Os bancários, coitadinhos, estão
novamente em greve. Sob o compasso da inflação, que o Plano Real controlara, e que os governos de dona
Dilma trataram de desestabilizar, eis-nos de volta aos tempos inflacionários,
com todas as mazelas que esses tempos trazem consigo, e são por volta
convenientemente esquecidas.
Se é triste
que um governo incompetente como o do PT, e ainda por cima da neófita Dilma,
tenha reintroduzido a carestia na vida do brasileiro, o processo de ver-se
livre de estafermo como este, que traz, por um misto de incompetência,
estupidez e simples inexperiência política, o ter de agüentar-lhe os males -
que tinham sido em boa parte varridos pelo Plano
Real - já representa metade do castigo.
O insaciável grevismo
e o oportunismo sindicalista semelhavam fenômeno de tempos pretéritos, que os
anos e, sobretudo, a carga de sacrifícios inúteis, agravados pelo oportunismo
de categorias muita vez cevadas por gordas pagas e multiplicados meses, parecia
haver sido vencido.
Mas pelo
visto a ganância sindicalista fica assustada com a perspectiva de que os tempos
de dona Dilma e congêneres estejam beirando o seu merecido fim. Para os mais velhos,
ainda restam as amargas remembranças dos aumentos inflacionários e do
confusionismo nos valores e nos salários.
O leitor dessas colunas não desconhecerá quem
é o verdadeiro responsável pela desestruturação do Plano Real. Uma conquista desse teor deveria ter sido acolhida com
seriedade e respeito pelos partidos. Não foi à toa que, uma vez eleito Lula da Silva, grassou na campanha
popular o desconforto e o temor de que as garantias duramente logradas no
combate à inflação, fossem abandonadas pelo caminho pela irresponsabilidade
político-sindicalista.
No entanto,
malgrado o choque inicial, Lula terá sentido e soube avaliar a qualidade de conquista que estava acima de partidos. Sem
embargo, mais tarde, por cega ambição, pensou ser possível fazer eleger um poste que lhe daria a pausa
constitucional necessária para aguardar a sua próxima (dele) reeleição. Sabemos
como ficou.
Ao mandar
eleger alguém que não estava à altura do encargo, ele desconheceu duas
limitações: (a) que não poderia controlá-la e (b) que tampouco conseguiria
impedir-lhe a reeleição.
Diz a velha sabedoria popular que é melhor
não desejar uma coisa, porque ela pode acontecer. E, no caso presente, a
incompetência e o despreparo da candidata não lhe impediu sequer a reeleição
(adubada pela mentira e o reaparelhamento do Estado).
Agora, a
cega ambição do patrono - que pensara tudo dominar - nos lega, não só o desafio
de novo impeachment, mas também a
insegurança social da estulta desestabilização do Plano Real, com a sua esteira maldita de adversas consequências.
Entre as
tantas, caímos de novo na ganância inflacionária do sindicalismo selvagem, que
não se peja em tornar refém toda a população da sinistra volta da ciranda dos
preços e do fechamento arbitrário de serviços essenciais, como é o dos bancos.
Só é
explicável em país manietado outra vez pela inflação e as fáceis,
irresponsáveis exigências sindicalistas, que podem cerrar à vontade tais
serviços essenciais, eis que não pagarão um tostão pela interrupção do
trabalho. Em outros países mais sérios, o grevismo não sai de graça. Ele é pago
pelas categorias empenhadas no movimento com a suspensão do salário. Em Pindorama
é diferente: aqui se pode não
trabalhar, agitar bandeiras de greve, e ser pago no fim do mês, como se nada
fora. Nesta terra, até a interrupção do
serviço - que lá fora é bancada pelo caixa sindical - aqui sai de graça. É
óbvio, de resto, que essa suposta gratuidade é engodo, que custa muito caro ao
Povo.
Assim,
se explicam as greves intermináveis que são lançadas pelas diversas categorias!
Pudera, se a elas não lhes custa sequer um centavo! Nessa terra, até a
interrupção do trabalho em verdade é de mentirinha. Se ela prejudica o Povo, que é privado de
serviços essenciais, as categorias reivindicantes e seus gananciosos chefes
sindicais podem dormir tranquilos. Sem trabalhar, sem nada fazer, está
garantido tanto o seu direito grevista (que em outras terras é defendido com
mais respeito), quanto o recebimento no fim do mês do salário, mesmo que não
hajam trabalhado um só dia.
Agora, não é que o mago Lula merece
palmas? Juntou o paraíso sindical - que
tudo pode reivindicar, sem correr qualquer risco - à incompetente
irresponsabilidade do primeiro poste
(a designação é dele!) por ele inventado.
( Fontes: Folha de S. Paulo, O Globo )
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