Ontem a Globonews transmitiu entrevista concedida por George Soros, o financista da MittelEuropa, que surgiu para a
atenção mundial quando apostou na desvalorização da libra esterlina, em jogada
especulativa na qual teria ganho cerca de um bilhão na moeda inglesa.
Radicado no Ocidente, Soros escreve
em The New York Review, e creio sua
mais recente contribuição tenha sido artigo sobre a oportunidade de parceria do
Ocidente com a China para evitar a guerra mundial[1].
Na citada entrevista, Soros se
reportou à questão da Ucrânia. Recordou que a princípio eventual parceria desse
país com a União Europeia não se tinha firmado, por faltarem então condições ao
governo de Kiev. No entanto, segundo o
financista húngaro assinala, a situação ora mudou. De um lado, a Ucrânia fez
opção clara por aliança com Bruxelas, como o demonstra, de resto, a sublevação
da Praça Maidan e a expulsão de seu
então presidente pró-Rússia, Viktor Yanukovich.
Decerto não se contava com a reação
de Moscou, em que Vladimir Putin instrumentaliza como casus belli a derrubada do filo-russo Yanukovich, e em retorno em
grande estilo aos piores transes do século XX, provoca um levante na população
ucraniana nas províncias orientais, mêmore das tentativas de secessão pós-1ª
Guerra Mundial, que o exército vermelho esmagaria, e em seguida, se apossa da
Crimeia, em cínica anexação
A opção da Ucrânia fora inequívoca,
enjeitando a associação com a União Aduaneira promovida por Moscou, e, para
tanto, retomando os contatos com
Bruxelas, com vistas a negociação de Acordo Comercial.
George Soros é de parecer que a União
Européia deveria apoiar a Ucrânia, eis que agora tem um governo interessado em
estreitar os laços com Bruxelas, o que lhe abriria novas avenidas de cooperação com a Europa (e a consequente
oportunidade de maior desenvolvimento e
de melhor futuro para o povo ucraniano).
Tal ênfase do financista húngaro tem
muito presente decerto o que a parceria com Bruxelas significou, em termos de
progresso, para Varsóvia e outros países do Leste Europeu. Ele entende que em
um primeiro momento não houve condições para estreitar tais laços entre Kiev e
Bruxelas, mas não é mais o caso de enjeitar o interesse desse grande país que
ora sofre essa despudorada agressão de Moscou.
Soros enfatiza a respeito que a
situação ucraniana mudou radicalmente, e que as sondagens de Kiev deveriam ser
respondidas favoravelmente, porque a Europa não deveria perder a oportunidade
de estreitar a própria cooperação com a Ucrânia. No entender do financista, as
condições na Ucrânia mudaram - sobretudo
no que concerne às possibilidades e planos do Governo de Kiev – e que não se
deveria deixar passar tal ocasião,
sobremodo ao ser esse grande país vítima da agressão imperialista de Moscou.
Ao assistir a entrevista,
recordei-me das intrigantes omissões que tem caracterizado a resposta da União
Europeia aos pedidos de país vítima de uma cínica invasão que parece saída das
sombras do século XIX, tal a sua desenvoltura, decerta firmada sobre o
pressuposto de que não haverá contra esse desígnio resistência maior do
Ocidente, como se a soberania da Ucrânia fosse expendable. As próprias reações da Chanceler alemã, Angela Merkel, aceitando somente dar a
Kiev ajuda limitada, da qual está
excluído material bélico de maior porte, ainda que de defesa. Com aliados como
esses, a pobre Ucrânia está muito mal parada.
Por isso, a recomendação de George
Soros de dar maior atenção à questão ucraniana me pareceu de grande
oportunidade e de visão política, cousa que está em falta nos países lideres da
União Europeia.
( Fonte: Globo News )
Nenhum comentário:
Postar um comentário