Era uma vez um
grande país bendito por Deus e pela natureza... A gente lá vivia feliz mas...
Acharam que era tempo de dar bilhete azul aos milicos... Foi luta difícil, mas
ao jeito da terra... Com um pouco de sangue, é verdade, e maus-tratos também...
Ao cabo, a turma dita da Revolução
(que na verdade fora de mentirinha) cedeu o passo não ao homem das diretas-já,mas àquele das indiretas... Infelizmente, na
travessia não chegou a pisar na terra prometida, e a gente teve de se contentar
com o vice ... Não era a mesma coisa, pois pactuara com a turma verde-oliva...
Mas o acerto pareceu bom e no espírito daquela terra grande... Com a democracia
voltaram os partidos, inclusive um menor, que surgira das mãos de operário, com
as benesses de intelectuais e da Igreja... A época da revolução (que, como
sempre, não foi pra valer) deixara o
legado da inflação. A coisa era antiga, mas provocava a estagnação na economia,
e desagradava a ricos e pobres, mas, como sempre, maltratava mais estes do que
aqueles... Na terra das mandingas, espoucaram muitos planos mágicos, até que
veio o plano cruzado, com o
congelamento dos preços. Por uns meses a cousa funcionou, e o sofrido povão
pensou que havia acabado com o trabalho das maquinetas... Não é que deu justo
nas eleições e esplêndidas maiorias surgiram como resultado de o que logo se
revelaria ... como um logro, com a consequente raiva popular, que se voltou contra
o próprio presidente ... que nem mais podia sair à rua. O mais engraçado é que
ficou no Congresso a maioria, que na verdade era falsa, porque resultara de um grande logro. O dragão continuava a imperar. Logo, logo
as coisas meio que se aquietaram, dentro do espírito daquela boa gente, de
pavio curto e de chama breve... E passou para o segundo turno, varrendo gente
mais preparada, como o homem das diretas e outros mais, como o do grupo dos
onze, uma estranha dupla: o caçador de
marajás e o sapo barbudo, empurrado por intelectuais, padres e o zé-povinho. O
homem novo, das soluções mágicas, venceria. Não tinha maioria no Congresso, mas
não lhe faltava audácia, e veio com outro plano mágico, que confiscava na
prática as poupanças no banco, e que como os outros heterodoxos iria malograr. Só que com rastro de muito sofrimento
abafado pela expectativa da grande esperança, que também iria desaparecer com a
revolta de um embuste que foi cruel para muita gente. Ainda não surgiu cronista
para relatar dos muitos suicídios, desgraças e revolta que aquele projeto
destrambelhado deixaria no próprio rastro... e, como sempre, a sensação do logro
e do inútil sacrifício... Não demorou
muito para que o caçador fosse cassado, por força de maquinação que captou o
desgosto com mais um malogro e otras
cositas más... E vejam só! Foi no interregno, com o respeitado vice do
presidente cassado, que se concebeu e se principiou a implementar mais um Plano
... que foi chamado Real. Apesar da
geral desconfiança, ele foi avançando e se implantando. Sua força estava nas soluções simples, que
fugiam da heterodoxia das mágicas poções anteriores que tinham dado em nada. A
única força que desconfiou dele e o combateu com todo o ímpeto reservado às
causas patrióticas, mas insensatas, foi aquele PT, nascido ainda sob o regime militar, então aguerrido, magro e
jacobino. Mas o professor, intelectual de boa cepa, e que também tivera a cota
das pequenas ignomínias dispensadas pela turma do verde-oliva, foi eleito,
carregado pela gratidão do povo, com um dinheiro que não mais perdia valor da
noite para o dia, se não se corresse para o chamado overnight. O reino desse
intelectual e professor, com um leve e irônico sorriso, de trato fácil e
simpático, durou dois mandatos, eis que ele cometeria um erro - o de trazer
para Pindorama a plantinha ruim da
