terça-feira, 25 de agosto de 2015

Agora, está arrependida...

                                       

         Dilma Rousseff, com fundas olheiras  na foto, agora concede entrevista a três grandes jornais, se dizendo arrependida com erros cometidos no passado. 

         Primeiro, ela reconhece que as medidas de correção na economia deveriam ter sido tomadas ainda em 2014, até antes das eleições. O Governo demorou a perceber a gravidade da crise.

          Segundo, outra coisa que ela também  lamenta é o envolvimento de petistas no esquema de corrupção na Petrobrás.

          Em termos de presidentes do PT, o discurso de Dilma não inova. Lula, quando estourou a crise do chamado Mensalão, igualmente se disse ‘traído’.

          E, no caso dele, funcionou à maravilha, eis que, meses depois, seria reeleito. Voltara, diante das usuais hesitações do PSDB, a ser o Lula de sempre, afirmado e não reconhecendo mais nada, chegando mesmo a falar em ‘armação’.

         Dilma hoje enfrenta crise muito mais séria, pela acumulada falta de credibilidade dos gerarcas petistas. Antes, no caso do Mensalão, se pensara que a corrupção não seria sistêmica, e que podia ser concentrada em um círculo reduzido. Tal não foi o que aconteceu e o comportamento de Lula da Silva, enquanto presidente e ex-presidente, é indicação de um fenômeno tectônico, respondido a cada crise ou mini-crise, com as respostas da vez.

         Dilma continua a proclamar surpresa com os escândalos que vão pipocando, e não espanta, por conseguinte, que a sua credibilidade se debata acima ou abaixo do nível de navegabilidade.

         Dilma e Lula, embora no centro dos acontecimentos, e por eles balançados, sempre se dizem os últimos a saber.    

         Assim, engana-se quem pensa que a dupla tenha compromisso com a verdade. O compromisso deles, em realidade, é com manter-se, no mar revolto, acima da linha d’água.

          Ontem, no que o colunista político de O Globo qualifica ‘de desastrada declaração’ o ministro do Planejamento, Nelson Barbosa, anunciou que cerca de dez ministérios serão exterminados, sem que pudesse dizer quais deles por absoluta falta de planejamento. Ao seu lado, e decerto não por acaso, estava Gilberto Kassab, o Ministro das Cidades...

         Nesse quadro, tudo faria parte da tentativa de ensaiar um arremedo de mea-culpa, buscando através de mentiras sinceras (o termo é de Merval Pereira) recuperar a credibilidade perdida.

         Para quem, quando singrava os mares de almirante da alta popularidade,  escarnecia das entrevistas exclusivas, não convence todo esse afã de vir a público, com litania de desculpas e um estranho alheamento da realidade.

         Na verdade, Dilma segue cartilha já batida pelo antecessor. São as ditas ‘mentiras sinceras’, cujo prazo de validade está em geral vencido, e que só são críveis, sem esquecer a Velhinha de Taubaté, para os tolos e os crédulos (na esperança de que ainda existam).

 

( Fonte:  O Globo, Folha de S. Paulo )

 

 

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