O programa de
ontem do Partido dos Trabalhadores, em certos momentos, teve indefectível ar de
velório. Tudo para isso colaborou. As frases vazias, o jeito de quem quer
atacar e sente não poder, a dissociação da realidade, a catadura do moderador –
que na tevê costuma representar vilões – caracterizou mais essa enésima
inserção do chamado programa político.
Com a desenvoltura
de sempre, eles tomam conta do principal horário televisivo, que é aquele
normalmente ocupado pelo Jornal Nacional.
A arrogância
dos políticos escandalosamente pagos para trabalharem um dia e meio por semana –
se tanto! – tem crescido com dinâmica que não respeita o Povo, e a pensar chega
que a tais longínquos representantes tudo é devido.
Aqui, ao
contrário de grandes democracias como os Estados Unidos, o horário político não
só é gratuito, mas se acha importante por demais para ocupar o espaço nobre da
televisão durante todo o ano. Não mais é reservado para a época das eleições.
Nesta triste sopa de letras dos partidos (e já passamos dos trinta!), se tem
que aguentar as baboseiras das legendas
de aluguel, na companhia dos partidões e dos médios.
Na ânsia da
divulgação – que está, em geral, na razão inversa de o que tem para dizer (há
um que chega a gabar-se da própria capacidade de eleger representantes com o menor
(sic!) número de votos) - o ano todo virou época de pescaria eleitoreira. Não
mais sói ser reservada para o verdadeiro horário político, aquele que antecede
as eleições.
Além das altas verbas que os trinta e
tantos partidos se autovotam das dotações estatais – que num país com tantos
buracos (físicos e metafísicos!), a sofreguidão os leva a desrespeitar qualquer
simulacro de horário eleitoral, pois agora os alegres compadres em Brasília se
votam programas para o ano todo, e quanto mais incomodem o cidadão, parece que
lhes vai mais a gosto. Longe está a sazão em que o horário político ocorria no
ano da eleição, e com devido respeito ao Povo soberano. É tempo de voltar a estas boas práticas,
vendo que Suas Excelências só dedicam um dia inteiro por semana ao mister para
o qual foram eleitos (e pelo qual são regiamente pagos) !
Mas voltemos
ao soturno programa do PT. Não há marqueteiro que ignorar possa a rejeição colhida por
esse partido – que julgou poder açambarcar não só o mando, mas tantas coisas
mais. Entrementes, a Lava-Jato
em que o MPF e a PF investigam e detêm; e o bravo Juiz Sérgio Moro determina interrogar e prender, assim como julga
e, se for o caso, condena - por todos os brasis vem agora despertando.
O sôfrego
plano de Lula da Silva, com a sua
soberba de aparelhar o Estado e pô-lo a serviço do Partido dos Trabalhadores,
além de outros ditos programas que a Justiça ora se empenha em melhor conhecer,
examinar, inquirir e, se for o caso, condenar, toda essa gigantesca húbris – ainda que pueril em certos
aspectos pela previsível carência de maior base e preparo - está agora em processo de desfazimento, sob o
inclemente sol da justiça e da verdade.
Não sei se
por ignorância, ou se por cega ambição, Lula e o PT se reputaram em condições
de açambarcar o Estado e se transformarem, com atraso acabrunhante, em
verdadeiros substitutos dele. Reputarem-se donos do poder e da sua pretensa
capacidade munificente. O desvirtuado
esquema da Bolsa Família que nasceu
em Brasília para levar as famílias a cuidarem da instrução dos filhos virou
sistema de beneficência, que assegura mesada não só aos pobres, mas também
àqueles que desejam descansar à custa do Estado. Perderam a faculdade de olhar
para o futuro, incentivando o estudo da descendência, enquanto cuidam de forma
eleitoreira em assegurar o sustento de quem quer viver à custa da Viúva. Para
uma coisa o Bolsa Família tem servido. Para marcar aqueles que preferem
existir às expensas da Nação, e assim tem sido indicador social tristemente
eficaz. Qual é o maior estado beneficiário da Bolsa-Família, senão o Maranhão
do clã Sarney?! Será que foi para isso que Cristovan Buarque concebeu o Bolsa-Família ?
Mas
voltemos à vaca fria, vale dizer, ao
desenxabido, melancólico programa do PT.
Todos os seus medalhões – ou quase todos, porque muitos nessa hora cuidam de
passar ao largo – com o grande Lula da Silva à frente, seguido pela
sua discípula, Dilma Rousseff, esta
sob comovente acompanhamento da atoarda das panelas e do clicar das luzes
domésticas, todos eles falando sob a intempérie de quem fez por merecer, à
conta de arrogante incompetência, de vis promessas ao vento y otras cositas más, na
sinfonia do fracasso de um regime .
Apesar dos
forçados sorrisos, das palavras e das frases que desejam ser de efeito, nessa
hora tudo cai chocho e disforme.
É o
látego, o açoite, o laço do Povão, que afinal se cansa das mentiras,
empulhações e das lulescas jactâncias.
Agora eles passam os dias, não porventura tangidos pela esperança de um
só dia, mas sim perseguidos pela terrível vingança de quem se sente não só
enganado, mas tripudiado por esse infinito número de Mentiras.
Os maiorais
temem o dia da Ira. E o maior de todos paga em diuturna angústia as próprias
ilusões de um poder que pensara absoluto.
( Fontes: O Globo,
Lord Acton, Júlio Tavares, aliás Carlos Lacerda )
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