reeleição. De qualquer forma, para os ditos tucanos, ela ajudou para construir
o Plano Real, com todos os seus
instrumentos. Tudo isso foi combatido com desordenado ardor pelo dito PT, que
de tudo descria, inclusive da estabilidade monetária que o Real trouxera. Até da Lei
de Responsabilidade Fiscal, na sua orgia de recursos p'ra inglês
ver, o PT iria até o Supremo para ver se derrubava a dita LRF. Esse caráter sanhudo
e contestatório - eram contra até a despedida da inflação! - agradava a setores
da esquerda, assim como às viúvas da carestia e dos juros do overnight! Havia, é bem verdade, nesse raivoso docontrismo um arremedo de oposição
séria, que deve estar, em princípio e por fim, sempre contra tudo! E o operário
da voz rouca, carismático, e que era
tido por jacobino (mesmo sem saber o que tal significava) duvidava de tudo o
que viesse do outro lado. Ao cabo, chegou a vez dele. Veio vestido com os
trajes de penitente, com o branco do paz e amor, dizendo acreditar no que antes
furiosamente negara. E Pindorama o acolheu de braços
abertos, não sabendo que aquela mansidão era de encomenda, e aprontava mais
surpresas. Mas com a saída do professor, apesar do anunciado
tropeço do Mensalão (sem falar na
partida apressada do primeiro ministro Zé Dirceu), o torneiro-mecânico
emplacaria a reeleição, depois de esperto choramingo. Chegado o terceiro-turno,
a vontade era grande de imitar o chavismo do compadre venezuelano, mas ao cabo
iria preferir indicar, por cima de gente mais preparada, a sua
chefa-de-gabinete. Como sempre, tinha
planos de retorno e breve, mas, como sempre, as cousas não saem como os homens
querem, mas como Deus manda. E ele
teve de eleger o seu primeiro poste,
e para tanto contou com a fraqueza adversária. Apesar de não ser do ramo, não
faltava postura à mulher do Lula, como a turma do Bolsa-Família (que já
despontava como jogada genial - imaginem montar com o dinheiro da Viúva um
inexpugnável reduto com voto de cabresto!) a denominaria para que ela vencesse
sem grandes dificuldades candidato de longe mais preparado do que ela, porem
falto de ímpeto, confiança e carisma. Sucedeu então o desastroso primeiro reinado de quem se intitulara a Presidenta.
Se não lhe faltava grosseria (pôs um general em lágrimas), pugnacidade (até com
uma cabideira brigou!), tampouco dispensou a imprudência (ignorando, ou melhor,
desestruturando o Plano Real), destratando o Congresso (que sempre louco para lisonjear
o poder, carece no entanto de alguns agrados), e o pior de tudo, falando com a
gente errada, pensou que inflação era besteira, e com isso trouxe de volta as pedaladas fiscais, as chamadas capitalizações, além da anti-ortodoxia... A reeleição ela
ganhou na empulhação, na negação do direito de resposta à sua grande
adversária, e sobretudo na cara-de-pau de deslavadas mentiras, de que seria
cobrada com juros logo depois de haver entronizado mais uma fajutice - a pátria educadora. Entrementes, o
velho capitão havia deixado as imortais
digitais (Vide Chico Caruso!) nos
barris da Petrobrás. E tão logo
cumprida a encenação da reeleição - junto com um Congresso que, de pronto,
elegeria Eduardo Cunha para chefiar a Câmara! ei-la caída na geena da
suma impopularidade (menos de dez dígitos!) Assistimos, com a revolta devida e
reprimida, os congressos do ofendido PT - que por causa dos maus ventos passou
a optar por reunir-se a portas fechadas! O povão perdeu afinal a paciência com
o PT. Pudera! Este convoca comissões de
inquérito que o próprio Orestes Quércia não recomendaria (e, sem embargo, ele
iniciou a prática da pizza como o melhor resultado para as CPIs !) . Pois esse
grande republicano, como outros que inda estão entre nós, preferia que as CPIs
não dessem em nada, pois temia qualquer buraquinho donde escapasse o fedor da
corrupção. Mas, voltemos à Dilma II.
