O Fator Donald Trump
O comportamento de
Donald
Trump que continua imprevisível nas tiradas e observações – e que
parecem sustentar a sua atual liderança no pelotão republicano – por primeira
vez lhe custou caro, ao ser desconvidado para encontro de conservadores.
O debate
promovido pela Fox News – que é a porta-voz da direita extremada do GOP, i.e. o Tea Party –
colheu decerto a atenção que tem seguido o multimilionário, com a sua
irreverência e as tiradas fora do padrão dos demais candidatos. Esse interesse inusitado pelo novo e pelas
afirmações que fogem da correção política manifestou-se uma vez mais com uma
audiência de 24 milhões de telespectadores, o que não é decerto usual nesse
tipo de programa, recheado por nulidades, eternos concorrentes além daqueles
como Jeb
Bush a que vão os prognósticos de uma possível chegado ao ticket do GOP.
Como semelha
evidente, o catalizador dessa atenção desproporcional não é outro senão Donald
Trump, que, a princípio, fora descartado como carta fora do baralho.
Sem embargo, o
multimilionário e a sua falação sem peias nem as mesuras ex-officio semelham
agradar a uma larga faixa do público, que pelo visto está cansada das mediocridades
falantes, ou aquele que recebe a unção do favoritismo por integrar uma família
de presidentes, a começar pelo aristocrata de um só mandato, e em seguida pela
mediocridade coroada de George W. Bush, o único presidente americano ‘eleito’
pela Suprema Corte.
O ex-governador
da Flórida pensa trilhar o caminho da prudência e valer-se da colateral ajuda
de tanto parentesco.
Diante de
todos esses rodeios, não surpreende nem um pouco, que Don Trump, com as suas
propostas-bomba (como a do muro ao sul para deter a migração dos mexicanos) e
os seus murros selvagens (wild punches),
com que desfez de um herói nacional, o íntegro senador (e ex-candidato à
presidência derrotado por Obama) John
McCain, não dão a impressão de que lhe abalaram a candidatura.
Terá ido ele
agora mais longe de o que devia, ao insinuar que as perguntas frenéticas e
impiedosas da jornalista Megyn Kelly,
da ultradireitista Fox News, se deveriam a problemas menstruais? Até o presente o absurdo e o despropósito tem
formado a base do discurso do anticandidato Don
Trump. Por força dessa observação
fora das regras (não há trocadilho aqui!) Trump foi desconvidado para um forum
conservador. Como ele afirmou outrossim que pleiteará de qualquer forma a
presidência, mesmo que o Partido Republicano não o designe, houve um certo
alívio entre os candidatos tradicionais, julgando que ele dera um tiro no pé ao
desdenhar da nomination do GOP.
O problema
com os adversários republicanos de Trump é de tentar pautá-lo pelas regras das
primárias políticas, que eles, obedientes à correção política, julgam ser de
importância capital. Enquanto não perceberem que a campanha de Donald Trump se
sustenta notadamente na negação de tais regras – e o quanto mais escandalosamente
feito, melhor – eles continuarão a agir como que aturdidos no grupo. Não sei
por quanto tempo o fator Trump continuará a preponderar, mas seria interessante
e apropriado mesmo que os demais concorrentes – refiro-me, por certo, àqueles
de alguma importância – tenham presente a velha máxima do box, que um lutador
só vai a nocaute por um soco que ele não sabe de onde saíu...
A Crise de
Dilma Rousseff e
do PT
As
possibilidades legais da crise desembocar na destituição da Presidenta estão
elencadas na coluna de Merval Pereira de hoje. Espanta menos que o futuro de Dilma seja
negro, do que seja tão grande e diversificado o número das prováveis motivações
legais para que o país se livre desta bomba inventada pelo fazedor de postes.
Falou-se
outro dia de um Lula que irrompeu pilhado no Alvorada, a ponto de pôr em
debandada os habituais aspones.
Há gente
dentre os comentaristas da imprensa – que antes passavam por argutos, - e que
hoje ao cair na asneira de lê-los, o pobre leitor tem a tentação de definir
essa gente como mais pilhada ainda.
Dá para
entender que o atual comandante do navio PT, o sr. Rui Falcão declare alto e bom som que o partido não tem desculpas a
pedir ?
