polícia Federal.

               Deixem José Eduardo Cardozo no lugar que está.  Deixem a Polícia Federal continuar no seu trabalho, que faz bem a toda gente de bem.

               E não pensem que os verdadeiros trabalhadores - e não aqueles de quepi chavista - não gostem da rigidez e direiteza da lei. A dura existência deles é prova disso. Não há maracutaias para o operário e o trabalhador. Vejam as conduções que devem usar. Vejam os respectivos horários de trabalho.

               Para eles, não há semanas de dois dias e meio, e a bonança de viagens sem fim.

               Não lhes assusta a Justiça. Que mal faz que a lei valha para todos?

 

( Fonte:  O Globo )

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