Pensando pôr jeito nas contas, ela convocou Joaquim Levy, um bom quadro do
Bradesco e ainda por cima formado em Chicago. Mas há um problema com os velhos
vasilhames (eles não admitem novos
procedimentos!). Assim, logo no começo, quando o Ministro do Planejamento, Nelson
Barbosa, ainda pensava que deveria seguir em tudo a linha do novo
Ministro da Fazenda, dona Dilma teve uma recaída das tropelias do primeiro
mandato de Mantega & Cia. Não é que, com alarde, convocou o rapaz para
passar-lhe um sermão de que o Mínimo deveria continuar a ser calculado como
antes, com todos os têmperos inflacionários, porque assim era como ELA
queria. Então, Nelson Barbosa se deu
conta que D.Dilma ainda mantinha suas asneiras no capítulo! E o resto do
flamante governo, como ia? Mal é claro, e com os panelaços e a brutal rejeição,
os céus se enfarruscavam com os cúmulos-nimbos do Impeachment ! Entrementes, o Petrolão seguia seu caminho de
vergonha e descrédito, com os escândalos de Pasadena (a Enferrujadinha...) sob as vistas desatentas
da Chefe do Conselho de Administração da Petrobrás que - surpresa! - não era
outra que Dilma Rousseff ! E esta, apesar de nada ver, esbravejava sempre! Por fim, não nos esqueçamos do Congresso, que
é considerado a Casa do Povo, e que talvez esteja exagerando nas festas. O Império
de Pedro II, que não sofria dos males da corrupção, teve, no entanto, a
sua Festa
da Ilha Fiscal, que logo cederia a vez, ao sermos nós brasileiros
despojados de verdadeira democracia - elogiada até por um anônimo estadista
argentino: a última democracia na América do Sul ! - sob o ímpeto de mais um quartelazo na América Latina, com um general fardado e a cavalo
levantando o quepi para a posteridade ignara!
Pois, essa homenagem ao PMDB na Câmara - agora sob a intemerata
presidência de Eduardo Cunha - com toda aquela turminha que Jarbas Vasconcellos na famosa
entrevista às páginas amarelas da VEJA chamara da corrupção e que a tropa aguerrida peemedebista de Michel Temer preferira
não responder, para não cair em polêmica... - agora se realiza em uma realidade
de quê, minha gente? Será oportuna toda essa coleção de retratos de gente que
tem processo no Supremo, já indiciados pelo Procurador-Geral-da-República ? Será que esse partido do Povão, espalhado por
todas as capitanias de Pindorama, chefiado por íntegros caciques, sempre
reeleitos nos seus feudos, mas infelizmente, por sorte madrasta, desprovidos de
carisma para entrar na verdadeira arena da opinião pública, acha oportuno
realizar essa bizarra cerimônia, em que se homenageia gente que tem cabeça a
prêmio? Os nossos antepassados, que nos transmitiram os vezos respectivos,
recomendariam essa festança do PMDB? E
por falar nisso, agora que estamos na segunda geração daqueles que ao casarem
receberam dos convidados o lancinante apelo de que, por favor, não
procriassem, ao vermos desrespeitado este solene clamor, será que é
oportuno o ensejo de comemorar tanta gente que ainda não passou pelo crivo do
destino? E no fim de tudo, continuamos
com as petições de impeachment devidamente engavetadas, com o
julgamento do TCU sobre as pedaladas fiscais protervamente adiado, atrás do
sorrizinho do atual presidente do Senado - em cuja curul continua a despeito de
ter evitado a cassação pela manobra da demissão do cargo (hoje inviabilizada
pela Lei da Ficha Limpa). Por falar nisso, essa magna
reforma, aprovada por pressão da iniciativa popular, ainda nos satisfaz à metade por contemplarmos na
Câmara o seu anátema, cujas iniciais estão gravadas não se sabe onde, mas que
ressoam até nos EUA (aonde não ousa põr os pés), a saber PAULO SALIM MALUF, o
grande amigo do Torneiro Mecânico e Eleitor de ultimíssima hora de Fernando
Haddad, o atual prefeito da Paulicéia!
(
A continuar...)
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