Há uma série de erros sobre a
candidatura do megamilionário Donald Trump. A idéia inicial seria
a de um fenômeno do verão. Houve no passado pré-candidatos que surgiram com
muita força e de repente, desapareceram do visor. Herman Cain, em 2011, é prova disso. Outro exemplo, de quem surge
com vigor, mas por causa de erros e gafes, também fica para trás: O ex-governador Rick Perry, do Texas, é amostra desse tipo de pré-candidato.
Semelhante àquele que nas corridas de cavalos, logo cai para o pelotão de
retardatários.
Por outro
lado, se disse que a ilusão da postulação Trump desapareceria, quando
confrontada por pré-candidatos mais preparados, e com base de apoio mais
estável. Isso também se pensava. Mas no recente debate dos principais
pré-candidatos do GOP, estavam os muito citados Jeb Bush e Scott Walker. Ter participado das discussões e ter sido
visado especialmente – inclusive por jornalista da Fox – não afetou, nem
desestabilizou Mr Trump.
Análise de sua pré-candidatura pelo New York Times estabelece que Trump
formou larga, demografica e ideologicamente diversa coalizão, que formou
construída em torno de sua personalidade e não da substância das matérias
envolvidas. A vantagem dessa aliança reside em estar acima das divisões
políticas e demográficas. Em assim procedendo, Trump está protegido das
eventuais consequências de afirmativas ousadas que poderiam afundar as
candidaturas rivais.
Assim, em
pesquisa após pesquisa, Trump lidera entre as mulheres, apesar de seus termos
‘porcas gordas’ e ‘animais nojentos’, sem esquecer a menção do fator menstrual
sobre o eventual juízo feminino. A sua liderança não para aí. Está na frente
nas preferências dos cristãos-evangélicos, a despeito de haver dito que nunca
teve uma razão de pedir perdão a Deus. Também está na frente, entre moderados e
votantes de nível universitário, malgrado a sua mensagem populista e
anti-imigração, que é suposta cair melhor com a faixa conservadora e os
votantes com menos recursos. Além disso, ele lidera entre os votantes mais
frequentes (nas primárias), ainda que o seu atrativo seja maior junto àqueles
que pouco votam nas primárias.
A avaliação
do New York Times não minimiza os problemas que a sua candidatura enfrenta. A
maioria dos republicanos não apóia a sua candidatura e não semelha com vontade
de mudar de ideia.
Contudo a
amplitude da coalizão de Donald Trump é surpreendente em um tempo de
divisões religiosas, ideológicas e geográficas no Partido Republicano. Há um
sinal forte de que a sua candidatura não é um fenômeno temporário, tendente a
logo desaparecer.
Diante
desse largo apoio no espectro do GOP, os seus adversários já sentem a pressão
de confrontá-lo desde já (Jeb Bush e Scott Walker já estão malhando este
ferro). A sua sustentação não está ligada a nenhuma questão ou sentimento
isolado: imigração, ansiedade econômica ou atitude anti-establishment.
O que semelha mais importante é sua personalidade, celebridade e ousadia.
Dessarte, o seu populismo e as suas posições políticas tornam possível que ele
defenda de forma crível posições tido por polêmicas.
Os seus
partidários, com diferentes vivências,
enfatizam que ele ‘diz como é realmente’, e muito apreciam a
circunstância de que ele ‘não é politicamente correto’.
Quando
perguntados sobre as qualidades que traria para a Casa Branca, eles mencionam o
executivo implacável que gostava de demitir funcionários pela tevê. Outros referem os seus campos de golfe, de
manutenção impecável. E o refrão: ele é alguém que faz (gets things done).
Tampouco
para os partidários,não é um defeito não ter experiência executiva. Que ele não
a tenha, é uma das principais razões porque seus partidários o querem em
Washington.
Outra
vantagem de Trump é que ele supera os seus concorrentes em segmentos em que
eram supostos vencê-lo com facilidade.
Assim, ele vence o Senador Ted Cruz, do Texas, entre os partidários do
Tea Party (26% a 13%), o ex-governador Mike Huckabee, de Arkansas, antigo
pregador, de 21 a 12%, entre os evangélicos, e lidera Jeb Bush, ex-governador,
e favorito dos republicanos moderados, de 22 a 16%.
Outra
suposta desvantagem de Trump – a sua falta de lealdade com o GOP e os seus
francos e cáusticos ataques aos rivais – na verdade confirma a sua condição de
outsider desejoso de desafiar as convenções, e satisfaz um desejo de um
approach franco e sem hipocrisia. Um policial aposentado de Nova Iorque
declarou: a gente começa a ver que esta correção política é lixo.
Outra
motivação para apoiar Trump estaria na sua riqueza. Muitos sinalizaram a sua fortuna como algo
que o separa dos políticos de carreira, e que o libera das exigências dos doadores
de fundos.
Baseando
sua pesquisa em votantes registrados, o que inclui o seu histórico de sufrágios
nas primárias do GOP, buscou-se delimitar o apoio a Trump por aqueles que votam
regularmente nessas primárias (dado o fato de que a sustentação de Trump viria
de gente que não costuma votar em primárias). E mais uma vez, os profissionais
foram surpreendidos pelo fenômeno Trump:
16% dentre os republicanos devidamente registrados apoia Donald Trump. E
seus rivais, Ben Carson e Jeb Bush, têm respectivamente 11 e 10%.
De acordo
com as premissas, faz sentido que Trump desfrute de mais apoio junto aos
votantes menos frequentes. Assim, a
assiduidade do votante não impede a Trump de deter a maioria nos segmentos
respectivos. Como resumiu o Senhor Aida, não importa se a pessoa votou em
republicanos em duas, oito ou doze eleições. Trump tem a vantagem em todas as
hipóteses.
Pelo
visto, e com a proficiência dos pesquisadores estadunidenses, o fator Trump não
se limitará ao verão boreal. O futuro dirá se o seu modo de fazer campanha
continuará como fator favorável, ou se a sua liberdade verbal virá a colocá-lo
em águas revoltas.
De
qualquer maneira, os grandes nomes do GOP dificilmente poderão dar-se ao luxo
de ignorá-lo.
( Fonte: artigo do New
York Times : “Porquê Donald Trump não desaparecerá: pesquisas e gente falam
)
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