Dilma
Rousseff,
com fundas olheiras na foto, agora
concede entrevista a três grandes jornais, se dizendo arrependida com erros
cometidos no passado.
Primeiro, ela
reconhece que as medidas de correção na economia deveriam ter sido tomadas
ainda em 2014, até antes das eleições. O Governo demorou a perceber a gravidade
da crise.
Segundo, outra coisa que ela também lamenta é o envolvimento de petistas no
esquema de corrupção na Petrobrás.
Em termos de
presidentes do PT, o discurso de Dilma não inova. Lula, quando estourou a crise
do chamado Mensalão, igualmente se disse ‘traído’.
E, no caso
dele, funcionou à maravilha, eis que, meses depois, seria reeleito. Voltara, diante
das usuais hesitações do PSDB, a ser o Lula de sempre, afirmado e não
reconhecendo mais nada, chegando mesmo a falar em ‘armação’.
Dilma hoje enfrenta
crise muito mais séria, pela acumulada falta de credibilidade dos gerarcas
petistas. Antes, no caso do Mensalão,
se pensara que a corrupção não seria sistêmica, e que podia ser concentrada em
um círculo reduzido. Tal não foi o que aconteceu e o comportamento de Lula da
Silva, enquanto presidente e ex-presidente, é indicação de um fenômeno
tectônico, respondido a cada crise ou mini-crise, com as respostas da vez.
Dilma
continua a proclamar surpresa com os escândalos que vão pipocando, e não
espanta, por conseguinte, que a sua credibilidade se debata acima ou abaixo do
nível de navegabilidade.
Dilma e
Lula, embora no centro dos acontecimentos, e por eles balançados, sempre se
dizem os últimos a saber.
Assim,
engana-se quem pensa que a dupla tenha compromisso com a verdade. O compromisso
deles, em realidade, é com manter-se, no mar revolto, acima da linha d’água.
Ontem, no
que o colunista político de O Globo
qualifica ‘de desastrada declaração’ o ministro do Planejamento, Nelson Barbosa, anunciou que cerca de
dez ministérios serão exterminados, sem que pudesse dizer quais deles por
absoluta falta de planejamento. Ao seu lado, e decerto não por acaso, estava Gilberto Kassab, o Ministro das
Cidades...
Nesse quadro,
tudo faria parte da tentativa de ensaiar um arremedo de mea-culpa, buscando através de mentiras
sinceras (o termo é de Merval Pereira)
recuperar a credibilidade perdida.
Para quem, quando
singrava os mares de almirante da alta popularidade, escarnecia das entrevistas exclusivas, não
convence todo esse afã de vir a público, com litania de desculpas e um estranho
alheamento da realidade.
Na verdade,
Dilma segue cartilha já batida pelo antecessor. São as ditas ‘mentiras sinceras’,
cujo prazo de validade está em geral
vencido, e que só são críveis, sem esquecer a Velhinha de Taubaté, para
os tolos e os crédulos (na esperança de que ainda existam).
( Fonte: O Globo, Folha de S. Paulo )
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