sexta-feira, 7 de agosto de 2015

Melancólico Programa de Partido sem Futuro


                               
         O programa de ontem do Partido dos Trabalhadores, em certos momentos, teve indefectível ar de velório. Tudo para isso colaborou. As frases vazias, o jeito de quem quer atacar e sente não poder, a dissociação da realidade, a catadura do moderador – que na tevê costuma representar vilões – caracterizou mais essa enésima inserção do chamado programa político.

          Com a desenvoltura de sempre, eles tomam conta do principal horário televisivo, que é aquele normalmente ocupado pelo Jornal Nacional.

          A arrogância dos políticos escandalosamente pagos para trabalharem um dia e meio por semana – se tanto! – tem crescido com dinâmica que não respeita o Povo, e a pensar chega que a tais longínquos representantes tudo é devido.

          Aqui, ao contrário de grandes democracias como os Estados Unidos, o horário político não só é gratuito, mas se acha importante por demais para ocupar o espaço nobre da televisão durante todo o ano. Não mais é reservado para a época das eleições. Nesta triste sopa de letras dos partidos (e já passamos dos trinta!), se tem que aguentar  as baboseiras das legendas de aluguel, na companhia dos partidões e dos médios.

         Na ânsia da divulgação – que está, em geral, na razão inversa de o que tem para dizer (há um que chega a gabar-se da própria capacidade de eleger representantes com o menor (sic!) número de votos) - o ano todo virou época de pescaria eleitoreira. Não mais sói ser reservada para o verdadeiro horário político, aquele que antecede as eleições.

         Além das altas verbas que os trinta e tantos partidos se autovotam das dotações estatais – que num país com tantos buracos (físicos e metafísicos!), a sofreguidão os leva a desrespeitar qualquer simulacro de horário eleitoral, pois agora os alegres compadres em Brasília se votam programas para o ano todo, e quanto mais incomodem o cidadão, parece que lhes vai mais a gosto. Longe está a sazão em que o horário político ocorria no ano da eleição, e com devido respeito ao Povo soberano.  É tempo de voltar a estas boas práticas, vendo que Suas Excelências só dedicam um dia inteiro por semana ao mister para o qual foram eleitos (e pelo qual são regiamente pagos) !

         Mas voltemos ao soturno programa do PT. Não há marqueteiro que ignorar possa a rejeição colhida por esse partido – que julgou poder açambarcar não só o mando, mas tantas coisas mais. Entrementes,  a Lava-Jato em que o MPF e a PF investigam e detêm; e o bravo Juiz Sérgio Moro determina interrogar e prender, assim como julga e, se for o caso, condena - por todos os brasis vem agora despertando.

         O sôfrego plano de Lula da Silva, com a sua soberba de aparelhar o Estado e pô-lo a serviço do Partido dos Trabalhadores, além de outros ditos programas que a Justiça ora se empenha em melhor conhecer, examinar, inquirir e, se for o caso, condenar, toda essa gigantesca húbris – ainda que pueril em certos aspectos pela previsível carência de maior base e preparo -  está agora em processo de desfazimento, sob o inclemente sol da justiça e da verdade.

         Não sei se por ignorância, ou se por cega ambição, Lula e o PT se reputaram em condições de açambarcar o Estado e se transformarem, com atraso acabrunhante, em verdadeiros substitutos dele. Reputarem-se donos do poder e da sua pretensa capacidade munificente.  O desvirtuado esquema da Bolsa Família que nasceu em Brasília para levar as famílias a cuidarem da instrução dos filhos virou sistema de beneficência, que assegura mesada não só aos pobres, mas também àqueles que desejam descansar à custa do Estado. Perderam a faculdade de olhar para o futuro, incentivando o estudo da descendência, enquanto cuidam de forma eleitoreira em assegurar o sustento de quem quer viver à custa da Viúva. Para uma coisa o Bolsa Família tem servido. Para marcar aqueles que preferem existir às expensas da Nação, e assim tem sido indicador social tristemente eficaz. Qual é o maior estado beneficiário da Bolsa-Família, senão o Maranhão do clã Sarney?! Será que foi para isso que Cristovan  Buarque concebeu o Bolsa-Família ?

           Mas voltemos à vaca fria, vale dizer, ao desenxabido, melancólico programa do PT. Todos os seus medalhões – ou quase todos, porque muitos nessa hora cuidam de passar ao largo – com o grande Lula da Silva à frente, seguido pela sua discípula, Dilma Rousseff, esta sob comovente acompanhamento da atoarda das panelas e do clicar das luzes domésticas, todos eles falando sob a intempérie de quem fez por merecer, à conta de arrogante incompetência, de vis promessas ao vento y otras cositas más, na sinfonia do fracasso de um regime .

           Apesar dos forçados sorrisos, das palavras e das frases que desejam ser de efeito, nessa hora tudo cai chocho e disforme.

            É o látego, o açoite, o laço do Povão, que afinal se cansa das mentiras, empulhações e das lulescas jactâncias.  Agora eles passam os dias, não porventura tangidos pela esperança de um só dia, mas sim perseguidos pela terrível vingança de quem se sente não só enganado, mas tripudiado por esse infinito número de Mentiras.

           Os maiorais temem o dia da Ira. E o maior de todos paga em diuturna  angústia as próprias ilusões de um poder que pensara absoluto.

 

( Fontes:  O Globo,  Lord Acton, Júlio Tavares, aliás Carlos Lacerda )   

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