Ao ler o ótimo artigo de José Casado em O Globo de 18 de agosto
corrente, recordei-me de pronto das minhas preocupações externadas já no
primeiro ano de Dilma Rousseff quanto ao pesado dispêndio em gastos correntes. Sabia-se que as
despesas registradas pela União correspondiam à contratação de novos
funcionários. Tal inquietação em verdade decorria do peso excessivo em rubrica
que não tinha maior flexibilidade.
Vejo agora
pelo trabalho de Casado, que esse gasto regular no orçamento da União se devia
à determinação do estadista Lula da Silva. Em um tempo em que se busca dar mais
flexibilidade ao dinheiro do Estado, e quando em outros países sob direção
voltada ao interesse público, e não ao empreguismo à conta de um partido,
ocorria em Pindorama exatamente o inverso. Com essa contratação tão maciça,
quanto sustentada de funcionários públicos, o velho dirigente sindical (e
depois sua pupila) só cuidou de inchar a folha de pagamentos do Estado, dentro
do mais deslavado clientelismo.
Enquanto
outros países cuidam de melhor equipar o Estado, Lula e Dilma só pensam
naquilo, i.e., na velha fórmula do empreguismo, em que eles não se diferenciam
das mais reles prefeituras e dos respectivos corruptos prefeitos, que só estão
preocupados em engordar a folha de pagamentos do município, ou do Estado (no
caso dos Governadores), ou deles mesmos – que em isto fazendo passam atestado
não só de imbecilidade administrativa, mas de desperdício do dinheiro público.
Não há de espantar, portanto, que tanto Lula, quanto Dilma só cuidem de contratar
gente por recomendação política, vale dizer a filiação partidária passa na frente
não só do interesse público, mas da capacidade respectiva do funcionário.
Quanto às carreiras de estado, são maltratadas, porque elas atendem realmente
ao interesse nacional e se fundam no mérito. Não é de surpreender por que Dilma
se encarnice tanto contra o Itamaraty. Ele tem demasiada tradição e, pelo menos, fruía do respeito internacional,
por conta da respectiva competência. A resposta dos petistas é de encafuar aí
monoglotas e apadrinhados partidários (além dos comissários que arranja para
gerir as relações com regimes sindico-partidários da mesma linha).
Discordo, contudo, da assertiva do articulista de que esse descarado loteamento
do Estado – e isso durante treze anos! – “tende a ser praticamente invisível
para os contribuintes. Vai ficar encoberto pelos cargos e funções multiplicadas
na última década.”
É triste dizer, mas a verdade é amálgama caprichoso, que passa meses, até
anos, sem que se logre desenhá-la e marcá-la no papel e na mente do Povo
Soberano. De repente, ei-la pairando por toda parte.
Em todas elas, mora a exploração do interesse público para fins
privados. Dentre tantas mágicas que já realizou, surpreenderá muito que o
Estado seja desvirtuado e posto a serviço de um só partido, hoje gordo e
irreconhecível, daquele dos primeiros tempos, doutrinário, intolerante, mas
honesto ?
Em todo esse desperdício do Erário, do dinheiro público, de todos esses
impostos, será que não nos demos conta dos delitos que esse governo pratica, no
atacado e no varejo?
Mas não desesperem, que o PT e sobretudo o seu fundador vai resolver o
problema. Hoje ele paira nos céus, imagem gorducha e inflada pela imaginação
nacional. Como o rei Minos, tudo ele em ouro transforma! Até as suas conferências
rendem fortunas, e como diz a imprensa oficial, tudo é legal e devidamente
declarado ao Erário Público !
( Fontes: O Globo, artigo de José Casado )
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