terça-feira, 6 de outubro de 2015

O Grevismo, de volta

                                    

         Os bancários, coitadinhos, estão novamente em greve. Sob o compasso da inflação, que o Plano Real controlara, e que os governos de dona Dilma trataram de desestabilizar, eis-nos de volta aos tempos inflacionários, com todas as mazelas que esses tempos trazem consigo, e são por volta convenientemente esquecidas.

         Se é triste que um governo incompetente como o do PT, e ainda por cima da neófita Dilma, tenha reintroduzido a carestia na vida do brasileiro, o processo de ver-se livre de estafermo como este, que traz, por um misto de incompetência, estupidez e simples inexperiência política, o ter de agüentar-lhe os males - que tinham sido em boa parte varridos pelo Plano Real - já representa metade do castigo.

         O insaciável grevismo e o oportunismo sindicalista semelhavam fenômeno de tempos pretéritos, que os anos e, sobretudo, a carga de sacrifícios inúteis, agravados pelo oportunismo de categorias muita vez cevadas por gordas pagas e multiplicados meses, parecia haver sido vencido.

         Mas pelo visto a ganância sindicalista fica assustada com a perspectiva de que os tempos de dona Dilma e congêneres estejam beirando o seu merecido fim. Para os mais velhos, ainda restam as amargas remembranças dos aumentos inflacionários e do confusionismo nos valores e nos salários.

          O leitor dessas colunas não desconhecerá quem é o verdadeiro responsável pela desestruturação do Plano Real. Uma conquista desse teor deveria ter sido acolhida com seriedade e respeito pelos partidos. Não foi à toa que, uma vez eleito Lula da Silva, grassou na campanha popular o desconforto e o temor de que as garantias duramente logradas no combate à inflação, fossem abandonadas pelo caminho pela irresponsabilidade político-sindicalista.

           No entanto, malgrado o choque inicial, Lula terá sentido e soube avaliar a qualidade de  conquista que estava acima de partidos. Sem embargo, mais tarde, por cega ambição, pensou ser possível fazer eleger um poste que lhe daria a pausa constitucional necessária para aguardar a sua próxima (dele) reeleição. Sabemos como ficou.

           Ao mandar eleger alguém que não estava à altura do encargo, ele desconheceu duas limitações: (a) que não poderia controlá-la e (b) que tampouco conseguiria impedir-lhe a reeleição.

            Diz a velha sabedoria popular que é melhor não desejar uma coisa, porque ela pode acontecer. E, no caso presente, a incompetência e o despreparo da candidata não lhe impediu sequer a reeleição (adubada pela mentira e o reaparelhamento do Estado).

            Agora, a cega ambição do patrono - que pensara tudo dominar - nos lega, não só o desafio de novo impeachment, mas também a insegurança social da estulta desestabilização do Plano Real, com a sua esteira maldita de adversas consequências.

            Entre as tantas, caímos de novo na ganância inflacionária do sindicalismo selvagem, que não se peja em tornar refém toda a população da sinistra volta da ciranda dos preços e do fechamento arbitrário de serviços essenciais, como é o dos bancos.

              Só é explicável em país manietado outra vez pela inflação e as fáceis, irresponsáveis exigências sindicalistas, que podem cerrar à vontade tais serviços essenciais, eis que não pagarão um tostão pela interrupção do trabalho. Em outros países mais sérios, o grevismo não sai de graça. Ele é pago pelas categorias empenhadas no movimento com a suspensão do salário. Em Pindorama é diferente: aqui se pode não trabalhar, agitar bandeiras de greve, e ser pago no fim do mês, como se nada fora.  Nesta terra, até a interrupção do serviço - que lá fora é bancada pelo caixa sindical - aqui sai de graça. É óbvio, de resto, que essa suposta gratuidade é engodo, que custa muito caro ao Povo.

              Assim, se explicam as greves intermináveis que são lançadas pelas diversas categorias! Pudera, se a elas não lhes custa sequer um centavo! Nessa terra, até a interrupção do trabalho em verdade é de mentirinha.  Se ela prejudica o Povo, que é privado de serviços essenciais, as categorias reivindicantes e seus gananciosos chefes sindicais podem dormir tranquilos. Sem trabalhar, sem nada fazer, está garantido tanto o seu direito grevista (que em outras terras é defendido com mais respeito), quanto o recebimento no fim do mês do salário, mesmo que não hajam trabalhado um só dia.

                Agora, não é que o mago Lula merece palmas?  Juntou o paraíso sindical - que tudo pode reivindicar, sem correr qualquer risco - à incompetente irresponsabilidade do primeiro poste (a designação é dele!) por ele inventado.

 

( Fontes:  Folha de S. Paulo, O Globo )  

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