A bancada do
PT, ao que parece, está muito irritada com o Ministro da Justiça da Presidente
Dilma Rousseff. Ao que parece, o motivo
da exasperação petista se deve a uma disposição do ex-Ministro da Justiça,
Ramiro Thomaz Bastos, não há muito falecido. Quando ministro do Presidente Lula
da Silva, introduziu reforma importante na operação da Polícia Federal, a qual
deu, dentro da lei, autonomia. Na época, Thomas Bastos, além de trazer o
brilhantismo que sempre o caracterizou na prática da advocacia, liberou a
atuação da P.F. dentro dos parâmetros da legalidade.
O atual
ministro da Justiça é militante do Partido dos Trabalhadores, mas não alterou
as disposições introduzidas pelo seu ilustre antecessor. José Eduardo Cardozo
tem sofrido ocasionais rompantes da Presidente, cujo humor é conhecido. No
entanto, continua a atuar dentro dos parâmetros dados por Thomaz Bastos. A
aludida autonomia é uma das bases da operação Lava-Jato e de outras mais que a
corrupção vigente no país torna indispensáveis, como na chamada Zelotes, que se
origina de problemas na Receita Federal e no CARF.
A gorda
bancada do Partido dos Trabalhadores, produto direto da propaganda peculiar que
antecedeu o primeiro turno, com uma rósea visão da economia e das transações em
Pindorama, a par de negar o direito de resposta da oposição, como no caso
limite do filmete sobre os perigos da autonomia do Banco Central, perigos esses
vistos apenas pelas lentes de João Santana, essa nédia bancada, repito, é o
resultado das mentiras de Dilma e da propaganda em torno. A sua correspondência
com a realidade atual é, por conseguinte, extremamente precária, o que só tem
contribuído para acirrar a considerável raiva popular com o estelionato
eleitoral.
Ninguém
gosta de ser iludido. O PT, com dona Dilma - o velho capitão Lula foi
escanteado nas eleições de 2014 (o que lhe mostrou o garrafal erro de que
poderia instrumentalizar a reeleição ou não do seu primeiro poste.) Não se
brinca com a força institucional de um primeiro mandatário, até mesmo alguém
criado pelo interessado engordou bastante, e elegeu muita gente nas bancadas
ancilares como PCdoB, além de outras oportunistas, na cissiparidade das legendas
no Brasil.
O PT está
irritado porque se acredita um partido do poder de antigamente, como se
estivera acima do bem e do mal. Embora
José Eduardo Cardoso seja um petista, ele tem aplicado as instruções vigentes,
vindas do ilustre antecessor. Agora, ao verem Gilberto Carvalho, o homem da
estrita confiança de Lula da Silva às voltas com a Polícia Federal, querem que
o Ministro da Justiça volte atrás do exemplo de seu ilustre antecessor.
O que faz
levantar as lanças no arraial petista é a sensação de um cerco que se
fecha. Agora se passa ao suposto
comércio com as medidas provisórias, no caso em tela para favorecer montadoras
de veículos. As investigações da Justiça (entendida no seu aparelhamento amplo)
prosseguem. Se os seus efeitos e dores consequentes vão aumentando, as reações
dos atingidos tendem a espelhar tais efeitos, e
à medida que o diapasão cresce e se torna mais incômodo, suas características tendem a dissociar-se da
realidade presente, pensando poder transformá-la por algum deus ex-machina ou mesmo pela
aplicação da força bruta.
Essa
gente, no entanto, tem uma noção bastante fragmentária e distorcida da
realidade imperante. Pensam ainda estar em posição de ditar condições, mesmo
flagrantemente fora da lei. Com todos os seus destemperos, Dilma Rousseff tem
agora demonstrado que aprendeu a lição e que a democracia brasileira, na qual
prosperou, ,não permite que se pense reverter as condições imperantes, que são
as da legalidade plena. Só que a Polícia Federal pela sua atuação mostra que
não há mais brasileiros acima da lei. Há os que tem o privilégio do foro, e a
democracia ensina que quanto menos existissem, melhor seria.
Evitaríamos a instrumentalização de altos postos na República. Se atravessamos
um momento peculiar, em que a impermanência constitui a regra, é bom e continua
oportuno que toda a macacada fique nos respectivos galhos. Nenhum deles será
demasiado alto para que não lhes acesse o braço longo da Justiça, no caso, o da
Polícia Federal.
Deixem
José Eduardo Cardozo no lugar que está.
Deixem a Polícia Federal continuar no seu trabalho, que faz bem a toda
gente de bem.
E não
pensem que os verdadeiros trabalhadores - e não aqueles de quepi chavista - não
gostem da rigidez e direiteza da lei. A dura existência deles é prova disso.
Não há maracutaias para o operário e o trabalhador. Vejam as conduções que
devem usar. Vejam os respectivos horários de trabalho.
Para
eles, não há semanas de dois dias e meio, e a bonança de viagens sem fim.
Não
lhes assusta a Justiça. Que mal faz que a lei valha para todos?
( Fonte: O Globo )
Nenhum comentário:
Postar um comentário