quarta-feira, 19 de agosto de 2015

Diário da Mídia

                                        
Do inchado e inútil ministério

 

           Hoje a presidência Dilma Rousseff se caracteriza pela falta de poder, sequer logrando coordenar uma estranha coalizão. Os 39 ministérios, segundo corre a estória da Carochinha, existiriam para assegurar sustentação política pela chamada base de apoio parlamentar.

           Na verdade, porém, a tal base de apoio não passa de custosa ficção, eis que, mesmo em épocas melhores, quando os partidos ainda tinham algum respeito pelo Palácio do Planalto, jamais se viu a alegada coordenação, que tanto pesa para o Erário Público.

          E não há negar que existe de parte do dílmico governo um fundo temor quanto a tomar qualquer medida para assegurar maior coordenação desse ministério fantasma.

          Pois quando se sugeriu, há poucos dias atrás, que a presidente cuidasse de cortar este ministério tão inchado quanto inútil, ela se fez de desentendida, e não procedeu a reforma alguma.

 
Diplomacia sem dinheiro

 

               Dilma conseguiu algo que nem os militares haviam ousado. Durante o regime da chamada revolução, os generais-presidentes deram  prova de senso patriótico e de apreço pelo Itamaraty. Com exceção de um chamado anfíbio – político e também militar – nunca puseram à frente do Itamaraty um oficial das Forças Armadas. Além disso, como também carreira de estado respeitaram a diplomacia brasileira, que dispôs de certa autonomia para gerir a Casa.

              Nada fizeram que de longe se pareça com o dílmico tratamento, caracterizado pelo fundo e desmoralizante corte de verbas – que colocou a Casa de Rio Branco atrás de pequenos ministérios e por isso a colocou em uma faixa de desmoralização e achincalhe.

               O que nossas missões ora sofrem se deve à sólida ignorância diplomática de Dilma, sem nenhuma dúvida o Presidente mais nefasto e deletério para o Ministério que se orgulhava de exercer diplomacia que o punha, em todos os continentes, no primeiro nível das questões de política exterior.

               A isso sucedeu o presente achincalhe, em que os chefes de missão tem de cuidar que não lhes cortem energia e água, nem tentem penhorar os nossos prédios de representação por falta de pagamento.

               Pois a isso chegamos. De uma certa forma, a anti-diplomacia de dona Dilma reflete o seu Partido dos Trabalhadores. De resto, a nossa diplomacia no Continente, depois de dois séculos de bons serviços no campo dos negócios de Estado,  passou para a diplomacia de partido, como é a prática nos países mais próximos do PT (Venezuela, Equador, Bolívia e Cuba). Tampouco há de estranhar que o Ministro de Estado das Relações Exteriores não tenha na prática realmente responsabilidade sobre as questões da América Latina, de quem cuida o Comissário Marco Aurélio Garcia.

                Apesar dos meus cinquenta anos de Casa, não me tocou, por especial favor da Deusa Túxe, ter de subordinar-me, no Itamaraty, a alguém que não fosse da Casa, excetuados, é obvio, os ministros políticos que nos honraram ao assumir a Cadeira de Rio Branco.

 
Fim de uma Era

 

                  Finalmente, se poderá dizer que nunca dantes a República esteve tão perto de engrossar a manada dos regimes neo-sindicalistas, que ora abundam no Continente, embora não sem resistência de boa parte das populações respectivas.

                O símbolo dessa cercania atravessa uma contestação que surpreende pela amplitude e profundidade. Quem antes passava por estadista, agora vê a própria criatura debater-se para não ter que renunciar. Nunca dantes alguém havia mentido tanto para virar a mesa e arrebatar a eleição.

                A candidata Marina, cuja candidatura crescia pelo significado da respectiva campanha, de sua honestidade e sinceridade,  foi destruída ainda no Primeiro Turno por uma barragem de acusações mentirosas e desonestas. Havia da parte do alto comando petista,  que Marina Silva, retirante, trabalhadora braçal, mulher que com muita dificuldade estudara e se formara, e continuara, para geral espanto, honesta e idealista, que ela, pelo perigo que trazia para a coligação petista, deveria ser afastada da possibilidade de disputar o segundo turno. Para tanto, sem dispor de tempo para defender-se – e ao negar-se a justiça eleitoral a conceder-lhe direito de resposta, mesmo em se tratando de mentiras contra ela dirigidas – não há de surpreender muito que Dilma tenha tido como adversário no turno decisivo o candidato Aécio Neves, que por largo tempo se quedara em terceiro lugar.

                 Ao ensejo das últimas manifestações – que os figurões petistas tentaram desmerecer como se nada significasse a presença de milhões nas ruas a reclamar a saída  de Dilma Rousseff   da presidência – o Povo brasileiro colheu uma dádiva inesperada.

                 Quero referir-me à oportuna lembrança de apresentar o companheiro Lula como um boneco inflável, envergando uniforme de presidiário.  Há tempos que o ex-presidente dorme mal ou não dorme, transido por tremores e temores inconfessáveis. Passeia-lhe na mente  imagem que também apareceu – mas de forma diferente, eis que empunhada por populares seus admiradores. Reporto-me ao Juiz Sergio Moro, esse magistrado ainda jovem que surgiu de Curitiba para o bom êxito da operação Lava-Jato.

                 A imagem de Lula presidiário correu mundo.  Colunistas declararam que estamos diante do fim de uma era. No Brasil, tenhamos presente a atávica maldição que faz compreensíveis o que em outros países se afigura incompreensível.

                  Até agora, temos visto muitos subalternos irem para a cadeia. O que tem diferençado o trabalho do MPF de Rodrigo Janot, da Polícia Federal e do Juiz Sérgio Moro, é que ninguém ousou até hoje tentar inviabilizar o Operação Lava-Jato com as cediças soluções do passado. A Justiça, apesar dos poderosos trancafiados, continua a avançar.

                 E é por isso que gente acima de qualquer suspeita continue a cair nas malhas da lei, por mais que vociferem, ou, como em outro caso, por mais alto e mais imponentes se afigurem os respectivos bastiões, muralhas e portentosas defesas, que antes semelhavam inexpugnáveis.

                Hoje no Brasil, pela mão de um juiz honesto e de inegável mérito, Sérgio Moro, calam as liminares e as alçadas superiores, porque um poder maior, que é o da Nação brasileira, se alevanta afinal.     

                O País do Jeitinho e do Pistolão se transforma e se torna, para felicidade geral, o País da Lei e do Direito.

               Proclama-se o fim de uma Era. Que o seja realmente, para abrir alas ao reino da verdadeira Justiça.   

  

( Fontes:  O Globo, Folha de S.Paulo )                 

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