Enganam-se os
aprendizes de diplomacia e seus subordinados, sobre a linha ideológica do
sucessor do caudilho Hugo Chávez, o Senhor Nicolás Maduro. Transformado em apêndice
do governo petista de Dilma Rousseff,
o Itamaraty desde muito se curva e se acomoda em papel formal e secundário, que
vai contra toda a tradição de serviço de nosso Ministério de Relações
Exteriores, desde o Império e, mesmo quando existia em forma embriônica, na
Colônia, sob a experta guarda do moço de escrivaninha de el Rei D. João V, o
grande precursor de nossa Diplomacia, o santista Alexandre de Gusmão, que conseguiu nada mais, nada menos, que
através do Tratado de Madri traçar os limites do continente Brasil.
Mesmo na fase pré-agônica do governo de Dilma
Rousseff, quem trata das relações com os companheiros da América do Sul
é o Senhor Marco Aurélio Garcia. Ao
Itamaraty, ficam as superficialidades, transformado que foi esse ministério -
que, nem no tempo do regime militar, fora afastado do controle das relações
externas - em mero implementador das decisões alhures tomadas. O que o militar
não ousou - por ser carreira de estado como o diplomata - trataria alegremente
o governo petista e já sob Lula da Silva, de encarregar gente sua para cuidar
do Itamaraty, mormente quanto às relações com a América Latina. E sem qualquer
discussão, se descartou a diplomacia de estado - a bússola de nossa
multissecular caminhada - pela de partido. Ah, se Rio Branco e seus prógonos
houvessem deixado de lado as questões de estado, os velhos mapas, e se
pautassem pelo temporário das questões partidárias, outro seria o risco de
nossas lindes, e bem diverso o respeito entre nossos muitos vizinhos pela diplomacia
brasileira.
Mas não é
tempo de chorar sobre o leite derramado.
A fraqueza da diplomacia na era petista explica muitas coisas, como o
silêncio do Itamaraty diante do flagrante desrespeito da democracia pelos
governos chavistas, e mais ainda por esse ditador Nicolás Maduro. É verdade que a Venezuela no passado se marcou por
longas ditaduras. O próprio Hugo Chávez, apesar de luores democráticos, breve
se enredaria em espécie de populismo -
ainda que recorrendo a eleições não-policiadas. Com a regra das
sucessões nos regimes autoritários, o chefe vira caudillo menos por carisma do que por decreto, como é o caso
presente.
Maduro, apesar
de ter sido ministro do exterior antes, não tem muita queda por protocolo nem
requisitos da democracia. Aqui, pensou mesmo forçar a porta de uma reunião de
Dilma com a outra parte (a Guiana), pensando fosse coisa natural.
O Itamaraty,
sob a mordaça petista, não se tem manifestado pelas inúmeras tropelias e
desrespeitos flagrantes à oposição na Venezuela. É silêncio que pesa, e mais do
que isso, mancha todo um passado em que a Chancelaria brasileira poderia até
provocar comentários airados de seus equivalentes na América Latina, mas nunca
o desrespeito. O que se fez com a Missão Aécio Neves já se enquadra nesse
quadro lamentável. Tal acontece sobretudo quando se deixa de lado
o respeito às normas diplomáticas e se resvala para o nível do interlocutor.
Que Maduro se
permita agir dessa forma com a indicação do grande jurista e antigo Presidente
do Supremo Tribunal Federal Nelson Jobim
corresponde àquela velha imagem de que fantasma sabe para quem aparece. Se a
Presidente Dilma engoliu em seco que missão oficial brasileira fosse destratada
e vilipendiada como o foi, o Ditador Nicolas Maduro - que caminha com passo
estugado para a lata de lixo da história - se tenha permitido agir dessa forma,
vetando a sua designação para a missão da Unasul, a par de tentar colocar
limites à ação dos observadores brasileiros nas próximas eleições legislativas
na Venezuela, se não surpreende, deve ser registrado com as seguintes
observações.
Pela Venezuela o Brasil de Dilma Rousseff
encenou um quase-golpe em forçado acordo com o Uruguai, para suspender o
Paraguai - país também fundador do Mercosul, cujo tratado tem a sua Capital
como designação - e dessarte fazer entrar nesse Mercado Comum a Venezuela,
então sob Chávez. Hoje, depois do vergonhoso silêncio com que acompanha as
relações do Poder chavista com a oposição, e o
número de prisões políticas que ali se praticam, cabe ao regime petista
de Dilma Rousseff curvar a cabeça e aceitar a grosseira recusa do nome de
Nelson Jobin para a inspeção das eleições.
Dadas as
intenções de Maduro tais tropelias podiam ser até esperadas.
O mais
interessante nisso tudo é que talvez breve, talvez um pouco além, o governo
ditatorial de Nicolás Maduro caia por conta da própria ineficiência e da
condição calamitosa a que levou a pobre população venezuelana, sem falar de
suas constantes medidas que lhe vincam o traço despótico.
A permanência
desse senhor no poder é um peso para a economia, uma calamidade para a
população, e um acinte às fantasias de respeito à democracia dos organismos
interamericanos.
( Fontes:
O Globo, Grande Enciclopédia
Delta-Larousse )
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