Tais
posições de negação frontal ou articulada se vêem na Revolução Francesa, entre
os que se negavam a ver indícios fortes de situação revolucionária nas ruas, quando deparavam até cabeças
passeando pelas vielas e becos na ponta dos chamados ‘piques’ (paus de vassoura
com aguilhão na extremidade), enquanto os alegres portadores cantavam gritando “Tudo vai bem, senhora marquesa!” [1]
Se o
deboche da oposição ao regime toma essa forma assaz agressiva, ou alguém foge
para a fronteira, pela rota de Varennes
(foi a escolha do Rei Luis XVI), ou fica na capital, como foi a opção dos
girondinos (moderados). Nenhuma das duas ‘soluções’ funcionou, tanto que ambos
acabaram na guilhotina.
Rio Grande do Sul – um Estado falido?
Sua
Excelência, no entanto, estava diante de uma situação de fato que o seu
antecessor do Partido dos Trabalhadores, Tarso
Genro, não achou digna de referir ao seu eleitorado.
Vamos por partes. O Governador Sartori – que, como seria de esperar,
cortou igualmente a própria remuneração e a de todos os dependentes do poder
executivo estadual– não está vendo, no entanto, a própria iniciativa abraçada
pelos demais poderes, até agora em silêncio (reporto-me ao Legislativo e ao
Judiciário , em que não são pequenas as remunerações respectivas).
Há
outros detalhes inquietantes nessa opera buffa. Causa espécie que as contas do
governador Tarso Genro foram aprovadas pelo Tribunal de Contas do Estado, sem
qualquer nota a respeito de que as tais contas aprovadas, por serem
insuficientes para atender às despesas,
foram não obstante carimbadas com aprovo! E assinale-se que tal
aprovação pelo Tribunal foi feita a toque de caixa, na semana passada.
Segundo
noticia O Globo “há quarenta anos o
Estado gasta mais do que arrecada” e acrescenta “especialistas preveem
insolvência até o fim do ano”.
É
interessante notar que o atraso na Segurança Pública é a área mais afetada pela
crise, com 85% dos funcionários com salários atrasados. Como sói ocorrer, o
atraso foi parar no Supremo Tribunal Federal, que ameaça o Estado com uma
intervenção caso descumpra ordem para pagar em dia.
Aqui
entram perguntas que carecem de resposta. Como um Estado pode pagar em dia os
seus compromissos se não tem dinheiro em caixa?
Pelo visto, há muito tempo o Estado tem tido uma posição de avestruz com
relação aos próprios compromissos. Deve-se notar que apenas os funcionários do
Executivo estão sendo submetidos ao sistema de quotas. Já os funcionários da
Justiça e os do Legislativo, embora sejam pagos pela mesma fonte, não estão por
ora submetidos a qualquer corte ou pagamento em quotas.
Tampouco
a Lei da Responsabilidade Fiscal vem sendo cumprida. Na semana passada, o
Estado ultrapassou o limite prudencial com gastos da folha de servidores
recomendado pela L.R.F. com 47,3% da receita corrente líquida com salários (o
gasto não deveria ultrapassar 46,5% . O limite legal, passível de sanções, é de
49%).
Outro dado inquietante é o gasto com a Previdência (o maior do país!). O
Estado do Rio Grande do Sul dispende 31%
da receita líquida com aposentados. Note-se que para cada cem servidores na
ativa, o Estado computa 120 aposentados. Já computado o déficit do esquema,
coberto pelo Tesouro estadual, o dispêndio líquido em 2015 deverá passar dos R$
9,5 bilhões.
O limite legal, estabelecido pela L.R.F. (os ditos 49%) já deve ser
alcançado e ultrapassado, segundo projeção do presidente do Centro de
Auditores Públicos Externos do TCE
gaúcho, em novembro p.f. Tal se deverá aos ‘reajustes’ generosamente concedidos
pela administração do PT, de Tarso Genro, que vão agir de forma escalonada
até 2018.
Diante desse problema criado no Estado pelo Sr. Tarso Genro, o Sr. Josué
Martins advoga “que o Estado lidere uma frente com outros Estados, para buscar soluções em nível federal. (meu o grifo)”
A solução proposta
pelo Sr. Auditor para o Estado não é por certo original. O Rio Grande, por intermédio de seu
governador Tarso Genro, agrava o problema. A causa é obviamente estadual. Mas o remédio aventado é federal...
( Fontes: The New York
Times, O Globo, Folha de S. Paulo )
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